Esportes

Plano Empresa abre benefício
a trabalhadores da Volkswagen

DANIEL LIMA - 05/08/1997

O Volkswagen Clube de São Bernardo acaba de lançar plano para quem tem como alvo empresas interessadas em oferecer integral ou parcialmente um benefício a mais aos funcionários. Esse que é um dos maiores clubes sócioesportivos do Grande ABC está colocando ao alcance do empresariado e dos trabalhadores toda infra-estrutura física e de equipamentos construída ao longo de quase 40 anos na Vila do Tanque e também na sede campestre às margens da Represa Billings. O Plano Empresa do VW Clube consiste no pagamento mensal de R$ 40,00 para que famílias de funcionários de qualquer organização passem a desfrutar da condição de associadas. 

A decisão de abrir para valer as portas do Volkswagen Clube é da diretoria comandada pelo engenheiro Lauro Gilmar Teixeira, presidente desde maio último. A abertura à comunidade de forma tão transparente e agressiva significa que o VW Clube não se enclausurou na proposta original de construir um oásis de entretenimento apenas aos funcionários dessa multinacional que tem sua maior planta industrial em São Bernardo. 

Ao longo dos anos, tanto ex-trabalhadores da Volkswagen do Brasil quanto não-funcionários foram agregados ao quadro associativo. A diferença é que agora o VW Clube quer massificar essa participação e aumentar ainda mais o fluxo de frequentadores. No ano passado as catracas da portaria registraram um milhão de associados e visitantes.   

O processo de adensamento associativo está ligado à curva ascendente de inadimplentes do quadro de 17 mil contribuintes. Recuperar boa parte dos inadimplentes, oferecendo-lhes quadro versátil de alternativas de suaves pagamentos, é a outra face da reestruturação do VW, anunciada pelo presidente Lauro Teixeira e pelo vice-administrativo Santo Osmil Palmieri. 

A conjunção de quadro evolutivo de inadimplentes e de novos cenários criados pelo Plano Real, entre os quais o fim dos ganhos no mercado financeiro, levaram Lauro Teixeira e diretoria a tomar medidas preventivas nos dois primeiros meses de gestão. Um cipoal de descuidos administrativos foi atacado de frente. Rastrearam-se os vazamentos de recursos financeiros por conta de vícios arraigados. A lista de providências tomadas surpreendeu os membros do Conselho Deliberativo, que tem José Jorge Mussi como presidente e Airton do Prado como vice, que jamais viram ações administrativas descerem a minúcias. Resultado efetivo: o clube saiu de aparente rota de vermelhidão do caixa, algo que seria inédito em sua história, e já retomou o planar de vôos razoavelmente confortáveis. 

Lauro e Santo Palmieri dizem que há muito o que fazer ainda, mas muito já foi feito para equilibrar as finanças de um clube que há 12 meses contabilizava saldo de caixa de R$ 1,6 milhão. O Plano Empresa é uma das bases para expansão das receitas. Novos custos deverão ser eliminados, mas com vagar. Principalmente quanto à indispensável redução do quadro de 242 funcionários, que eram 254 há dois meses. A folha de pagamentos não deve ultrapassar 60% das receitas brutas. 

A reversão do fluxo de entradas e saídas dependeu até agora de pequenas e providenciais ações. Faziam-se horas extras demais, por exemplo. Em abril o trabalho adicional consumiu R$ 23 mil, resultado de 2.496 horas excedentes. Em junho custou apenas R$ 4,5 mil, resultado de 859 horas a mais. Essa foi uma das consequências da nova engenharia administrativa aplicada, que atingiu também o restaurante, antes deficitário em mais de R$ 6 mil por mês, agora com superávit. 

A diretoria de Lauro Teixeira dedica-se ao VW Clube com o empenho de executivos, não de simples colaboradores. Boa parte dos membros trabalha na Volkswagen e se dedica ao clube após o horário de expediente e em período integral nos finais de semana. 

"Temos de ser um clube apenas para os associados, mas uma empresa para quem o dirige" -- repete Lauro, com a seriedade de quem sabe que a política administrativa implantada quebra paradigmas e a própria cultura interna. "Podemos até ficar um só mandato, mas vamos deixar o clube um modelo empresarial" -- completa Santo Palmieri. 

Por isso mesmo, workshops comuns apenas em empresas preocupadas com a concorrência, passaram a figurar no calendário de estruturação do clube. Reúnem-se periodicamente conselheiros e funcionários. 

Certos de que as empresas terão sensibilidade de compreender que o Volkswagen Clube está lhes oferecendo algo precioso nos dias agitados de hoje, o qual profissionais especializados chamam de qualidade de vida, Lauro e Santo Palmieri só evitam fazer promessas. Eles sabem que os associados estão ansiosos pelo aquecimento do conjunto aquático; eles compreendem os apelos por revestimento de grama sintética do campo de futebol ainda de terra batida, ao contrário do principal, de gramado impecável; e também se entusiasmam com a possibilidade de construir um salão de festas, de modo a não precisar mais adequar o ginásio de esportes para receber convidados. 

Entretanto, não fazem projeções para o curto prazo. Um clube-empresa precisa ter os pés no chão e buscar receitas no mercado. Sem a generosidade do mercado financeiro de antigamente, o Plano Empresa é a melhor alternativa. "Que empresa preocupada com produtividade, bom ambiente e qualidade de vida pode recusar a proposta de pagar parte da contribuição e oferecer aos funcionários um clube como o nosso?"-- indaga o segundo vice-presidente Isaias Nóbrega. 

Um clube, que na verdade são dois. A sede urbana tem 250 mil metros quadrados de área e concentra as principais atividades esportivas, sociais e culturais. Para atender aos mais de 60 mil associados, entre titulares e dependentes, o Volks Clube oferece dois campos de futebol, 10 quadras poliesportivas (cinco das quais em ginásios cobertos), dois campos de futebol de areia, três quadras exclusivas para vôlei de praia, cancha de bocha, salão de jogos, salão se snooker, sala de carteado, quatro quadras de tênis, salão de videogames, academia de ginástica, sala de aeróbica, quadra de dança, conjunto aquático com três piscinas (uma olímpica), sauna, restaurante, academia de artes marciais, oito lanchonetes, churrasqueiras, playground, praças, pistas de atletismo e maior área exclusiva para treinamento e ensino de judô da América Latina, com mais de 250 metros quadrados de área de luta. 

Com todas áreas físicas, as atividades esportivas são uma constante. A cada ano são disputados mais de 30 campeonatos coletivos e individuais. Os cursos esportivos movimentam o clube e vão do ballet infantil ao karatê, passando pela aeróbica, natação e musculação. O Volks tem também equipes que o representam em competições oficiais nas modalidades de judô, vôlei feminino e basquete, em várias categorias. 

As atividades sociais reservam pelo menos um grande acontecimento mensal. Campo de Férias, Carnaval, Festa da Criança, Festa do Sorvete, Jantar de Aniversário, Noite Italiana, Festa Verde, Sabadões Especiais e jantares dançantes já se tornaram tradição. O Departamento Cultural completa a estrutura com a constante organização de manifestações, casos de excursões a teatros e espetáculos, exposições, palestras, encontros infantis, cursos de temas variados, grupo de teatro, grupo de coral, entre outros. 

Já a sede campestre, com 150 mil metros quadrados e às margens da Represa Billings, é, segundo o presidente Lauro Teixeira, o paraíso dos associados que preferem lazer junto à natureza. A pescaria é uma das melhores opções, rivalizando-se com o passeio pelo bosque como atividade que mais interessa aos frequentadores. Além, evidente, das sombras dos quiosques equipados com churrasqueiras. Mas a prática esportiva também tem espaços adequados, como campo de futebol, piscinas, quadras de areia e jogos de salão. As crianças contam com playground. 

É todo esse conforto e organização que o Volkswagen Clube está colocando ao alcance de funcionários das mais diversas empresas. Algo jamais imaginado pelos pioneiros trabalhadores alemães da Volkswagen que, há 39 anos, junto com os primeiros funcionários da montadora, reuniram-se num terreno alugado em Diadema para jogar o brasileiríssimo futebol nas manhãs de domingo. Mais tarde, o terreno alugado deixou de ser o ponto de encontro dos já muitos amigos. Foi trocado por outra área, bem mais ampla, na então zona rural de São Bernardo, e que acabou transformando-se na sede urbana do Volkswagen Clube.



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