Esportes

Caímos nas tabelas
na virada de março

DANIEL LIMA - 05/04/2001

O futebol do Grande ABC começou abril da pior maneira possível. Se na virada de fevereiro para março o Santo André e o São Caetano lideravam as Séries A e B do Campeonato Paulista, na passagem de março para abril o mundo desabou na mesma proporção das chuvas que atormentaram a região: o Santo André contabilizava a quinta colocação com 21 pontos ganhos (quatro atrás do líder Etti de Jundiaí) e o São Caetano a quarta posição (quatro atrás da líder Ponte Preta). 

Os maus resultados do São Caetano eram esperados porque o time do técnico Jair Picerni entrou na roda-viva de dupla atividade -- do Campeonato Paulista e da Taça Libertadores da América. Já ao Santo André qualquer prognóstico que se fizesse e não levasse em conta seu favoritismo para manter-se entre os dois primeiros colocados do Acesso seria puro despeito dos adversários. 

A sequência de jogos do São Caetano pelo Paulista e pela Libertadores, como se projetava, esgotou as forças físicas e técnicas de uma equipe que se vale do coletivismo. Depois de três rodadas na Libertadores, o São Caetano só conseguia exibir um ponto ganho. Agora precisa ganhar pelo menos os outros nove que vai disputar para chegar em segundo lugar e se classificar para a próxima fase. Já no Campeonato Paulista, o São Caetano está cada vez mais perseguido por equipes de tradição, caso do renascido Corinthians e da sempre enigmática Portuguesa de Desportos. O empate no domingo, 1º de abril, com a Ponte Preta por 2 a 2, seguido da derrota nos pênaltis, não poderia ter sido pior. 

O problema do São Caetano é que começa a acumular perdas valiosas. Há contusões sequenciais que jamais perturbaram a equipe na fase de namoradinha do Brasil, quando chegou ao título de vice-campeã da Taça João Havelange. Além disso, num choque que só o futebol pode promover, o time que se consagrou pelo sentido de conjunto e não por individualidades está sentindo demais a ausência do goleador Ademar, vendido ao futebol alemão. Ademar era espécie de estranho no ninho de boa qualidade técnico-individual da equipe no Campeonato Brasileiro, mas completava o grupo com rara capacidade de finalizações. Exatamente o que o São Caetano mais ressente nos últimos jogos. O time continua chutando em profusão, mas acerta o gol adversário sem a contundência de Ademar. 

O desastre do São Caetano contra a Ponte Preta só foi superado pelo rival Santo André. O verdadeiro dilúvio que caiu no Grande ABC na tarde do mesmo 1º de abril suspendeu um jogo em que o Santo André vencia com tranquilidade o Rio Preto por 1 a 0. Quando o árbitro interrompeu a partida aos 19 minutos, tudo indicava que a sequência na tarde do dia seguinte serviria apenas para confirmar uma vitória que deixaria o Santo André a um ponto da liderança. Essa conta era feita por qualquer torcedor depois de conhecer os resultados do final de semana. O Santo André entrou em campo sem a concentração da tarde anterior e foi surpreendido por um adversário extremamente aplicado na marcação. A derrota por 2 a 1 remeteu o time para o quinto lugar e à obrigação de ganhar os dois próximos jogos -- quinta-feira em São Paulo contra o Nacional e no domingo em casa contra o Paraguaçuense.  

O fato é que o Santo André não está jogando o futebol esperado para quem investiu tanto em contratações. O técnico Wagner Benazzi, conhecido pela frequência com que faz campeões do Acesso, ainda não conseguiu dar padrão de jogo ao grupo. Se até a tormenta contra o Rio Preto a equipe conseguia o contraponto de maus resultados fora com vitórias sequenciais em casa, o tropeço quebra a rotina e provoca desconfiança. O Santo André sabe que oportunidade como a deste ano para chegar à Série-A não aparece sempre. Nas 11 primeiras rodadas jogou para manter-se entre os dois primeiros colocados que vão subir. Agora precisa recuperar o terreno e há muitos adversários a ser combatidos. Principalmente seus próprios medos. 


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