Esportes

O que esperar do São Caetano
agora que o mata-mata chegou?

DANIEL LIMA - 17/10/2016

O São Caetano está classificado às quartas de final da Copa Paulista. A competição é importantíssima porque vale uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro do ano que vem. Voltar ao circuito nacional é questão prioritária a qualquer equipe que pretenda sair do ostracismo. O São Caetano venceu o São Paulo por dois a zero sábado no Estádio Anacleto Campanella e garantiu uma das oito vagas. Ficou em terceiro lugar na classificação geral e enfrenta o Bragantino, que ficou em sexto. O primeiro jogo será no Interior.

Para o São Caetano jogar a semifinal da Copa Paulista com nova vantagem de disputar a segunda partida do mata-mata em casa vai precisar passar pelo Bragantino e somar mais pontos que os eventuais semifinalistas Ferroviária de Araraquara e Rio Claro. As duas equipes terminaram as oitavas de final em primeiro e em segundo lugar. Se nas quartas de final o São Caetano ganhar tantos pontos quanto os dois concorrentes, terá de enfrentar o Rio Claro em casa e, depois, fará o jogo de volta no Interior. Tudo isso porque a contagem de pontos continua. Mais que a contagem de pontos, o que continua é o índice de aproveitamento. 

A explicação entre o que separa pontos ganhos e índice de aproveitamento é que na primeira fase da Copa Paulista houve dois grupos de sete equipes e dois grupos de seis equipes em busca das quatro primeiras vagas. Como umas equipes disputaram mais jogos que outras (o São Caetano jogou menos vezes que Ferroviária e Rio Claro) o regulamento da Federação Paulista de Futebol decidiu que o resultado da divisão de pontos conquistados por pontos disputados definiria a colocação para os enfrentamentos nas etapas de mata-matas. 

Diferença escassa 

O São Caetano terminou as duas primeiras etapas com 36 pontos em 42 disputados. O índice de aproveitamento de 75,00% ficou um pouco abaixo dos 75,92% do Rio Claro, que somou 41 pontos em 54 disputados e encerrou a fase como segundo colocado. Por isso vai enfrentar o sétimo na classificação geral, o vizinho São Carlos. A melhor campanha é da Ferroviária, que somou 43 pontos em 54 disputados, média de 79,62%. Teoricamente a Ferroviária vai enfrentar o mais frágil entre os classificados, no caso o Nacional da Capital. No outro jogo das quartas de final o XV de Piracicaba, quarto colocado com 66,66% de aproveitamento, jogará duas vezes com o Votuporanguense, quinto colocado. 

A pergunta que mais martela a cabeça do torcedor do São Caetano é até que ponto a equipe do técnico Luiz Carlos Martins não refugará novamente. Refugar tem o sentido de fracassar. Nas duas últimas competições em que o São Caetano decidiu vaga em sistema de mata-mata, acabou se dando mal.

No ano passado perdeu a oportunidade de subir à Série C do Campeonato Brasileiro, após fazer a melhor campanha entre os 40 classificados. Enfrentou nas quartas de final o Botafogo de Ribeirão Preto. Perdeu de virada de dois a um no interior e não saiu do empate de zero a zero no Anacleto Campanella. Neste ano, na Série B do Campeonato Paulista, o São Caetano fez a melhor campanha na fase classificatória, mas caiu diante do Santo André (derrota de dois a um no Estádio Bruno Daniel e empate de zero a zero no Anacleto Campanella) logo nas oitavas de final. 

Além desses dois tropeços que precisam ser exorcizados para valer agora na Copa Paulista, o São Caetano do técnico Luiz Carlos Martins contabiliza a queda de produção na reta de chegada da Série B do Campeonato Paulista de 2014. Quanto mais a competição chegava às últimas rodadas, mais o São Caetano registrava resultados decepcionantes. O campeonato foi disputado em turno único, com o acesso dos quatro primeiros colocados. O São Caetano ficou atrás do quarto colocado Água Santa de Diadema, depois de liderar a competição em várias rodadas. Na penúltima rodada, contra a Ferroviária de Araraquara, no Anacleto Campanella, a derrota de dois a zero praticamente eliminou as possibilidades de acesso. 

Time mais forte

Embora seja pouco aconselhável estabelecer referências sobre as possibilidades de uma equipe tendo como base o passado de competições nas quais ficou a ver navio, o São Caetano parece mais preparado para chegar ao título da Copa Paulista. Mas mesmo assim não há larga margem de segurança para tanto. 

Houve avanços coletivos, a equipe está mais experiente, ganhou opções a contragolpes mais letais com Pikachu ou o reserva Ermínio, mas ainda sofre com a ausência de um meia-atacante tão habilidoso quanto veloz. Pode parecer pouco, mas é muito importante para que a equipe tenha mais alternativa de ataque além do avanço constante dos laterais. Puxar contragolpes por dentro com mais rapidez é uma boa maneira de desmontar esquemas defensivos mais sólidos. Os dois meias-articuladores do São Caetano, Rafael Toledo e Norton, são mais organizadores que infiltradores. Têm movimentos menos intensos. 

Além dessa dificuldade à ampliação do arsenal ofensivo, o São Caetano sabe que não pode perder o centroavante Jô, constantemente contundido. Com o atacante em campo o São Caetano ganha mais personalidade e contundência. Sem ele é preciso rezar principalmente para que Jorge Mauá, recentemente contratado, transforme agilidade e bom posicionamento em finalizações certeiras. Sem Jô o São Caetano fica debilitado nas bolas aéreas. Com Jorge Mauá a equipe precisa mudar a forma de atuar, com mais aproximação do meio de campo. É aí que a roda pega mais ainda. 

Talvez o que mais provoque calafrios quando se procura diagnosticar as possibilidades do São Caetano de Luiz Carlos Martins numa nova reta de chegada é a desconfiança de que, mais uma vez, o time será exageradamente frio e cauteloso. 

A diferença entre disputar uma fase classificatória e uma fase de mata-mata é a mesma que testar a eficiência de alguém num trânsito de cidade pequena e numa metrópole ensandecida. O São Caetano comportou-se nas últimas competições como o motorista de cidade pequena que, numa Marginal Pinheiro às seis da tarde, fica aparvalhado ante a correria geral. Se o time de Luiz Carlos Martins não se adaptar à efervescência emocional que caracteriza a nova etapa, as dificuldades para chegar à Série D do Brasileiro serão ainda maiores. 



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