Esportes

São Bernardo é o melhor time
da região. Disparadamente.

DANIEL LIMA - 19/04/2016

Não só da região. A equipe está entre os melhores da Série A do Campeonato Paulista, do qual foi despachada ontem após a derrota de dois a zero para o Palmeiras. Entre os times pequenos e médios que disputaram a Série A, poucos foram superiores ao São Bernardo. E só o foram porque tiveram mais tempo de preparação. Os méritos devem ser direcionados aos dirigentes que acertaram na mosca ao contratar o técnico Sérgio Soares para tirar o time do rebaixamento. Nada melhor que um campeonato atrás do outro para o amadurecimento diretivo, também.

Trata-se do mesmo Sérgio Soares que levou o Santo André ao título de vice-campeão paulista contra o Santos, em 2010.  Agora contratado pelo Ceará, Sérgio Soares não só retirou o São Bernardo da zona de queda como o transferiu às quartas de final.

A mídia paulistana, que costuma desprezar equipes pequenas e médias, atribuindo a erros individuais e coletivos dos times grandes o que em muitos casos são virtudes dos adversários, foi surpreendida com a arrumação tática do São Bernardo. Contasse com Cañete em noite menos discreta, o São Bernardo poderia alcançar resultado melhor.

O técnico Cuca disse ao final do jogo de ontem que o São Bernardo é melhor que o River Plate do Uruguai, equipe que o Palmeiras venceu com facilidade na semana passada pela Libertadores da América. O que se pretendeu um elogio virou involuntária ofensa. O São Bernardo é muito melhor que os uruguaios.

Sempre no ataque

Tão melhor que o Palmeiras sofreu um bocado para vencer o jogo de ontem. Tanto que o segundo gol só saiu ao final, num contra-ataque de um time que perdeu a iniciativa do jogo para o adversário mais modesto durante quase todo o segundo tempo. E só perdeu a iniciativa porque o técnico Sérgio Soares mais uma vez não se acovardou: fez mudanças que potencializaram ainda mais o poder de fogo ofensivo da equipe.

Contasse com uma ou outra individualidade em noite mais inspirada, o São Bernardo teria atrapalhado e muito a vida dos palmeirenses. Tanto que antes do primeiro gol, após bola parada, o São Bernardo teve três oportunidades de ouro para abrir o placar. Contra as equipes grandes não se deve repetir erros de imprecisão.

Quando se deram as largadas das duas versões do Campeonato Paulista, iniciei observações para definir o ranking das equipes da região. Foram várias parciais de análises. Prometi que só encerraria as avaliações ao final das participações das equipes da região. Mudei de ideia. O Santo André ainda pode jogar quatro vezes na Série B, mas não existe a mínima possibilidade de a equipe sair da segunda colocação, tomada do São Caetano, mesmo que vença a competição. O São Bernardo é infinitamente melhor que qualquer um dos adversários locais. Está quilômetros de vantagem à frente. Ganha disparadamente no ranking.

Grandes transformações

O São Bernardo é proporcionalmente muito mais o melhor time da região nesta temporada do que o Água Santa é o pior. E tudo se deve ao principal técnico da temporada na região. Sérgio Soares é um exemplo a ser seguido pela maioria dos treinadores brasileiros. Volante nos tempos de gramados, Sérgio Soares contraria a premissa simplista de que ex-jogadores carregam como treinadores os vícios e as virtudes de origem tática. Seus times jogam ofensivamente.

Já escrevi neste espaço mas não custa repetir: Sérgio Soares apanhou um time medíocre e o transformou em time brilhante. Arrumou as peças com rara acuidade. Deixar de ver o São Bernardo entrar em campo no restante do ano com Sérgio Soares no banco de reservas é uma enorme perda.

Mudança no gol

O que os eventuais quatro jogos que restam ao Santo André podem mudar no ranking regional está restrito à Seleção da região, predominantemente formada por jogadores do São Bernardo. Com apenas um jogador no grupo – o meia-atacante Branquinho – o Santo André pode contar também com a escalação do goleiro Zé Carlos, em substituição a Renan Rocha, do São Caetano. Tudo vai depender do desempenho nos jogos que restam.

Zé Carlos fez poucas mas providenciais intervenções nos clássicos com o São Caetano. Se não confirmar ascensão, estou com intenção de mexer na posição mesmo assim: Daniel, do São Bernardo, tomaria o posto de Renan Rocha. Os dois gols sofridos contra o Santo André no Estádio Bruno Daniel eram defensáveis. Não foram erros clamorosos, mas goleiro de seleção, mesmo que de seleção regional, não pode dar sopa num jogo decisivo. No primeiro gol, de falta de Branquinho, estava mal posicionado. No segundo, de chute de longa distância de Garré, estava desatento.



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