Poucos dos 2,3 milhões de habitantes do Grande ABC já ouviram falar do Independente Futebol Clube de Mauá. Muitos talvez imaginem um simples time de futebol de 11 camisas a encarar os judiados campos de terra batida da cidade. Nada disso! Como 99% dos clubes do Brasil, o Independente nasceu, sim, do futebol. Hoje, porém, é um dos mais bem equipados e de maior patrimônio do Grande ABC. O distintivo ainda ostenta três espadas que formam um triângulo e significam independência proclamada na década de 40, após dissidência na Associação Atlética Industrial, fundada em 1921. Mais do que auto-sustentável, o Independente, fundado a 17 de abril de 1945, é forte e saudável. Comprou com recursos próprios área superior a 80 mil metros quadrados na Vila Independência.
Do tempo do time juvenil do Estação que se juntou ao 11 Garotos para formar verdadeira seleção e representar o Industrial restaram a dissidência e as espadas. Restou, também, a força de um grupo de pessoas simples que, vitimado por ações de despejo, chegou a se reunir sob uma paineira e até mesmo num antigo galinheiro para não desaparecer como tantos outros, que ganham títulos mas não incorporam patrimônio. Sustentou o branco trivial e o grená do Juventus para crescer de forma exemplar e ganhar respeitabilidade de estrela de primeira grandeza, embora ainda esteja distante de ser comparado a potência regional como o Aramaçan.
Em extensa área próxima do antigo rival Industrial, o clube com estigma de conservador dirigido pelo administrador de empresas e assessor de Cultura e Esportes da Prefeitura de Mauá, Roberto Bergamaschi, não se assusta nem mesmo com a instabilidade econômica e com a inadimplência clubista, acima de 20%. Segundo o presidente, cujo mandato bienal vai até 31 de março de 2001, a situação financeira é de estabilidade não só pelo pagamento da taxa de manutenção de R$ 25 mensais como pelo montante arrecadado com domingueiras. Os bailes de domingo chegam a animar dois mil jovens por semana e há ainda locação dos dois salões da antiga sede, no centro da cidade, para festas, bailes, shows e outros eventos.
O saldo de caixa ainda não permite fazer promessas, mas uma das prioridades do presidente é aumentar em 25% o total de 200 vagas de estacionamento sem sacrificar áreas de lazer. O playground e a pista de skate estão estrategicamente colocados junto ao conjunto aquático de três boas piscinas com toboágua para que as crianças não escapem dos olhares vigilantes das mães. Nesse ponto, o Independente leva vantagem sobre a maioria dos clubes da região, cujas redondezas normalmente são referenciais de assaltos e furtos de veículos. Assaltos, por sinal, que motivaram a mudança da sede da Rua Japão para o poliesportivo.
O presidente Roberto Bergamaschi não se compromete com a construção de imponente sede social nem com outras obras, mas existe a possibilidade de o clube ganhar nova entrada e contar com parceria da iniciativa privada para aproveitar área verde hoje mais por conta de pássaros e até pequenos bichos, sem aproveitamento dos associados. "Não é para este primeiro ano de mandato, mas poderíamos até pensar em construir ampla sede para incorporar novas opções sociais, esportivas e culturais. Outros espaços seriam reservados à participação de empresas para propaganda e negócios próprios, sem destruir totalmente a mata, que se transformaria em espécie de parque. Só para murar toda aquela frente e evitar invasões gastamos perto de R$ 100 mil" -- afirma Bergamaschi.
Cerca de 3,6 mil sócios, entre titulares e dependentes em dia, entram hoje pela Rua Brás Cubas. O orçamento anual é de R$ 600 mil e o momento não permite altos investimentos, mas receitas extraordinárias e a negociação da área de cerca de três mil metros quadrados da antiga sede central podem representar novas conquistas patrimoniais. "Talvez no futuro possamos vender a área do centro. Por enquanto estamos providenciando reformas porque os rendimentos com locações e domingueiras são significativos" -- cita.
O novo presidente, sucessor de Deonildo Nincao, fala ainda em trabalhar em sintonia fina com representantes dos conselhos deliberativo e fiscal, além de prestar muita atenção na opinião dos sócios. "É necessário trabalhar unido, descentralizar responsabilidades e motivar funcionários com treinamentos de requalificação, além de informatizar para atender melhor ao associado. É preciso que todos os setores aliem criatividade, austeridade e profissionalismo" -- reconhece Roberto Bergamaschi, corintiano de descendência italiana e sotaque paranaense.
Bingo e esporte -- É óbvio que o clube não oferece apenas as domingueiras na antiga sede. Aos sábados, o bingo do Independente faz sucesso e movimenta muitos sócios. Não há prêmios extraordinários, mas as famílias já se acostumaram e não abrem mão de tentar a sorte no clube cuidado por 38 funcionários. No campo esportivo, o carro-chefe não poderia ser outro que não o futebol, que incorpora todas as categorias e mais de 500 participantes. Crianças, jovens, adultos e veteranos desfrutam de gramado oficial com direito a arquibancada, e outro menor, mais para recreação. Escolinhas, campeonatos e até algumas participações externas fazem parte do mix esportivo.
O futsal também tem lugar no clube e utiliza o ginásio poliesportivo. Assim como o voleibol competitivo, que disputa a Série Prata do Campeonato Metropolitano, mas vive na dependência de patrocinadores nem sempre constantes. O vôlei do Independente já revelou a levantadora Flávia Fernanda de Lima, hoje no Esporte Clube São Caetano. Flávia, de 16 anos, já disputou vários campeonatos importantes e foi convocada à Seleção Brasileira Infanto-Juvenil.
Além de piscinas que encampam natação, hidroginástica e a possibilidade de muito sol, o clube conta com duas quadras de tênis, duas canchas de bocha, espaço para vôlei de areia, quadra multiuso descoberta e prédio construído no ano passado para absorver academia de musculação bem aparelhada e salas polivalentes para prática de ginástica, judô, jazz, dança de salão e capoeira. Ari Tadeu de Genaro é o coordenador de Esportes.
No pavimento superior o prédio oferece restaurante terceirizado com mezanino que permite visualizar todos os setores do clube, além de espaço para o tradicional bingo do final de semana. Outra opção é a sauna a vapor. Mas o presidente não se dá por satisfeito e quer alargar o leque de alternativas para o associado. Quiosques com churrasqueiras fazem parte dos planos da nova diretoria. Já a vertente social tem como uma das principais atrações a Festa Italiana, este ano na terceira edição. O título patrimonial familiar custa R$ 400 à vista ou R$ 500 em 10 vezes.
Total de 985 matérias | Página 1
05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André