Esportes

Seleção da região definida com
Zé Carlos (Santo André) no gol

DANIEL LIMA - 03/05/2016

Prometi em 12 de abril que aguardaria os jogos das etapas decisivas da Série A e da Série B do Campeonato Paulista para anunciar a definitiva Seleção da região desta temporada. Alertei que havia a possibilidade de até três mudanças: do goleiro Renan Rocha, do centroavante Jô, ambos do São Caetano, e do técnico Sérgio Soares, do São Bernardo. O resultado final após os jogos e mesmo antes da decisão da Série B entre Santo André e Mirassol, neste sábado, é que houve apenas uma alteração: o goleiro Zé Carlos, do Santo André, tomou o posto de Renan Rocha do São Caetano.

Então, a Seleção da região fica assim escalada por este jornalista, que assistiu à maioria dos jogos das equipes: Zé Carlos (Santo André); Eduardo (São Bernardo), Sandoval (São Caetano), Luciano Castãn (São Bernardo) e Magal (São Bernardo); Marino (São Bernardo); Neto (São Caetano), Cañete (São Bernardo) Jean Carlos (São Bernardo) e Branquinho (Santo André); Jô (São Caetano).

Repararam que minha Seleção joga pra frente? Está escalada no 4-1-4-1, como a maioria dos melhores times do planeta. Marinho, que é o “1” do meio de campo, atrás de Neto, Cañete, Jean Carlos e Branquinho, acaba de ser contratado pelo Ceará a pedido do técnico Sérgio Soares, também levado pelo clube do Nordeste. Marino faz todas as funções do meio de campo, de primeiro volante, de segundo volante e de terceiro volante. Mas é jogando de frente para o campo adversário, saindo de trás, que se torna mais útil. Não tem técnica refinada, mas compensa com senso de colocação, agilidade, velocidade e uma vocação a invadir o campo adversário, aliando oportunismo e finalizações. O São Bernardo mudou da água para o vinho quando Sérgio Soares se convenceu de que Marino no lugar de Daniel Pereira tinha o mesmo significado tático que dirigir um Fusca e uma Ferrari.

Zé Carlos decisivo

Optei pela troca do goleiro porque pesaram muito as atuações de Zé Carlos na fase de mata-mata da Série B. Fez defesas importantes nos dois jogos com o São Caetano e também diante do Barretos. Principalmente sábado passado. Ele apareceu três vezes, pelo menos, para impedir que o adversário abrisse o placar e quem sabe a porteira classificatória.

Zé Carlos fez um depoimento emocionante ao final do jogo em Barretos. Disse que passou seis meses desempregado. Foi trazido pelo administrador técnico do Santo André, Carlito Arini, um profissional que enxerga qualidades em jogadores pouco conhecidos. Era reserva num time de Minas Gerais. O futebol guarda surpresas extraordinárias. Zé Carlos toma o lugar de Renan Rocha porque o goleiro do São Caetano poderia ter feito mais que tentado evitar que a bola entrasse nos dois gols do Santo André no Estádio Bruno Daniel. E também porque Renan Rocha, embora tenha melhorado a cada atuação no São Caetano, fora escalado à Seleção mais por falta de concorrência. Zé Carlos chegou durante a competição ao Santo André e no São Bernardo Daniel recuperou a titularidade após um início vacilante. 

O centroavante Jô é o titular da Seleção da região porque os jogos das etapas decisivas não deram a garantia de que devesse ser substituído. É verdade que, contundido, atuou abaixo das condições normais contra o Santo André no Estádio Anacleto Campanella (ficou de fora no Bruno Daniel), mas pelo conjunto da obra na competição, merece a camisa nove. Henan, do São Bernardo, cresceu durante a sequência dos jogos com a contratação de Sérgio Soares, mas não chegou ao nível médio de regularidade de Jô. O Santo André não teve um centroavante para disputar posição na Seleção. Os contratados foram vítimas de contusão e não renderam o necessário.

Sérgio Soares, o melhor mesmo

A manutenção de Sérgio Soares como treinador da Seleção da região, mesmo numa temporada em que Toninho Cecílio se converteu no grande destaque do Santo André, é resultado de coerência tática. Não poderia escalar uma Seleção ofensiva sem contar com o indutor natural dessa filosofia. Sérgio Soares transformou um pobre time de futebol, sujeito a rebaixamento, em uma das sensações da Série A.

Toninho Cecílio fez milagre parecido no Santo André. Um time caindo aos pedaços virou um bloco defensivo extraordinário. Não tinha outra saída senão tentar salvar a temporada da equipe jogando com humildade. Chegou ao Santo André para evitar o rebaixamento e levou a equipe ao acesso. Utilizou-se das armas de que contava. Não havia recursos humanos para produzir algo semelhante ao que Sérgio Soares realizou no São Bernardo. A ausência de dois meias de articulação (na verdade, o Santo André só tem um jogador com essa característica, o instável Fernando) no elenco quebrou qualquer possibilidade de o Santo André fazer do meio de campo um setor de organização coletiva equilibrada. Restou jogar para surpreender em seletivos contragolpes. Principalmente nas bolas paradas.

Minha Seleção da região nesta temporada é um time que poderia disputar sem susto a Série B do Campeonato Brasileiro. Contaria com os seguintes reservas: Daniel (São Bernardo), Diogo Borges (Santo André), Bruno Recife (São Caetano), Esley (São Caetano), Thiago Ulisses (Santo André), Mateus (São Caetano), Henan (São Bernardo), e Walterson (São Bernardo).

O Água Santa de Diadema não entra com um jogador sequer, como titular ou como reserva, pela simples razão de que, coletivamente, foi um grande fracasso, jogando sem arte e sem inteligência. E quando o coletivo é caótico, as individualidades desparecem ou ficam muito abaixo da potencialidade.



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