O São Caetano só depende das próprias forças para dupla comemoração na noite de hoje contra o Botafogo de Ribeirão Preto pela penúltima rodada da Série A do Campeonato Paulista. E o Santo André fica na expectativa de um milagre, depois da derrota de um a zero ontem no Interior diante do Linense: escapar do rebaixamento ao final do complemento da rodada desta noite.
Se estava com o pé na cova antes do jogo em Lins, agora o Santo André só espera extrema-unção. Já uma vitória no Estádio Anacleto Campanella nesta noite garantirá ao São Caetano um até outro dia inacreditável lugar nas quartas de final do campeonato, provavelmente contra o São Paulo, além de praticamente assegurar uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro do ano que vem. O outro objetivo do São Caetano foi conquistado com os resultados dos jogos de ontem: o time que chegou a ficar na lanterninha da competição antes da chegada do técnico Pintado, agora não corre nenhum risco de rebaixamento.
Pênalti desperdiçado
O rebaixamento iminente do Santo André se deve a vários fatores que poderão ser esmiuçados outro dia. É bobagem tentar botar tudo no mesmo pacote agora. Melhor tratar da derrota. Uma derrota sem espaço a desculpas. Nem a arbitragem generosa que marcou uma penalidade máxima no começo do segundo tempo impediu um resultado desastroso.
Estava zero a zero e a conversão da infração fatal poderia mudar os rumos do Santo André no campeonato. Mas Aloisio cantou o canto preferido e o goleiro defendeu. Logo em seguida, o Linense fez um a zero em gol que saiu de uma penalidade máxima rigorosa do árbitro.
A esperada vantagem no placar do Santo André caso convertesse o pênalti não reproduziria o que fora o jogo até então. O time de Sérgio Soares jamais teve a iniciativa, exceto depois de sofrer o gol. O Linense foi mais organizado e agressivo o tempo todo.
A posição do Santo André na tabela e o confronto fora de casa com um concorrente direto ao rebaixamento levaram Sérgio Soares à radicalização tática. Especialista em futebol de mobilidade, de triangulações, de ultrapassagens, de posse de bola, Soares colocou o Santo André numa plataforma tática inusitada, uma espécie de 4-6-, que consistia em contar com quatro zagueiros (isso mesmo, nenhum lateral) e o restante com ordem para ocupar o campo adversário. Foi um desastre.
Nem defender, nem atacar
O Santo André nem soube defender (bolas aéreas foram um tormento, apesar de defensores de elevada estatura) e tampouco criou oportunidades. Uma única jogada no começo do jogo sugeriu falsidade que se confirmaria durante todo o período, ou seja, a inapetência para incomodar o adversário.
Depois do gol do Linense era natural a reação do Santo André. O desespero povoava cada milímetro do gramado. Os dois times viam o fantasma do rebaixamento em cada lance. Sérgio Soares procurou corrigir o sistema tático. Colocou Paulinho na lateral e fez mudanças no meio de campo e ataque para evitar que os chutões prevalecessem. Até o centroavante Lincom saiu de um banco de reservas inexplicável e passou a incomodar os zagueiros.
Mas é mesmo impossível arrumar uma equipe quando o fantasma da queda entra nos vestiários. E o fantasma entrou nos vestiários do Santo André a partir da derrota para a Ferroviária. E não saiu mais. A vitória no Estádio Bruno Daniel diante do Corinthians criou uma falsa concepção de grandeza de uma equipe montada um mês antes de uma competição de tiro curto e de cartas marcadas ao rebaixamento. Cartas marcadas no sentido de que o grupo mais suscetível à queda é formado por equipes que não constam do calendário nacional.
Bate-volta contínuo
Poucas são as possibilidades de o Santo André escapar da Série B do Campeonato Paulista, da qual se tornou frequentador assíduo. É um bate-volta contínuo entre a Série A e a Série B.
Para entrar na rodada final de domingo com possibilidades matemáticas de seguir na Série A o Santo André precisa contar hoje com vitória do Bragantino diante da Ferroviária em Araraquara e derrota da Ponte Preta em Campinas contra o Red Bull.
Com oito pontos ganhos, uma vitória e saldo negativo de seis gols, o Santo André encontra na Ferroviária (11 pontos, duas vitórias e saldo negativo de um gol) e na Ponte Preta (10 pontos, duas vitórias e saldo negativo de dois gols) as únicas possibilidades de salvação. Linense (nove pontos, duas vitórias e saldo negativo de sete gols) e Mirassol (11 pontos, duas vitórias e saldo negativo de quatro gols) decidem quem será o outro rebaixado da temporada. O jogo está marcado para Mirassol, neste domingo. Um empate da Ferroviária e uma vitória da Ponte Preta, hoje, eliminam de vez as esperanças do Santo André. Menos mal que o Bragantino corre para tentar disputar as quartas de final. Já a Ponte Preta, além de fugir do rebaixamento, respira classificação, dependendo de tropeço do São Caetano.
Total de 985 matérias | Página 1
05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André