Esportes

Duas más notícias para quem
quer região inteira na Série A

DANIEL LIMA - 13/03/2017

Há duas notícias desagradáveis para quem está a torcer por quatro equipes da região na Série A do Campeonato Paulista do ano que vem. A primeira é que o São Caetano parece dar sinais de cansaço e limitações para sustentar um lugar no G-4 da Série B, que dá direito à disputa da fase decisiva. A segunda notícia ruim é que o Santo André parece confirmar a impressão de que vai para a degola. Aliás, já entrou no Z-2, a zona de rebaixamento da Série A que vai apanhar os dois últimos colocados. 

A rodada do final de semana foi tormentosa para o futebol da região, que ganhou apenas quatros dos 12 pontos disputados. Na Série A, o São Bernardo apanhou feio dos reservas do Santos no Estádio Primeiro de Maio por quatro a um. É verdade que acertou as traves em quase lances que poderiam ter sido convertidos em gols mas, até que mudem as regras do futebol, bola na trave e bola fora têm o mesmo sentido nos resultados: não vale nada. 

O Santo André empatou em casa de um a um com o Botafogo de Ribeirão Preto quando, mais uma vez, foi prejudicado pela arbitragem. A penalidade máxima que o Botafogo converteu em empate não existiu. O atacante Francis entrou em diagonal e só tomou a dianteira do lateral Dudu Vieira porque o afastou acintosamente com o braço esquerdo. O jogador do Santo André replicou o gesto na sequência. Ao final do jogo houve reclamações de que Henan marcou um gol legal que desempataria o placar, mas o centroavante do Santo André estava em posição de impedimento. Quando se colocam no mesmo saco de argumentos lances tão distintos, a veracidade de um é contaminada pela choradeira do outro. 

Quase uma goleada 

Na Série B, o São Caetano perdeu em casa de dois a zero do cada vez mais forte Juventus (que vencera anteriormente o Bragantino em plena Bragança Paulista) e deve agradecer aos céus porque poderia ter sido goleado. Já o Água Santa de Diadema venceu em casa o Penapolense por três a um e saltou à liderança da competição. 

O time de Jorginho Cantinflas não me engana: é forte, coeso, inventivo e deve chegar entre os quatro. Já estou desconfiado de que seria arriscado dizer o mesmo do São Caetano, até outro dia considerado aqui entre os finalistas. A equipe dá sinais de estabilidade quando a reta de chegada se aproxima e exige novos impulsos. A previsibilidade do São Caetano é um convite à arrumação defensiva dos adversários.

O erro do São Bernardo diante do Santos foi achar que dar espetáculo é mais importante que ganhar pontos. A equipe de Sérgio Vieira permitiu todas as liberdades possíveis aos visitantes que dominaram nas arquibancadas. Especialmente ao atacante Bruno Henrique que, livre pela esquerda e caindo em diagonal, fez três gols. 

A escalação do volante Vinícius Kiss na lateral-direita está na raiz do tropeço, embora o conjunto do São Bernardo tenha sido uma festa aos santistas. Kiss foi deslocado mais uma vez à lateral para aproveitar a velocidade com que arranca ao campo ofensivo. Entretanto, sem noção de posicionamento e marcação, é um latifúndio aos adversários. Não há time que resista a um lateral que não sabe executar as especificidades da função. Os zagueiros de área ficam perdidos em meio a atacantes adversários habilidosos e intrometidos como os santistas. 

Erro semelhante

Na tarde anterior, no Estádio Bruno Daniel, o Santo André cometeu o mesmo erro ao deslocar o volante Dudu Vieira à lateral-direita. Dudu Vieira é impetuoso, veloz, mas se dá melhor jogando com liberdade como espécie de segundo ou terceiro volante, pelo meio. Ele sempre surpreende quando ingressa intermediária adentro. De lateral, Dudu Vieira repete os erros de Vinícius Kiss no São Bernardo. Foi pela esquerda que o Botafogo de Ribeirão Preto criou as melhores oportunidades ao dominar o jogo no primeiro tempo e de ver o Santo André reagir no segundo sem, entretanto, a eficiência necessária. 

Já os erros do São Caetano diante de um Juventus competitivo no Estádio Anacleto Campanella foram mais amplos e abrangentes. Foi a pior partida da equipe diante de seus torcedores. Faltou tudo. De marcação defensiva a intensidade. Sobraram bolas longas, chutões. Escassearam aproximações e triangulações. E o técnico Luiz Carlos Martins, na ânsia de virar o placar no segundo tempo, substitui os dois volantes e deixou a defesa ainda mais exposta. O Juventus fez do contragolpe a principal jogada e só não marcou mais gols porque errou nas finalizações. 

Pés no chão 

Com nove pontos e a quatro rodadas do encerramento da fase de classificação, o São Bernardo dificilmente entrará na zona de rebaixamento hoje ocupada por Ferroviária com cinco pontos e Santo André com sete (São Bento e Audax também têm sete cada). O time de Sérgio Vieira só precisa ajustar-se à realidade. 

É verdade que o grupo de equipes em que está inserido permite sonhar com a classificação à próxima fase, mas o recomendável nestas alturas do campeonato é que trate de se afastar da queda. E há bons jogadores e qualidade coletiva para tanto. As bolas nas traves do Santos não ajudaram a construir um resultado diferente, é verdade, mas sinalizaram que o São Bernardo tem potencial ofensivo para não amargar derrotas comprometedoras no restante da competição.

Já a situação do Santo André é bem diferente, não só porque entrou na zona da degola. O time melhorou com o técnico Sérgio Soares porque passou a ter mais posse de bola, mais triangulações, mas apetite ofensivo, mas ainda está aquém do necessário. Falta fluência e confiança. Os jogos que restam à equipe são terríveis, a começar pelo próximo, contra o Mirassol no Interior. Se não vencer dois jogos aparentemente perdidos, contra o Mirassol e o Santos, deverá lastimar a queda. 

O São Caetano precisa recuperar a tranquilidade de jogar com mais paciência e mais verticalidade. A pressa demonstrada contra o Juventus já fora observada em outros jogos. A equipe se excede num burocratismo ofensivo de bolas longas, de lançamentos em diagonal em exagero, e principalmente na ausência de troca de passes produtivos. A melhor partida que a equipe disputou fora de casa até agora (pelo menos vista por mim), na derrota diante do Rio Claro, precisa ser repetida, com placar favorável, no próximo jogo contra o XV, em Piracicaba. 

O São Caetano precisa vencer rapidamente para impedir que o ambiente interno seja abalado. Quem liderou a competição por várias rodadas paga o preço de ser cobrado mais intensamente quando cai na tabela. O terceiro lugar para quem já foi primeiro é um transtorno que já se manifestou em forma de gritos contra o treinador após o jogo de domingo. 



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