Esportes

São Caetano muda, muda
e muda em busca do ideal

DANIEL LIMA - 08/02/2019

Uma boa notícia para o São Caetano que está na zona de rebaixamento da Série A do Campeonato Paulista e que neste sábado às 19h enfrenta o Oeste de Barueri no Estádio Anacleto Campanella em busca de um início de recuperação: na edição do ano passado, quando voltou a disputar o principal campeonato estadual do País, a equipe também terminou a quinta rodada na zona de descenso e não só conseguiu escapar da degola como disputou as quartas de final diante do São Paulo. 

Se essa notícia é suficientemente positiva para não deixar cair a bola da motivação, há outra adicional: os mesmos três pontos dos cinco primeiros jogos deste ano eram os pontos amealhados no ano passado. 

Mais uma boa notícia? A tabela dos cinco primeiros jogos, considerando inclusive a ordem de adversários, foi mais rígida agora do que no ano passado. 

Para completar, o São Caetano desta temporada ocupa a penúltima colocação na classificação geral, à frente do lanterninha São Bento de Sorocaba, enquanto no ano passado segurava o último posto. O Linense, penúltimo colocado, acabou sendo rebaixado juntamente com o Santo André. 

O São Caetano do ano passado somou 15 pontos na fase de classificação e não só escapou da queda como ganhou uma vaga nas quartas de final. 

Repetindo a história? 

Para repetir a história o São Caetano deste ano precisa repetir a dose. Nos próximos quatro jogos, três dos quais em casa, o primeiro neste final de semana, é fundamental somar o maior número de pontos possível. No ano passado foram sete pontos nos quatro jogos subsequentes após três pontos apenas nos primeiros cinco jogos. Na temporada passada o São Caetano jogou três partidas em casa, quando empatou com o Red Bull de um a um, derrotou a Ferroviária de um a zero e venceu o São Bento por um a zero. No jogo como visitante, perdeu para o Santos por dois a zero. 

O que diferencia o São Caetano deste ano da equipe do ano passado é que dois dos três confrontos com times grandes foram como visitante (vitória contra o Palmeiras por um a zero e derrota de dois a zero para o Santos) e apenas um como mandante (derrota para o Corinthians por quatro a zero, quando decidiu levar o jogo para o Pacaembu). 

Neste ano, o São Caetano abriu a competição contra o Corinthians em Itaquera, enfrentou o Palmeiras no Anacleto Campanella e enfrenta o São Paulo na rodada decisiva também no Anacleto Campanella. Jogar mais vezes em casa do que como visitante contra os grandes é enrascada. Perde-se praticamente o mando de jogo. 

Mais complicações 

A verdade é que a tabela desta temporada é tremendamente nociva ao São Caetano. A ordem de jogos do que poderia ser dividido em três etapas é rigorosa. Nos cinco primeiros jogos a equipe do técnico Pintado enfrentou dois grandes, dois adversários fora de casa (São Bento e Botafogo) e apenas o Ituano no Anacleto Campanella. Um Ituano que disputa a Série A pelo 18º ano consecutivo. 

Agora vem a série de quatro jogos mais confortáveis, com três adversários em casa e o Guarani de Campinas fora. As três últimas rodadas serão teoricamente terríveis, contra Novorizontino e Ferroviária no Interior e o fechamento da etapa com o São Paulo na região. 

A expectativa, entretanto, é relativamente positiva, mesmo após a derrota do São Caetano no meio de semana em Ribeirão Preto para o Botafogo por três a zero. O técnico Pintado parece estar chegando não só aos nomes, mas à tática adequada para dar mais consistência à equipe. 

Poucos titulares mantidos 

Do time que estreou contra o Corinthians apenas o goleiro Jacsson, o zagueiro Joecio e o volante Vinícius Kiss mantiveram a titularidade. Outros titulares saíram e voltaram à equipe, enquanto quem estava no banco de reservas ganhou vez. 

Antes do desastre de um pênalti inteiramente desnecessário cometido pelo volante Esley, improvisado de lateral-direito, o São Caetano teve tudo para definir o resultado. Depois do gol e de nova penalidade máxima, agora um equívoco do bandeirinha avalizado pelo árbitro, o time desmoronou. 

A entrada de Vitinho no meio de campo, à frente de Vinícius Kiss e de Ferreira (e também de Pablo, até então titular) e o aproveitamento dos atacantes Minho e Gleyson deram mais qualidade à equipe de Pintado. Há maior capacidade de jogadas de aproximação, livrando-se, portanto, do excesso de lançamentos em linha reta ou em diagonal. A substituição de Christian, peso morto nos primeiros jogos, deu mais consistência e objetividade ao meio de campo. 

O São Caetano ainda é um time em construção e não poderia ser diferente porque todos o são numa competição de tiro curto. Mas tudo indica que, se não perder o controle emocional e entender que, por pior que seja a tabela pode ser superada, deixará a ameaça de rebaixamento como desafio liquidado.

Mudando, mudando

O São Caetano dos primeiros cinco jogos mudou, mudou e mudou, mas não foi para pior. Houve evolução individual e coletiva que não pode ser neutralizada ou explodida por conta do desastre do segundo tempo em Ribeirão Preto. 

O técnico Pintado só não pode mais insistir em deslocar Esley à lateral-direita porque bastará ao adversário forçar jogadas por ali para sair alguma encrenca. Como no jogo com o Botafogo. Esley merece uma medalha do São Caetano em reconhecimento a tudo que fez de bom nos últimos anos à frente dos zagueiros, mas é estupidez dar a ele a obrigação de correr atrás de atacante adversário sem ter como compensação avanços como ala que também não sabe ser. 



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