A última rodada da Série A do Campeonato Paulista, programada para esta quarta-feira com todos os jogos no mesmo horário (21h45), pode rebaixar os dois representantes do futebol da região. O sonho de contar com quatro equipes na Série A do ano que vem pode virar pesadelo também porque corremos riscos na Série B, depois dos maus resultados na rodada. Nestas alturas do campeonato já é possível sugerir quatro representantes na mesma competição no ano que vem, mas na Série B.
O futebol da região teve sexta, sábado e domingo desastrosos: ganhou apenas um dos 12 pontos disputados (empate do sofrível São Caetano em casa diante do Oeste de Barueri por um a um). O Água Santa perdeu em Diadema de dois a um para o Guarani de Campinas, também pela Série B. Pela Série A, o Santo André foi bem diante do Santos no Estádio Bruno Daniel, mas perdeu de um a zero. O São Bernardo jogou péssimo primeiro tempo em Lins e foi derrotado também de um a zero num segundo tempo em que foi melhor que o Linense. Com isso, entrou na zona de rebaixamento da Série A, juntamente com o Audax de Osasco. Outras quatro equipes estão ameaçadas de queda, inclusive o Santo André, apenas um ponto a mais que o São Bernardo e dois que o Audax.
Santo André joga bem
Pela Série A, o Santo André poderia ter obtido resultado mais palatável diante do Santos, mas prevaleceu o que se convencionou chamar de time grande. O gol no final fez jus ao controle do jogo pelo Santos, mas quem esperava pressão contínua se enganou: o time da Vila Belmiro foi melhor porque tem jogadores mais qualificados e mais infraestrutura, mas não chegou a pressionar intensamente o Santo André a ponto de o gol tornar-se previsível.
O que o técnico Sérgio Soares poderá levar nesta quarta-feira à decisão com o Audax, em Osasco, é a certeza de que os jogadores assimilaram parte do conceito que o transformou num comandante que foge do trivial. O Santo André já tem personalidade tática, já trabalha melhor a bola, já se defende melhor. Chegasse antes, Sérgio Soares teria livrado a equipe da situação dramática em que se encontra.
Espelho é antídoto
A posse de bola mesmo que pouco verticalizada poderá ser a salvação da lavoura do Santo André diante do Audax, um time que, mesmo esfacelado após chegar ao titulo de vice-campeão da temporada passada, conserva características impostas pelo técnico Fernando Diniz. Não há melhor antídoto contra o Audax de muita troca de passes e paciência para preparar botes ofensivos do que um espelho tático.
Com compactação e rápidos contragolpes o Santo André poderá voltar de Osasco livre da Série B. Principalmente se a melhor opção ofensiva da equipe – os cruzamentos em diagonal para a penetração no vazio do centroavante Henan – não ficar restrita às tentativas, como no jogo com o Santos sempre atento na defesa. Os três gols que Henan marcou contra o Mirassol são um sopro de esperança. Uma melhora de produtividade nas penetrações internas, em rápidas triangulações, também fortaleceria o potencial ofensivo.
Invencionices demais
Já o São Bernardo entregue à zona de rebaixamento paga o preço de invencionices do técnico português Sérgio Vieira. Enfrentar a pior defesa do campeonato, caso do Linense, com três volantes de contenção, dois meias lentos e um centroavante que nem é centroavante (Rodolfo) foi demais. Por isso o time foi massacrado no primeiro tempo e se livrou de uma goleada.
Bastou repor a lógica na equipe, os atacantes Walterson e o falso centroavante Edno, autores de 60% dos gols da equipe, para a biruta tática virar no segundo tempo. O São Bernardo passou a dominar e a pressionar, perdeu oportunidades e foi castigado ao final com um gol de bola parada.
Enfrentar o São Paulo em busca do primeiro lugar no grupo na rodada final é uma roubada que o próprio São Bernardo preparou. Nos últimos jogos o treinador rompeu a estrutura tática com mudanças desnecessárias na defesa, no meio de campo e no ataque. Num campeonato de curta duração é pouco provável que alterações radicais alcancem os resultados desejados.
Classificação ameaçada?
Na Série B, o São Caetano sustentou a liderança agora com 26 pontos, apesar do jogo abaixo da crítica diante do Oeste no Estádio Anacleto Campanella. O empate de um a um caiu do céu. O São Caetano fez tudo de errado o tempo todo. Pouca mobilidade, lançamentos em excesso, baixo número de finalizações, vácuos entre os setores a proporcionar o controle tático do adversário – tudo isso e muito mais exibiram uma equipe longe de retratar a posição na tabela.
O Oeste foi mais organizado, mais perigoso e só não venceu o jogo porque não acreditou nas próprias forças. Bem diferente do Juventus que, duas semanas antes, foi a São Caetano e venceu de dois a zero.
A previsibilidade do São Caetano, que se excede em repetir um repertório convencional, é obstáculo que ameaça a própria classificação nas seis rodadas que restam. Principalmente porque o bloco secundário, que busca ficar entre os quatro primeiros que disputarão a semifinal, evolui a cada rodada.
Penapolense, Guarani, Taubaté e até o Juventus passaram a ameaçar os cinco primeiros colocados que, aparentemente, não teriam mais adversários a se preocupar. O Bragantino caiu para o sexto lugar, atrás do Penapolense. São Caetano, Água Santa, Batatais e Rio Claro ocupam o G-4. A rodada deste meio de semana decidirá a sorte de Taubaté e Guarani, que se enfrentam no Vale do Paraíba. São Caetano (Capivariano) e Água Santa (Oeste) jogam fora e podem perder os dois primeiros lugares para Batatais e Rio Claro, que os perseguem. O Rio Claro vai jogar em casa com o Votuporanguense enquanto o Batatais enfrenta o saco de pancadas Mogi Mirim no campo adversário.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André