Esportes

São Caetano e Santo André na
corda bamba do rebaixamento

DANIEL LIMA - 05/02/2018

Conforme o combinado, finda a quinta rodada da Série A do Campeonato Paulista (o jogo de hoje entre Linense e Ferroviária não alterará a ordem das coisas), a conclusão preliminar é que estamos mal arrumados. Santo André e São Caetano precisam reagir para fugir do rebaixamento reservado aos dois últimos colocados entre os 16 participantes divididos em quatro grupos. 

Aliás, o São Caetano já está na zona de degola após a apática partida de ontem à noite contra o Mirassol, no Estádio Anacleto Campanella, derrotado que foi por dois a zero. O Santo André empatou sexta-feira em Sorocaba de dois a dois com um São Bento que integra a Série B do Campeonato Brasileiro.

Não vejo saída ao São Caetano senão trocar o comando técnico. Está na cara que Luiz Carlos Martins perdeu o controle do que costumam chamar de vestiários. O São Caetano joga um futebol que correria risco de ficar longe da classificação na Segunda Divisão. Há fartura indigesta de lançamentos e chutões. O elenco oferece diversidade de alternativas que, nas mãos de um treinador que enxergue o futebol de outra maneira, possivelmente provocaria mudança de comportamento e de resultados. 

O Santo André do técnico Sérgio Soares está em nível bem acima do São Caetano em termos coletivos. Uma engenharia que precisa ser ressaltada. O São Caetano conta com elenco muito melhor. Os limites do Santo André com a habilidade de Sérgio Soares em preparar o coletivo são inferiores aos oferecidos pelo São Caetano sob a direção de um treinador experiente e que saiba aproveitar os melhores talentos. 

Degradação coletiva 

O grau de degradação tática do São Caetano nos primeiros cinco jogos é estonteante. Entre os 12 indicadores de rendimento de uma equipe que construí para monitorar avaliações não enxergo um sequer que determine luz na escuridão. Seria desumano individualizar a avaliação do São Caetano sem cometer o risco de equívoco. Uma equipe sem organização deteriora a qualidade individual da mesma forma que um conjunto harmonioso transforma um jogador regular em bom jogador e um bom jogador em excelente jogador. O São Caetano é um time de catados. Fico a imaginar o que foi feito do período de preparação. 

Já o Santo André de Sérgio Soares parece aproximar-se do patamar que se espera dada as condições menos favoráveis de investimentos. Optou-se por um time de leveza e velocidade físicas a partir do meio de campo e com o uso intensivo dos laterais. Mas ainda faltam acabamento e algumas mexidas. O meio de campo precisa de dois jogadores com qualidade técnica e capacidade de infiltração para fazer do centroavante Lincom uma peça mais importante. Lincom tem aberto espaços raramente aproveitados. Tinga e Aloisio talvez sejam as melhores opções para compor o setor com Flávio e Dudu Vieira. 

Cinco novas rodadas 

O Santo André preenche vários dos quesitos que listei para identificar uma equipe. Mas ainda há muito o que evoluir, sempre considerando como base conceitual a luta para fugir do rebaixamento. 

Há alguns pontos que precisam ser observados antes da próxima rodada de modo a que se faça novo diagnóstico, agora para as próximas cinco rodadas. As duas rodadas finais e decisivas merecem avaliação à parte, mais adiante. 

O resumo da ópera é que as duas representações da região correm risco. Ganhamos apenas sete pontos em 30 disputados. Índice baixíssimo de 23,33%. Precisamos chegar equilibradamente a tranquilizadores 40% para afastar a degola. As próximas cinco rodadas serão menos desconfortáveis ao São Caetano do que ao Santo André. 

O São Caetano joga em casa com três concorrentes diretos ao rebaixamento, casos de Red Bull, Ferroviária e São Bento. E atuará fora com o Santos e Palmeiras. Se os primeiros cinco jogos foram uma roubada (notadamente porque os quatro primeiros se deram na condição de visitante), o alívio parece claro. Já o Santo André terá maiores problemas porque jogará em casa com Corinthians, Bragantino e Botafogo e sairá contra Ferroviária e Santos. Dois confrontos com times grandes são potencialmente soma zero de pontos. Pior ainda quando se joga em casa, desperdiçando um dos seis mandos de jogos da competição.  

Tudo indica que o bicho vai pegar nas rodadas finais. No ano passado o Santo André escapou na rodada final e o São Bernardo foi rebaixado em casa. Talvez tenhamos de passar por novas complicações este ano. Ainda aposto na permanência do São Caetano caso chegue um técnico que mude radicalmente a maneira de jogar. O tempo é curto, mas insistir nos erros contínuos de concepção tática é muito pior. O Santo André, repito, tem menor potencial de qualificação geral como conjunto, mas se Sérgio Soares arrumar o meio de campo a degola também será afastada. Linense e Ferroviária, que se enfrentam hoje, são meus favoritos à Segunda Divisão. Um empate no confronto desta noite seria ótimo para a dupla da região. 



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