Santo André e São Caetano estrearam na Série A do Campeonato Paulista expondo contraste tático que poderá ou não se cristalizar durante os 11 jogos que restam na fase classificatória. Ao Ramalhão parece estar reservado mesmo e mais que esperado modelo Sérgio Soares de dirigir, ou seja, um time leve, rápido, provocador no ataque e descuidado na defesa. O Azulão que se apresentou é igualmente um modelo já conhecido do técnico Luiz Carlos Martins: marcação forte, bolas alongadas, sistema defensivo maciço.
Quem vai se dar melhor, considerando primeiramente que melhor no caso é evitar o rebaixamento destinado aos dois últimos colocados entre os 16 participantes? Não faço o menor esforço para responder à indagação porque todos estamos cansados de ver que, sobretudo nos times de médio porte estadual, qualquer sentença pode virar anedota. Mas o jogo mais bem jogado, de leveza na construção e obediência extrema na marcação, disso geralmente não abro mão como paladar pessoal.
Vou bater insistentemente na tecla (até como autodisciplina para evitar descontrole informativo) que, até a quinta rodada, o mais recomendável é que não se construam teorias supostamente definitivas sobre o que será o rendimento das duas equipes que representam a região no principal campeonato estadual do País. É melhor assim.
Já cansei de ouvir comentaristas em geral morderem a língua com prognósticos açodados. Aliás, já participei dessa confraria em conversas informais, de cabine de Imprensa. Alguns analistas entram no livro dos recordes de bobagens ao declararem alto e bom som que determinada equipe, após apenas 20 minutos de jogo de estreia (caso do São Caetano diante do Ituano) já teria o rebaixamento como destino. O comentarista da transmissão do jogo pela televisão na última quarta-feira em Itu deve-se preocupar com o restante da competição, porque já assinou o atestado de óbito do São Caetano.
Maneiras de jogar
O que o São Caetano apresentou contra o Ituano na derrota de três a um e o Santo André ontem à noite na Capital diante do Palmeiras, também derrotado por três a um, são duas entre muitas maneiras de jogar futebol. O mais previsível e comedido São Caetano é antítese do criativo e pouco cauteloso Santo André.
Todos sabem que, dirigidos pelos mesmos treinadores de agora, o Santo André e o São Caetano são historicamente o que apresentaram neste meio de semana. Está no DNA de Sérgio Soares e de Luiz Carlos Martins essa contraposição tática.
As próximas rodadas vão dirimir até que ponto as duas equipes poderão aprofundar esses estilos com a correção de equívocos ou mostrarão outros recursos que deem elasticidade à forma de jogar.
É verdade que o São Caetano do segundo tempo contra o Ituano, ao retirar um dos três volantes e um centroavante estático demais, melhorou na posse de bola e na movimentação. Também é verdade que o Santo André do segundo tempo com o Palmeiras retirou um dos três volantes e um meia de armação dispersivo. Com isso foi mais objetivo no jeito alegre de jogar. Mas as duas equipes não esconderam que ainda estão longe do estágio desejado -- até porque é começo de temporada.
Erros que explicam
O sistema defensivo do São Caetano, ponto forte das equipes de Martins, errou demais no posicionamento e no encurtamento de espaços à frente dos zagueiros. E o sistema ofensivo do Santo André, pedra de toque do estilo de Sérgio Soares, está desequilibrado demais em relação a um meio de campo com muitos vácuos e a um sistema defensivo sem cuidados com as bolas diagonais, por onde o Palmeiras achou o caminho da vitória num jogo mais complicado do que o placar sugere.
Na rodada deste final de semana o Santo André joga como mandante com o Red Bull e o São Caetano vai enfrentar o Corinthians no Pacaembu. A vantagem do Santo André nas primeiras quatro rodadas do campeonato é que disputará dois jogos em casa, enquanto o São Caetano só terá o apoio da torcida na quinta rodada. O tom das rodadas subsequentes dependerá, principalmente no caso do São Caetano, de um ou outro resultado positivo nos dois próximos jogos no Interior.
Somar menos que quatro pontos nesses dois jogos para quem não tem nenhum poderá virar emergência na medida em que a classificação geral delinear os últimos colocados. Ao Santo André há mais perspectiva de calmaria, porque terá nos quatro primeiros jogos do campeonato dois como mandante, embora em São Bernardo. O Estádio Bruno Daniel foi vetado pela Federação Paulista e só deve estar disponível mais adiante.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André