Esportes

Estamos por um fio
na luta pelo Acesso

DANIEL LIMA - 05/05/2001

O futebol da região não conseguiu recuperar terreno perdido em março e passou abril debatendo-se contra seus fantasmas. O São Caetano que tanto empolgou o Brasil no ano passado e no começo deste ano, quando atropelou clubes mais famosos e chegou à decisão do Campeonato Brasileiro, perdeu a vaga para a fase decisiva da Série A-1 do Campeonato Paulista nos últimos minutos da rodada decisiva. Já o Santo André, que luta por duas vagas para chegar à Série A-1 no próximo ano, iniciou maio de forma desastrada e ainda mais afastado dos primeiros colocados. O 1 a 1 com o América de Rio Preto no Estádio Bruno Daniel, seguido de derrota na cobrança de pênaltis, estúpido critério utilizado pela Federação Paulista de Futebol para desempatar artificialmente o jogo, deixou a equipe a oito pontos do Etti/Jundiaí, líder da competição, e a sete pontos do vice-líder Ituano. 

Faltando 13 rodadas para o encerramento do segundo turno da Série A-2, a situação do Santo André é tão cômoda quanto a de um condenado no corredor da morte. Só um milagre poderá salvar a equipe agora dirigida pelo técnico Luis Carlos Ferreira. Esse treinador com fama de fazer campeões do Acesso assumiu a equipe na abertura do segundo turno, com a vitória de 5 a 0 sobre um velho rival, o São José, no Vale do Paraíba. Luis Carlos Ferreira substitui Wagner Benazzi, também famoso pela frequência com que costuma colocar suas equipes na Primeira Divisão. Uma rotina quebrada em Santo André. Ele não acertou a mão e foi demitido com a derrota para o Ituano, no Interior.  Depois de deixar o Etti/Jundiaí, após série de maus resultados, Ferreira foi contratado para salvar o Internacional de Limeira de rebaixamento à Série A-2. Conseguiu na última rodada, com vitória de 2 a 0 sobre a Matonense, e na tarde seguinte já comandava o Santo André em São José dos Campos, agora com olho esticado no Acesso.  

Se a matemática não for revertida, a situação do Santo André na Série A-2 é simplesmente desesperadora. O raciocínio é simples: se prevalecer a tendência de que o segundo colocado garantirá classificação se somar 74% dos pontos em disputa, o Santo André terá de vencer 38 dos 39 pontos que lhe restam a partir do empate com o América. Com isso, atingiria 66 pontos, exatamente 74% do total do campeonato.

Por que essa conta tão severa com o clube? Porque ao final de 17 rodadas (ou 51 pontos disputados), o vice-líder Ituano totaliza 36 pontos ganhos (74% de aproveitamento). A expectativa do presidente Jairo Livolis não é diferente da do técnico e dos demais dirigentes do clube: é indispensável que, além de vitórias, o Santo André conte com derrotas de quem está à sua frente, rebaixando o índice de efetividade. O que não pode é a carga dupla de desgraça, como a do 1º de maio, quando a equipe só somou um ponto em casa, enquanto Etti e Ituano ganharam fora de seus domínios. 

Exatamente 20 anos depois do primeiro acesso à então chamada Primeira Divisão, quando superou o Paulista de Jundiaí e o XV de Piracicaba em jogos memoráveis, o Santo André espera retornar à principal passarela estadual do futebol brasileiro. Por isso, investiu numa equipe numerosa e forte. O empate com o América foi um desses acidentes do futebol: a equipe dominou amplamente o jogo e quando poderia liquidar o adversário, a 15 minutos do apito final, o artilheiro Jajá errou o alvo na cobrança de um pênalti.   

Já o São Caetano goleou o União de Santa Bárbara do Oeste no Estádio Anacleto Campanella, mas a última rodada do turno classificatório da Série A-1 teve desfecho inesperado com o gol do Botafogo de Ribeirão Preto em pleno Canindé, a cinco minutos do apito final. A equipe do Interior venceu por 1 a 0 e ficou com a última vaga. Guarani e Mogi-Mirim foram os surpreendentes rebaixados, o que torna a disputa pelo acesso no ano que vem ainda mais difícil. 


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