O clássico deste sábado à tarde entre São Caetano e Santo André no Estádio Anacleto Campanella pela Série B do Campeonato Paulista é um convite à emoção e à dramaticidade. A rodada do meio de semana retirou o Santo André do G-8, o grupo de oito equipes que vão disputar a fase de mata-mata, e consolidou a situação do São Caetano entre os melhores. Resultado dessa distinção? O Santo André está emparedado pela necessidade de vencer e o São Caetano motivadíssimo pela possibilidade de assumir a liderança, já que está dois pontos abaixo do Bragantino, que joga fora com o desesperado Marília.
Não fosse o fato de ser um clássico, e clássico é clássico e vice-versa, não teria dúvida em apontar o São Caetano como favorito. Aliás, o faço, com a condicionalidade da sagração de clássico, que justifica qualquer resultado diferente do previsto.
O time de Luiz Carlos Martins é melhor individual e coletivamente que o time do recém-chegado Toninho Cecílio. Os números não deixam dúvidas: o São Caetano acumula índice de aproveitamento de 64,3% dos pontos disputados, contra 52,4% do Santo André. Além disso, o Azulão marcou 18 gols e sofreu oito, enquanto o Santo André anotou um pouco mais, 22, mas sofreu praticamente o dobro, 15.
Números não mentem
Os números não mentem jamais, dizem os especialistas, mas podem ser manipulados. Atribuir favoritismo ao São Caetano apenas por conta do que exalam os números não seria uma decisão mais inteligente. O São Caetano é favorito também porque é melhor mesmo em campo. Mesmo que não seja tudo isso que eventualmente se dirija em elogios a uma equipe que está a apenas dois pontos da liderança.
O Santo André pode estar pagando o preço de ter desperdiçado em casa pontos preciosos contra equipes que estão na parte inferior da tabela de classificação ou viveram complicações administrativas graves. Derrotas para Marília e União Barbarense, que interrompeu uma greve em cima da hora, não deveriam jamais constar do portfólio de uma equipe em competição tão equilibrado. Tanto que nada menos que 11 equipes jogam pelas oito vagas ao faltarem apenas cinco rodadas. Uma reta de chegada que reserva jogos problemáticos para o Santo André.
A vitória de dois a zero ontem à noite contra o Atlético, em Sorocaba, manteve o São Caetano na boca da liderança, enquanto o empate de um a um do Santo André com a Portuguesa, na Capital, embolou ainda mais a disputa por uma das oito vagas. A expectativa de que o Santo André pudesse enfrentar o São Caetano também como integrante do G-8 foi frustrada e adiciona mais dramaticidade à equipe num clássico em que costuma se dar bem quando joga no Anacleto Campanella. Um clássico também muito equilibrado na numeralha histórica. São Caetano e Santo André parecem concebidos para clássicos parelhos. Nos 28 jogos já disputados, o São Caetano venceu nove vezes, o Santo André sete e houve 12 empates.
Time mais maduro
O caminho das pedras para o São Caetano vencer o Santo André é mais amplo. A manutenção do elenco quase sem modificação nominal desde a temporada passada e com a mesma filosofia de jogo de um treinador que não abre mão de cuidados defensivos torna o São Caetano mais robusto que o adversário.
O visitante deste sábado reformulou completamente a equipe depois da temporada do ano passado, quando ficou sem calendário no segundo semestre. A montagem do elenco deste ano deixou de contemplar uma peça-chave à segurança tática da equipe -- um meio-campista com arte e competitividade para aproximar defesa e ataque.
O técnico Toninho Cecílio minimizou o estrago com a escalação de três volantes. Deu mais segurança defensiva e melhorou o ataque com o avanço de Branquinho. Mas as medidas não parecem suficientes para encantar.
O melhor mesmo do clássico Sansão da região é que por mais certezas que se tenha sobre a supremacia circunstancial do São Caetano nesta temporada – ao contrário de 2014, quando o Santo André foi ao Anacleto Campanella, venceu o adversário por três a um e quase voltou à Série A – há um invólucro histórico de equilíbrio que sugere a possibilidade de que tudo pode acontecer. Afinal, que graça teria se clássico não fosse exatamente isso, a confluência conflituosa do favoritismo com a tradição?
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André