Esportes

Melhor mandante enfrenta o
melhor visitante: quem vence?

DANIEL LIMA - 03/11/2016

São Caetano e Ferroviária de Araraquara começam a decidir a semifinal da Copa Paulista às 18 horas deste sábado com transmissão ao vivo pela Fox. É o confronto entre o melhor mandante da competição que garantirá uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro do ano que vem e o melhor visitante, ou o visitante mais indigesto. 

O São Caetano ganhou 92,59% dos pontos disputados no Estádio Anacleto Campanella nas fases anteriores (oito vitórias e um empate), enquanto a Ferroviária, como visitante, somou 70% com seis vitorias dois empates e uma derrota. O que vai dar? 

O São Caetano disputa o primeiro jogo desse novo mata-mata em casa (o outro envolverá XV de Piracicaba e Rio Claro) porque fez a segunda melhor campanha na competição, atrás apenas da Ferroviária. 

O São Caetano ganhou 42 pontos em 54 disputados, o que significa 77,77% de índice de rendimento. A Ferroviária ganhou 47 pontos em 60 disputados, com índice de rendimento de 78,33%. 

As duas equipes foram prejudicadas pelo regulamento que, nas fases anteriores, promoveu confrontos de acordo com a eficiência na competição. Se não houvesse uma pegadinha regulamentar, a Ferroviária enfrentaria a equipe que detém o quarto melhor desempenho entre os semifinalistas – no caso o XV de Piracicaba – e o São Caetano jogaria com o terceiro colocado, o Rio Claro, com a vantagem de fazer a segunda partida em casa. 

Ferroviária ofensiva 

O confronto no Estádio Anacleto Campanella opõe um São Caetano mais experiente e cirúrgico e uma Ferroviária mais jovem e criadora de espaços. As campanhas das duas equipes não deixam dúvida: a Ferroviária marcou 45 gols e sofreu 10 em 20 jogos, enquanto o São Caetano marcou 26 gols e sofreu sete em 18 jogos. Ou seja: o time do Interior é bem mais eficiente no ataque, enquanto o São Caetano é mais estável no sistema defensivo. 

Entretanto, como os números gerais devem ser cuidadosamente analisados, há condicionantes que tornam o jogo praticamente imprevisível, não bastasse o fato de colocar em campo dois semifinalistas. 

A Ferroviária tem melhor ataque na competição, mas a distribuição de gols é menos uniforme que a do São Caetano. O time de Araraquara marcou cinco gols contra três adversários: 5 a 0 contra o Independente em Limeira e contra o Matonense em Araraquara na primeira fase e 5 a 2 contra o Santos na segunda fase (oitavas de final) também em Araraquara. 

Além desses resultados elásticos, a Ferroviária também fez 4 a 0 contra o Batatais na primeira fase em Araraquara.  Ou seja: na primeira etapa da competição, quando as equipes ainda se organizavam, a Ferroviária fez 14 dos 30 gols em três dos 12 jogos. Nem Matonense nem Independente passaram às oitavas de final num grupo que contava com sete equipes. Os quatro primeiros colocados passaram às oitavas de final. 

Dois jogos sem gol 

O São Caetano só registrou uma goleada em toda a competição, contra o Flamengo, em Guarulhos, na primeira fase. Nos 18 jogos disputados até agora na Copa Paulista o São Caetano só não marcou um gol sequer nos dois confrontos com o Água Santa de Diadema, quando empatou de zero a zero em casa e perdeu de 1 a 0 como visitante, e no empate com o São Paulo no Morumbi pela segunda fase. 

Nos 20 jogos que disputou nas três fases já encerradas, a Ferroviária só não marcou um gol sequer contra o Rio Claro como visitante e contra o Comercial em Araraquara. Isso quer dizer que nos outros 18 jogos que disputou como visitante e como mandante a Ferroviária fez pelo menos um gol. 

Como se observa, o jogo dest3 sábado em São Caetano opõe equipes virtuosas na arte de festejar resultados positivos, principalmente em casa. O aproveitamento de 92,59% do São Caetano como mandante é levemente superior aos 86,66% da Ferroviária em situação semelhante. 

Menos gols em casa 

O desafio do técnico Luiz Carlos Martins, do São Caetano, é maior que o de Antônio Picoli, treinador da Ferroviária. Jogando em casa, o São Caetano marcou mais de um gol em sete dos nove jogos que disputou nas três fases anteriores. Apenas contra o Água Santa, no empate de zero a zero, e contra o Nacional, na vitória de 1 a 0, foi econômico. 

Mas mesmo assim o desempenho ofensivo em casa é inferior ao da Ferroviária. O São Caetano marcou 17 gols e sofreu dois jogando no Estádio Anacleto Campanella. Média de 1,88 gol por jogo a favor e 0,22 contra. A Ferroviária marcou 28 gols e sofreu seis como mandante, médias de 2,8 gols a favor e 0,6 contra. 

Os números parecem não deixar dúvida sobre o que pode decidir esse que é um confronto de 180 minutos, típico de Copa do Brasil e de Taça Libertadores da América. O São Caetano precisa de uma vitória em casa com vantagem de dois gols ou mais de diferença para enfrentar um adversário avassalador como mandante. 

Por isso o técnico Luiz Carlos possivelmente pense em escalar uma equipe com dois meias ofensivos, como o fez diante do Bragantino. Jogaram Matheus e Paulinho, revelados na base e que já acumulam experiência. Mas não está descartada a opção por Norton e Rafael Toledo, completando um meio de campo que conta com os marcadores Esley e Ferreira. Norton e Rafael Toledo atuaram na maioria das partidas. 

Com a formação da semana passada o São Caetano ganha mais leveza ofensiva e maior rapidez nos contragolpes, embora nem Mateus e Paulinho tenham empolgado diante de um sistema defensivo monolítico do Bragantino. É verdade que melhoraram de rendimento quando o adversário, em desvantagem no placar, trocou dois jogadores mais defensivos por dois ofensivos. Os espaços aos contra-ataques apareceram para Mateus e Paulinho ganharem força. Mas tanto um quanto outro não verticalizaram as jogadas. 

Obediência tática 

Quem conhece o perfil de Luiz Carlos Martins é capaz de jurar que o São Caetano do primeiro jogo do mata-mata na semifinal contará com Norton e Rafael Toledo. Poucos acreditam que o treinador correrá o risco de entregar de bandeja o contragolpe a um adversário que, entre especialidades táticas, conta com rápidas incursões a partir da defesa. Martins não abriria mão de um time mais racional e taticamente mais prudente.

Quem tem maiores possibilidades de definir o jogo é o centroavante Jô. O atacante está atuando no sacrifício, porque é irreversível a necessidade de passar por cirurgia num dos joelhos. Jô tem sido poupado nos treinamentos e, mais que isso, tem entrado em campo quando há imperiosidade de reforçar o ataque. Há outras opções de camisa nove no grupo, mas Jô consegue combinar boa técnica, visão tática e capacidade de finalizar acima dos demais.



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