Perder para o Ituano fora de casa por três a um ao estrear na Série A do Campeonato Paulista não é nenhuma catástrofe para o São Caetano que está de volta à competição após quatro anos de reestruturação na divisão de acesso. Faltou melhor futebol, faltou um time menos conservador taticamente, mas o maior problema da equipe neste início de temporada é o presente de grego que a Federação Paulista de Futebol reservou: entre os 16 integrantes da competição, o São Caetano é a única agremiação que enfrentará quatro adversários seguidamente fora de casa.
As estatísticas mostram que jogar com time grande em qualquer lugar é fria. E entre equipes de tamanhos semelhantes quem tem o apoio da torcida conta com maiores possibilidades de vencer. O ambiente costuma fazer a diferença quando há aproximação de qualidades e deficiências dos adversários.
Nem o fato de ter levado para o Pacaembu o jogo com o Corinthians, programado para este domingo, descartando o uso do Estádio Anacleto Campanella, reduz o prejuízo que a FPF potencializou ao São Caetano. O Estádio Anacleto Campanella não oferece segurança num jogo contra uma equipe que tem a maior torcida do Estado. E, mesmo que oferecesse, jogo em casa contra qualquer equipe que está entre as maiores do País é uma enrascada.
Reavaliando quadro
A tabela de três jogos fora de casa, com um grande time no meio do caminho, não interessa o local, deve levar o técnico Luiz Carlos Martins a reavaliações. Os três a um diante do Ituano sinalizaram o que já era esperado, mas superou a expectativa mais restritiva: o São Caetano ainda está em formação com um time titular que mescla contratações de reforços e egressos da temporada passada.
Nem se pode garantir que, exatamente por vir de um passado recente de sucesso na divisão de Acesso e de ter reforçado o elenco, o São Caetano está em estágio superior ao da maioria dos adversários que, principalmente, fugirão do rebaixamento, reservado aos dois últimos colocados.
Um dos pontos cardeais para que a equipe de Luiz Carlos Martins encontre o equilíbrio emocional e motivacional para não balançar demais nas primeiras rodadas de 12 da fase classificatória é contar com perspectivas de bons resultados. Voltar de Itu e ter pela frente três jogos fora de casa (Corinthians, Novorizontino e Linense) são desafios e tanto.
Nenhuma outra equipe da Série A do Campeonato Paulista cumprirá jornada semelhante. O rival Santo André, que enfrenta esta noite o Palmeiras na Capital (mando de jogo do time paulistano), terá dois jogos em casa nas próximas três rodadas, contra Red Bull e Mirassol, entremeados pelo confronte com o Ituano, no Interior.
Intempestivos demais
Talvez a melhor lição que o São Caetano poderia assimilar neste início de temporada é evitar que apressados comentaristas supostamente com influência porque atuam em emissoras de televisão contaminem o espirito da tropa. É impossível levar a sério alguém que apanhe um microfone e, com 20 minutos de jogo, como o de ontem em Itu, declare a plenos pulmões que o time da região é candidatíssimo ao rebaixamento. E que esse mesmo comentarista ignore as mudanças táticas que levaram o São Caetano a reagir no segundo tempo, não necessariamente a ponto de entusiasmar, mas o suficiente para deslocar o eixo de controle tático do jogo diante de um adversário que há 17 anos seguidos disputa a Série A e que, embora coletivamente mais organizado, está longe, em princípio, de tanto entusiasmo. Devagar com o andor porque o santo classificatório é de barro. O melhor mesmo é esperar o término da quinta rodada para avaliação menos intempestiva. Mas que a tabela do campeonato é um complicador para o São Caetano, impossível negar.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André