Esportes

São Bernardo é o melhor da região
até agora. Isso quer dizer pouco

DANIEL LIMA - 10/02/2016

Assisti aos dois jogos do São Bernardo e aos dois do Água Santa na Série A, a um dos três jogos do Santo André e a um dos três jogos do São Caetano na Série B. Conclusão precária, que pode se tornar definitiva ou não nas rodadas subsequentes dos dois campeonatos estaduais: o São Bernardo é o time mais ajustado entre os quatro, o Santo André vem em seguida, o São Caetano é o terceiro e o Água Santa é o último. Tudo isso quer dizer muito pouco. Vale como primeira impressão. Nem sempre a primeira impressão flerta com a realidade final. 


 


Para começo de conversa é muito pouco jogo visto por mim das equipes que disputam a Série B para emitir juízo de valor definitivo ou quase definitivo sobre as possibilidades de Santo André e São Caetano. Seria irresponsabilidade demais. Nem se houvesse assistido aos três jogos de cada equipe poderia garantir qualquer coisa. Afinal, e os demais integrantes do campeonato?


 


Só vi um jogo de cada equipe, ao vivo, porque a TV não transmite. Os dois jogos de São Bernardo e do Água Santa assisti na televisão. E vou assistir aos demais jogos dessas duas equipes na TV. Não vou ao Estádio Primeiro de Maio, onde o São Bernardo é mandante, porque as cabines ficam infestadas de gente que nada tem a ver com futebol, mas com politica. O São Bernardo é o ramal esportivo do PT. Não vou ao Estádio do Inamar porque o presidente do Água Santa trata jornalista como gado. E os jornalistas ficam quietos porque perderam a vergonha.


 


São Bernardo na frente


 


Por enquanto, o São Bernardo é o melhor representante do futebol da região na temporada porque decidiu de vez aquietar-se como time pequeno e a jogar com valentia, determinação e com um esquema tático inteligente e factível. Defende-se com um montão de jogadores e ataca com o que é possível. Tudo bem organizado. Não ganhou do Santos na Vila Belmiro porque excedeu em perder gols. Venceu o Oeste em São Bernardo depois de um primeiro tempo sofrido, quando marcou o gol, mas reagiu no segundo e amarrou o adversário com marcação mais adiantada e escapadas rápidas em contragolpes. Poderia ter feito mais.


 


O Santo André que vi vencer o Monte Azul sábado passado no Estádio Bruno Daniel é um time leve, solto, criativo, infiltrador, como reza a tradição. Mas está abaixo do São Bernardo porque ainda não tem equilíbrio entre construir e destruir jogadas. Mesmo diante de um adversário frágil o Santo André deu liberdade demais aos contragolpes. Poderia ter goleado e teve de escapar do empate nos últimos minutos. Faltou estabilidade tática. Algo que o São Bernardo tem de sobra, ou teve de sobra nos dois primeiros jogos. Mesmo que o sistema ofensivo ainda precise melhorar bastante.


 


O São Caetano entra em terceiro lugar no ranking de rendimento desse início de temporada com base na vitória de 2 a 1 em casa diante do Rio Branco de Americana. É pouco tempo de observação. Outros dois jogos foram disputados fora de casa, mas foi perceptível a gangorra de rendimento em casa. No primeiro tempo, mesmo sem intensidade e capacidade de infiltração, fez do Rio Branco impotente coadjuvante. No segundo, emperrado, indolente, permitiu que o adversário pressionasse e o sufocasse nos minutos finais.


 


Água Santa, o pior


 


Para completar, o Água Santa entra na rabeira provisória das equipes da região porque não tem mobilidade entre os setores, marca mal pelas extremidades do gramado, dá chutões em excesso e confia demais no apoio da torcida. Com a ajuda do árbitro, contra a Ferroviária, quando se assinalou um pênalti jamais cometido, ganhou três pontos preciosos.


 


A goleada ante o São Paulo por 4 a 0 desnudou os sérios problemas coletivos e individuais de um grupo aguerrido que pode fazer a diferença na divisão de acesso, mas na Série A o buraco é mais embaixo. O Água Santa corre muito, mas corre mal. Diferentemente do São Bernardo. Mas mesmo assim, a goleada no Pacaembu foi um placar excessivo. E colheu o Água Santa num segundo tempo em que, com duas modificações no meio de campo, com mais mobilidade e velocidade, ameaçou um São Paulo que está longe de merecer os fartos elogios gerados pela goleada construída nos últimos 20 minutos.


 


Cedo demais


 


É muito cedo para projeções sobre que reserva o futuro às quatro equipes na competição. É muito pouco provável que na próxima temporada estejam onde estão, ou seja, ocupando as mesmas divisões. Desconfio que pelo menos uma vai cair para a Série B e que possivelmente uma subirá para a Série A. Mas também não é improvável que as quatro se encontrem ano que vem entre as 16 participantes da Série B. Tê-los em conjunto na Série A seria a glória recordista da região que já contou com Santo André, São Bernardo e São Caetano no torneio, mas essa versão está mais para sonho sonhado com fanatismo de regionalista empedernido, que não sou.


 


No fundo, torço pelo sucesso do Santo André e do São Caetano. Tenho minhas diferenças com o São Bernardo politico e o Água Santa insondável. Mas quem sou eu para decidir a sorte dessas equipes? Só posso garantir que esqueço todos os poréns ao São Bernardo e ao Água Santa e todo o carinho por Santo André e São Caetano quando a bola rola. Não cantei a bola de que o Santo André seria um sucesso na temporada em que terminou como vice-campeão paulista, embora reprovasse o modelo empresarial do clube porque já se prenunciava insustentável? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, caros leitores. 


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