A análise é precária, porque muita bola ainda vai balançar as redes, mas, como escrevi ainda recentemente, não custa nada especular sobre o desempenho da região na Série A e na Série B do Campeonato Paulista. O ranking regional pode sofrer alterações nas próximas rodadas. Como, aliás, sofreu desde que escrevi há duas semanas.
O Água Santa, que era o último entre os quatro times locais, agora é o melhor. O São Bernardo, que era o primeiro, agora está abaixo do São Caetano, antes em terceiro e agora em segundo. O Santo André é o último. Antes era segundo. Como sou louco por ranking, decidi também apontar as melhores individualidades da região nas duas competições. Matheusinho, jovem meia-atacante do São Caetano, é, disparadamente, o melhor.
Não pretendia revelar hoje o ranking das equipes da região no Campeonato Paulista. Planejava esperar os jogos deste final de semana. Entretanto, como não sou subserviente ao tempo, e a qualquer momento posso voltar a produzir o ranking, eis que aponto o Água Santa na liderança, o São Caetano em seguida, o São Bernardo em terceiro e o Santo André em quarto.
Vou ser bastante breve na análise das equipes. Das quatro que estarão metidas nos jogos deste final de semana, só não observarei o São Caetano em Jundiaí. Vou ver o Santo André no Estádio Bruno Daniel. Tanto o São Bernardo quanto o Água Santa acompanharei no sofá. Vou me esforçar para esticar os olhos além do monitor, imaginando posicionamentos defensivos e ofensivos que as transmissões não captam, mas insinuam.
Um time pragmático
O Água Santa é o melhor time da região porque tem qualidade indispensável a quem quer fazer pontos: joga ofensivamente com objetividade pouco comum. Há relação de tempo e espaço que o time de Diadema segue com rigor. Não valoriza firulas. A impetuosidade ajuda, principalmente nos jogos em casa, a esconder os problemas defensivos, principalmente as deficiências de marcação nas laterais. O Água Santa erra demais na defesa, dá espaços a penetrações em diagonal, mas preocupa os adversários porque é incisivo no ataque. Constrói jogadas com tamanha velocidade que cada jogador parece dotado de motorzinho elétrico nos fundilhos.
Um time conservador
O São Caetano é conservador. Defende-se com mais jogadores do que mobiliza para atacar. Alterna bons e maus momentos porque pensa muito antes de agir. A intensidade do jogo do São Caetano associa-se à imagem de trânsito pesado. O São Caetano massacra o Barretos num primeiro tempo no Anacleto Campanella e, no mesmo jogo, é completamente dominado no tempo final. Ou joga bolinha de gude contra o lanterninha Independente de Limeira e soma três pontos apenas porque conta com a individualidade de Matheusinho. O São Caetano ainda não encontrou o ponto de equilíbrio entre atacar e defender.
Um time sem sincronia
Já o São Bernardo tem complicações em todos os setores. A defesa bate cabeça com dois zagueiros de área que não se entendem e, principalmente, porque os defensores não têm sincronia quando avançam a linha de marcação. Diante do São Bento, em Sorocaba, enquanto o comentaria da TV apontava Morais como o principal jogador do adversário, quem deitou e rolou na defesa do São Bernardo foi o veterano Edno, que, entre os zagueiros ou flutuando às costas dos dois volantes, confundiu todo o sistema de marcação. O voluntarismo dos primeiros jogos do São Bernardo, com certo grau de arrumação coletiva, cedeu lugar a desajustes coletivos que devem ter ligado o alarme de preocupação com o rebaixamento. Cañete é um meia de armação preguiçoso demais e sem fôlego para dar sustentação durante os 90 minutos e seu substituto Jean Carlos, mais incisivo, tanto pode arrebentar como o fez diante do Botafogo, em Ribeirão Preto, ao jogar livre e solto, como desaparecer do mapa, como contra o São Bernardo, ao ser rigidamente marcado.
Um time de fantasias
O Santo André caiu de produção porque enfeitou o pavão após os primeiros resultados e passou a acreditar que a leveza de jogar prescinde de combatividade e determinação de cuidar da defesa. Não se alcançam resultados importantes na Série B sem empenho físico, que deve se harmonizar com talento técnico. A transposição com habilidade do meio de campo ao ataque é uma marca do Santo André, mas a fragilidade do sistema de marcação pode por tudo a perder.
Matheusinho soberano
Quanto ao ranking das individualidades das equipes da região na Série A e na Série B do Paulista, ninguém chega próximo a Matheusinho. Afinal, quem tem um meia-atacante com passe de armador, fome de gol de centroavante e inteligência espacial dos bem-aventurados da bola? Vou escrever mais sobre Matheusinho na semana que vem. Na toada dos últimos jogos, quando virou titular, não tem para ninguém entre outras razões porque o talento de Matheusinho é exorbitante.
Marino tem sido o melhor do São Bernardo porque é um guerreiro a serviço da equipe, mas sempre rende mais pela extremidade direita, fechando à marcação. No Santo André, o segundo volante Dudu precisa de mais liberdade para virar espécie de Elias. E no Água Santa, o centroavante Everaldo fez fama no último jogo, contra o Capivariano, mas o equilíbrio tático da equipe depende do meia Sérgio Manuel, combativo e atrevido quando vai ao ataque. De seus pés saem os melhores passes e a sabedoria do momento certo para prender a bola ou soltá-la imediatamente. Parece equação simples, mas não é.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André