Esportes

Vitória reduz bastante risco de
rebaixamento do São Caetano

DANIEL LIMA - 19/02/2018

Bastou derrotar a Ferroviária sábado à noite por um a zero no Estádio Anacleto Campanella para o São Caetano reduzir drasticamente as possibilidades de rebaixamento à Série B do Campeonato Paulista. A metodologia do site “Chance de Gol” leva em conta vários vetores, mas não deixa de sugerir excessos quando se trata das duas últimas posições na classificação geral do principal campeonato regional do País. Tanto que, também representante da região na Série A, o Santo André dobrou a possibilidade de cair após empatar em casa de um a um com o Bragantino: eram 8% de probabilidades, agora são 15,3%. 

Nesta segunda-feira serão disputados os dois jogos complementares da oitava rodada e especialmente um, entre Linense e Novorizontino, pode mudar os rumos traçados pelo Chance de Gol. Último colocado na classificação geral com cinco pontos em sete jogos disputados, o Linense tem 46,2% de risco ao rebaixamento. Um pouco abaixo do São Caetano (54,3%), antepenúltimo colocado com sete pontos em oito jogos. 

O adversário do Linense desta noite está na 11ª colocação entre os 16 participantes, com oito pontos ganhos em sete jogos. Segundo o Chance de Gol, o Novorizontino tem 11,8% de risco. Uma vitória hoje reduziria até que ponto o grau de risco do Linense? E o Novorizontino subiria a quantos por cento? 

Mirassol com mais risco

O Mirassol, que jogou na rodada e empatou em casa de uma um com o Ituano, é o outro ocupante da zona de rebaixamento, ao lado do Linense, com sete pontos ganhos em oito jogos. O site Chance de Gol atribui risco de queda de 42,1%. Também abaixo do São Caetano.  Até a rodada passado o Mirassol contabilizava 29,3% de risco. 

Embora considere o trabalho dos responsáveis por aquele site algo que vai ao encontro do interesse dos torcedores e dos analistas de futebol, entre outros motivos porque não é um chute ao vento, o assemelhado de forças da maioria das 11 equipes médias da Série A do Campeonato Paulista exigiria distribuição de pesos menos desigual na corrida contra o rebaixamento. Em edições passadas o Chance de Gol passou apuros com desmoronamentos estatísticos. Não seria diferente nesta temporada? 

A queda brusca do São Caetano entre um jogo e outro (derrota para o Santos e vitória contra a Ferroviária) é exemplo do que chamaria de exagero interpretativo dos números e do contexto da competição. Uma queda de 30 pontos percentuais está acima do razoável. Da mesma forma estão os demais clubes na parte de baixo da classificação. Alguns seguem praticamente fora de qualquer infortúnio futuro, quando se sabe que o futuro não é tão seguro assim. 

Semana de preparação  

São Caetano e Santo André só jogam no final de semana pela Série A do Campeonato Paulista. O intervalo veio em bom momento. O Santo André que empatou em casa com o Bragantino por um a um e o São Caetano que ganhou também em casa da Ferroviária por um a zero precisam mesmo ajustar peças e conjuntos para exorcizarem de vez o risco de rebaixamento. 

O Santo André está mais ajustado porque aproveitou com competência a fase de preparação, mas parece já ter chegado ao limite. O São Caetano tem condições de melhorar entre outras razões porque está bem abaixo do Santo André (e das demais equipes de peso médio) no jogo coletivo.

O gol da vitória do São Caetano só saiu aos 47 minutos do segundo tempo, após grande jogada individual do jovem Nonato. Fruto das equipes de base, Nonato passou por três adversários e cruzou da linha de escanteio para Carlão, junto ao goleiro, cabecear às redes. O resultado era tudo de que precisava o técnico Pintado para tornar mais produtiva a semana de treinamentos em Itu, para onde a equipe seguiu domingo à noite.  

A vitória sobre a Ferroviária mostrou um São Caetano novamente instável. A equipe foi sempre melhor que o adversário, mas num nível de rendimento individual e coletivo aquém do potencial. O primeiro tempo foi um festival de cruzamentos e bolas longas. Parecia até que Luiz Carlos Martins voltara a dirigir a equipe. No segundo tempo os melhores momentos do São Caetano se consolidaram quando a posse de bola passou a ser priorizada. Mas de novo a equipe não manteve o ritmo. 

Sistema defensivo melhora 

Em meio a tantas oscilações, ao menos o sistema defensivo mostrou evolução. Houve mais cuidados na recomposição. A dupla de volantes, Ferreira e Vinícius Kiss, funcionou como anteparo aos zagueiros. Todos se preocuparam com a principal arma do adversário – os passes cumpridos ou curtos às costas dos zagueiros de área para a penetração de atacantes. Foi assim que a Ferroviária venceu o Santo André uma semana antes no Interior do Estado. E também foi assim que complicou outros adversários no campeonato. 

Pintado terá os treinamentos em Itu para provavelmente manter Ferreira na equipe. O volante que rende muito mais quando à direita do sistema defensivo também se converteu em apoiador. Foi o melhor do time, inclusive pela personalidade de enfrentar o desafio da fase sofrível da equipe. 

Não é fácil para o São Caetano passar pelo turbilhão de frequentar semana sim, semana também, a zona de rebaixamento. O emocional do grupo está visivelmente dilacerado. Jogadas individuais e coletivas simples terminam em erros inexplicáveis. Daí a vitória de sábado converter-se em dínamo de esperança a desempenhos mais qualificados. 

É preciso dar vida ao sistema ofensivo. O centroavante Marlon mostra muitas qualidades mas segue isolado entre os zagueiros nas jogadas mais agudas. Chiquinho não se define como meia-atacante ou segundo lateral-esquerdo. Diego Rosa não encontra espaços para conciliar técnica e velocidade. Os laterais apoiam mas erram demais nos cruzamentos. O São Caetano é um time em busca de arrumação. Vereditos sobre desempenhos individuais, entretanto, podem ser desmoralizados. Dizer que o atacante Niltinho exagera no individualismo acrobático e rende pouco para a equipe também pode ser consequência da ausência de jogadas mecanizadas nos treinamentos. Quando não se tem opções coletivas o individualismo exacerba-se. 

Vitória escapa no fim 

Já o Santo André que empatou em casa com o Bragantino poderia ter conquistado os três pontos no último lance: Aloisio sobrou livre e chutou para fora, em diagonal. A vitória teria sido o resultado mais justo. O Santo André só foi inferior ao adversário durante os primeiros 30 minutos de jogo, quando, inclusive, sofreu o gol. 

O Bragantino executou com perfeição uma rígida marcação na saída de bola e imobilizou completamente o adversário. Poderia, inclusive, ter feito mais de um gol. Quando o primeiro tempo terminou o Santo André já dava mostras de que superara o susto e que poderia reagir na etapa final.

E foi o que aconteceu com as substituições impostas pelo técnico Sérgio Soares e o sucateamento físico do adversário. O Santo André ganhou mais eletricidade na troca de passes, nas infiltrações e nas aproximações. O empate não demorou, mas a vitória não veio porque o Santo André peca demais nas finalizações. 

A saída do artilheiro Lincom para a entrada de Aloisio, com o deslocamento do atacante Hugo Rosa para o comando do ataque, foi uma tentativa de Sérgio Soares superar o Bragantino na mobilidade ofensiva. O custo apareceu na sequência: Hugo Rosa não é centroavante e a função de pivô é típica de centroavante de ofício. É verdade que o sistema defensivo do Bragantino, uma especialidade do técnico Marcelo Veiga, entrou em erupção, mas o Santo André tratou de desperdiçar três oportunidades de ouro. 



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