Esportes

Quem está ameaçado de perder
posição na Seleção da região?

DANIEL LIMA - 12/04/2016

Ainda faltam vários jogos às equipes da região na Série A e na Série B do Campeonato Paulista. O São Bernardo vai enfrentar o Palmeiras pelas quartas de final da Série A em jogo único e pode se classificar para a semifinal. O clássico entre São Caetano e Santo André neste sábado definirá quem vai passar para a semifinal da Série B. Então, diante disso, como ressalvei desde a matéria inicial de formação da Seleção da região, é possível sim que os titulares atuais estejam ameaçados. Quantos seriam eles? O goleiro Renan Rocha e o centroavante Jô, do São Caetano, estão com a escalação sob-risco. Estaria o técnico Sérgio Soares também ameaçado?

Vou começar respondendo sobre as possibilidade de Sérgio Soares perder o posto para Toninho Cecílio, do Santo André, já que não existe perspectiva de vir a ser destronado por Luiz Carlos Martins, mesmo que o São Caetano chegue à Série A. Pesa contra Martins a obviedade de rendimento da equipe. O São Caetano é um coração saudável que não inspira confiança à prática de esportes de alto rendimento permanente.

É muito improvável que troque Sérgio Soares por uma das duas alternativas que se apresentam. O que o treinador fez no São Bernardo é espetacular. Ele esculpiu um novo time, retirando-o da zona de rebaixamento, levando-o às quartas de final. Ganhar do Palmeiras em nada interferirá na avaliação do trabalho de Sérgio Soares. Tampouco se perder. Só um Brasil versus Alemanha o colocaria em situação desconfortável. Nada que esteja no horizonte dos sensatos. É mais provável que o Palmeiras vença, mas terá enormes dificuldades. Será surpreendido por um time bem distribuído em campo, com alta mobilidade, corajoso e organizado defensivamente.

Criatividade versus guerrilha

Não me surpreenderia se Sérgio Soares escalar contra o Palmeiras o mesmo time que venceu com folga o Água Santa em Diadema. Inclusive com Marino como primeiro volante, substituindo o tosco Daniel Pereira, até outro dia titular inabalável juntamente com Daniel Amora, também um destruidor e agora relegado ao banco de reservas. A engrenagem do São Bernardo funciona com jogadores versáteis e técnicos. O 4-1-4-4 retirado de Tite é explícito. É claro que sem a mesma sincronia e eficiência. Mas com surpreendente evolução.

Nem se levar o Santo André ao até outro dia improvável mas hoje possível acesso Toninho Cecílio tiraria o posto de Sérgio Soares. Há entre os dois profissionais um abismo conceitual. Sérgio Soares cultiva a arte, o espetáculo, do evolucionismo tático e técnico. Toninho Cecílio é um guerrilheiro.

O Santo André é um time de guerreiros, faz da emoção pauta obrigatória para desequilibrar o adversário. Mantém um bloco defensivo forte, pegador. Contragolpeia seletivamente, de acordo com as fissuras no sistema defensivo do adversário.

Não tenho dúvidas de que Sérgio Soares levaria para o Santo André então à beira da desclassificação todas as ideias de criatividade e leveza. Também não tenho dúvidas de que Toninho Cecílio daria um choque de competitividade ao então São Bernardo como base prioritária no poder de destruição das forças adversárias. Esses dois cenários valeriam caso fossem contratados para endereços inversos. Sérgio Soares já levou o Santo André ao título de vice-campeão paulista diante de um Santos exuberante de Neymar e Ganso. Toninho Cecílio coleciona resultados de curto prazo típicos de quem segue a linhagem do ex-goleiro Leão. O maratonismo criativo de Sergio Soares se antepõe aos 100 metros rasos demolidores de Toninho Cecílio. Sergio Soares constrói pontes próprias. Toninho Cecílio detona pontes dos adversários.

Os dois ameaçados

Já as ameaças que pesam sobre o goleiro Renan Rocha e o centroavante Jô são mais suscetíveis a mudança na escalação da Seleção da região. Renan Rocha não pode ser responsabilizado pela derrota para o Santo André, mas deu a impressão de que, mais bem colocado, poderia ter evitado que a cobrança de falta de Branquinho balançasse a rede, porque a bola não alcançou o ângulo inatingível a qualquer goleiro; e também sugeriu que, mais atento, não teria sido surpreendido pelo chute lotérico, mas distante demais, do atacante Garré. Daniel, goleiro do São Bernardo que o ameaça, foi barrado indevidamente na chegada de Sérgio Soares e mostrou segurança e liderança ao reassumir a titularidade.

Já o centroavante Jô precisa não só voltar ao ataque do São Caetano contra o Santo André como levar a equipe à semifinal, sob pena de ser ultrapassado por Henan, concorrente do São Bernardo, que eleva a mágica de desmanchar defesas na exata proporção em que o time de Sérgio Soares faz de cada espaço do campo uma obra de ofensividade.



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