O São Caetano que perdeu do Novorizontino por um a zero aos 45 minutos do segundo tempo no jogo disputado sábado no Interior iniciou nesta segunda-feira uma minijornada que vai terminar somente na semana que vem, depois de ter enfrentado o Mirassol neste final de semana e, em seguida, o Red Bull. Os dois jogos vão ser no Estádio Anacleto Campanella. O presente de grego reservado pela Federação Paulista de Futebol na volta do São Caetano à elite do futebol paulista (quatro jogos fora de casa, em sequência, um dos quais contra o Corinthians) poderá ser dimensionado nesta segunda-feira.
Os jogos que restam da quarta rodada envolvem equipes que podem levar o São Caetano à zona de rebaixamento. Ganhar apenas 25% dos pontos disputados (três em 12) é rendimento que atiraria a equipe de volta à Segunda Divisão.
É inquestionável que a ordem dos jogos do São Caetano na Série A do Campeonato Paulista é uma aberração (nenhuma outra equipe jogou com equipes semelhantes fora de casa em três das quatro rodadas e ainda teve de enfrentar um time grande), mas a verdade é que o time de Luiz Carlos Martins ainda deve a garantia de que pode fazer uma boa campanha nos jogos que restam. E restam oito, cinco dos quais em casa.
Tempos diferentes
Em Novo Horizonte, o que se viu sobretudo no primeiro tempo foi um São Caetano acuado demais, sem força nos contragolpes. Sobreviveu duramente de marcação à frente da grande área. O Novorizontino foi sempre melhor, com trocas de passes, viradas de jogo, penetrações por dentro e pelas laterais. Ao final dos primeiros 45 minutos foram três faltas perigosas nas imediações da grande área, cinco oportunidades de marcar e uma jogada aguda de escanteio. Ao São Caetano restaram uma falta perigosa e uma jogada com relativo grau de risco.
Seria impossível repetir no segundo tempo tanto acanhamento e baixa efetividade. Tanto que o São Caetano com Diego Rosa substituindo a Jô, pouco útil para jogadas de contragolpes, dominou com relativa tranquilidade os primeiros 20 minutos. Poderia inclusive ter chegado ao gol em duas oportunidades e num escanteio.
A mudança de postura da equipe foi evidente: passou a marcar a saída de bola do adversário. Sem liberdade para construir jogadas a partir da defesa, o time da casa se desorganizou e o São Caetano poderia ter aproveitado.
Entretanto, marcar por pressão no campo adversário tem limites físicos. Sobretudo num início de campeonato. Aos poucos o Novorizontino foi se arrumando em campo. O técnico Doriva colocou jogadores mais ofensivos e passou a incomodar a marcação do São Caetano.
Jogada previsível
O empate de zero a zero poderia ter sido sustentado não houvesse o São Caetano descuidado na marcação do atacante Francis, que entrou aberto pela esquerda para fechar em diagonal. Foi assim, fechando em diagonal, enquanto o lateral chegava atrasado para a cobertura, que Francis fez o gol da vitória. Tudo começou com um cruzamento da direita que os zagueiros de área não aliviaram. Uma jogada mais que treinada e mais que prevista.
O São Caetano tem muito a melhorar. Os dois próximos jogos devem definir o potencial da equipe no restante do campeonato. Há deficiências na arquitetura tática que precisam ser corrigidas. Falta estabilidade. Jogar bem apenas durante determinado tempo é pouco na Série A do Paulista. Cometer oito faltas nas imediações da grande área sinaliza que existem falhas demais no posicionamento defensivo e que, também, o emocional não está em dia. O São Caetano transforma qualquer jogada do adversário em infração sempre incômoda.
A constatação após quatro das 12 rodadas é que o desempenho individual está comprometido pela aridez tática. Ou seja: o São Caetano transmite a certeza de que conta com jogadores que podem representar muito mais individualmente e no coletivo, mas falta encaixe tanto na arrumação do sistema defensivo quanto no sistema ofensivo.
Aproveitar centroavante
O meio de campo só conta com Chiquinho como inspiração ofensiva. É pouco quando ainda não se tem um centroavante como Jô no melhor da forma técnica, após longo período de recuperação física. Nos dois próximos jogos, em casa, Jô poderá ser muito mais útil se a equipe pressionar os adversários. Poucos centroavantes têm o talento de Jô para fazer da grande área um pedaço de terreno no qual o papel de pivô leva pânico aos zagueiros.
O São Caetano precisa parar de jogar o tempo todo em busca de uma bola parada. De falta ou de escanteio. Mas, contraditoriamente, comete mais infrações inquietantes.
Será uma péssima notícia se os jogos complementares da quarta rodada nesta segunda-feira atirarem o São Caetano à zona de rebaixamento. Poderá abalar o emocional do grupo. Entretanto, se escapar, a atenção precisa ser redobrada. O time está distante do que se esperava ante o esforço da direção em trazer reforços ao grupo que ganhou a Segunda Divisão no ano passado. Em suma: o São Caetano peca sobretudo porque não tem um coletivo confiável, mas também sugere que basta um acerto geral para sair do sufoco.
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