Esportes

Novo formato da Série B reduz
aproveitamento dos melhores

DANIEL LIMA - 09/03/2016

O que tracei como perspectiva provisoriamente especulativa ganha contornos de projeção fundamentada: o novo regulamento do Campeonato Paulista da Série B, com disputa de mata-mata entre os oito primeiros colocados e o rebaixamento dos seis últimos, está reduzindo o índice de aproveitamento dos ponteiros e elevando o índice dos últimos, mas sem provocar melhoria de rendimento médio das seis equipes que trafegam entre os primeiros e os segundos blocos. 

Uma comparação entre as 11 primeiras rodadas da Série B do ano passado e da Série B deste ano deixa evidenciado que há remelexo numérico. No ano passado o campeonato que dá acesso à Série A do ano seguinte não estipulava a disputa de mata-mata entre os primeiros oito colocados como o deste ano. Os quatro primeiros ao final das 19 rodadas, que serão repetidas este ano, estariam automaticamente classificados à Série A. Foi assim que subiram Ferroviária de Araraquara, Novorizontino, Oeste de Itápolis e Água Santa de Diadema. O São Caetano teve a mesma pontuação do Água Santa, mas perdeu no primeiro critério de desempate – o total de vitórias.

Queda entre primeiros

Ao final das 11 primeiras rodadas do ano passado os oito primeiros colocados (que não tinham perspectiva de mata-mata, é sempre bom lembrar) somavam 173 pontos, com média de aproveitamento de 65,52%. Neste ano, os oito primeiros (com perspectiva de mata-mata, é sempre bom lembrar) somam 158 pontos, médio de 59,47% de índice de aproveitamento. A diferença quando se compara os pontos conquistados é de 9,49%.

As equipes que ocupam posições intermediárias nesta temporada – do nono ao 14º lugar – somam até agora praticamente o mesmo número de pontos das equipes que estavam nesse bloco no ano passado. Em 2015 as seis equipes amealharam até a 11ª rodada o total de 88 pontos, contra 86 pontos desta temporada.

Já entre as seis últimas colocadas, de equipes que serão rebaixadas à Série C do ano que vem, a soma dos pontos deste ano, 56, está acima da soma dos pontos do ano passado, 49. Isso significa diferença percentual de 12,5%. Traduzindo: a briga pelas oito primeiras colocações provoca estragos entre os ocupantes, porque se está tornando mais problemática, enquanto a corrida para fugir do rebaixamento leva as equipes a somarem mais pontos.

Há outro ponto que deixa claro que o novo regulamento mudou a postura das equipes e tornou mais complicado somar três pontos por partida: no ano passado, de subida direta dos quatro primeiros e rebaixamento dos dois últimos, as 11 primeiras rodadas apontavam o total de 20 empates e 288 gols, média de 2,62 por jogo. Neste ano, com mata-mata e queda de seis equipes,  as 11 primeiras rodadas registraram 32 empates (37,5% a mais que no ano anterior) e a marcação de 282 gols (média de 2,56 gols por partida).

Mais semelhanças

O resumo da ópera, agora não de forma especulativa como as primeiras projeções que fizemos: apesar dos desequilíbrios naturais numa competição com 20 equipes, há mais semelhança de forças nesta temporada do que na temporada anterior.

Ao final da 11ª rodada, o oitavo colocado (que estaria no mata-mata) apresenta índice de aproveitamento de 48,5% pontos, ante 57,6% do ano passado. Ou seja: na temporada anterior o oitavo colocado somava mais pontos (19 em 33 disputados) do que o oitavo colocado deste ano (16 pontos em 33 disputados). Nada mais natural. A diferença entre disputar diretamente quatro vagas à Série A e de concorrer a oito vagas ao mata-mata da Série B altera com as perspectivas das equipes.

As nove rodadas que restam para o final da fase classificatória deverão confirmar essas tendências. É provável que os treinadores refaçam cálculos. Pode parecer insignificante aos leigos, mas a mudança do patamar para chegar ao mata-mata, inicialmente previsto para 32 pontos seguindo os cálculos dos resultados finais do ano passado, pode refazer estratégias previamente preparadas para alcançar a classificação. Ao final de 11 rodadas sinaliza-se que seriam necessários 28 pontos para garantir o oitavo lugar no mata-mata.  Mas essa é uma margem de segurança escassa, suscetível a alterações nas rodadas finais. Mas é praticamente certo, pelos números atuais e do passado, que muito dificilmente se exijam os 32 pontos inicialmente traçados. Nada que um regulamento elasticamente mais incentivador ao mata-mata e também à degola não possa promover.



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