O Água Santa de Diadema só precisa das próprias forças para chegar em primeiro lugar ao final da fase de classificação do Campeonato Paulista da Segunda Divisão (Série A ou Série A-1). O Santo André também, para se classificar entre os oito times que disputarão a primeira fase dos mata-matas. E a situação não é diferente para o São Bernardo, para fugir do rebaixamento.
Tudo isso e outros cinco jogos serão disputados a partir das 15h deste sábado. Santo André e São Bernardo jogam com o apoio de torcedores. Já o Água Santa vai ao Interior do Estado enfrentar o Linense.
A dramaticidade marcará a rodada final porque todos os oito jogos envolvem expectativas de disputar a primeira etapa de mata-matas ou de fugir do rebaixamento. Há duas vagas em aberto entre os oito que disputarão as oitavas de final do campeonato e uma montanha de equipes que buscam fugir da queda.
A Segunda Divisão classifica os dois primeiros colocados à Primeira Divisão do ano que vem. O terceiro colocado precisará torcer pelo improvável: que um dos dois finalistas desista de disputar a Primeira Divisão de 2020. Só assim chegaria à principal competição estadual do País. A trambicagem interpretativa que pretende deturpar o regulamento da competição não cola num futebol minimamente sério.
A expectativa é de que a região possa ter pelo menos duas equipes na Primeira Divisão do ano que vem: o São Caetano que foi rebaixado em campo, mas permanecerá na competição porque herdará a vaga deixada pelo Bragantino, incorporado pelo Red Bull, e provavelmente o Água Santa de Diadema.
Teoria e prática
As possibilidades de o Santo André classificar-se entre os oito da fase de mata-mata são maiores do que chegar à decisão do campeonato. Mas quando se trata de Ramalhão nem sempre a teoria vira prática. Em 2016 a equipe também se classificou na bacia das almas, como ocupante da oitava e última vaga e, depois de eliminar o primeiro colocado São Caetano, venceu na semifinal e decidiu o título com o Mirassol, quando comemorou a conquista.
A expectativa antes de o campeonato começar era de que o São Bernardo estaria entre os oito classificados e que o Santo André jogaria para não ser rebaixado à Terceira Divisão. No fundo, no fundo, a tábua de classificação após 15 rodadas não está distante disso.
A competição tornou-se tão acirrada que a diferença entre o oitavo colocado Santo André (18 pontos) e o último colocado Penapolense (13 pontos) é bastante estreita. O aproveitamento de pontos do Santo André é de 42,85%, enquanto o do Penapolense é de 30,95%. Muito pouco entre quem pode disputar os dois primeiros lugares do acesso e quem está na zona de rebaixamento juntamente com o Linense.
Faltou um ponto
Mesmo apresentando uma campanha comprometedora ao prestígio de força especial da Segunda Divisão, com potencial permanente de acesso, o São Bernardo que flerta com o rebaixamento poderia com um empurrãozinho estar disputando uma das oito vagas do mata-mata.
Bastaria ter um ponto a mais que estaria matematicamente lutando pela classificação. Afinal, está a apenas três pontos do oitavo colocado Santo André. Só não respira acesso porque o confronto direto entre Santo André e Portuguesa o elimina de qualquer possibilidade.
Qualquer resultado entre Santo André e Portuguesa de Desportos no Estádio Bruno Daniel eliminaria o São Bernardo porque o time da Capital tem 17 pontos contra 18 do Santo André.
Para não depender de terceiros, agora na luta para fugir do rebaixamento, o São Bernardo precisa derrotar o Penapolense no Estádio Primeiro de maio. O adversário tem 13 pontos e seria rebaixado com a derrota. Nacional (15 pontos), Sertãozinho (14) e Linense (13), além de Atibaia (16) e Votuporanguense (16) também correm risco de queda. Havia muitos campeonatos da Segunda Divisão que não se observava luta tão acirrada para fugir da queda.
Liderança ameaçada
Já o Água Santa pode perder a liderança na última rodada, depois de praticamente dominar todo o campeonato. Com 28 pontos ganhos o time de Diadema sofre ameaça de perder a ponta da classificação para o Rio Claro, com um ponto a menos – e também uma vitória a menos, primeiro critério de desempate. As duas equipes jogam fora de casa: o Água Santa enfrenta um Linense ameaçadíssimo de queda enquanto o Rio Claro um Sertãozinho em situação semelhante.
O equilíbrio entre a maioria dos participantes da Segunda Divisão confirma a expectativa de que não há grandes saltos e abismos de investimentos numa competição sem receita oficial expressiva de patrocinadores. Além disso, enquanto na Primeira Divisão há os quatro grandes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro e outras seis equipes que estão na Série B Nacional, na Segunda Divisão nenhum clube está incluído no calendário nacional até a Série C, de Terceira Divisão.
A Federação Paulista de Futebol reserva menos dinheiro para a Segunda Divisão. O valor máximo na Segunda Divisão não ultrapassa a R$ 1.3 milhão, destinado às equipes que foram rebaixadas no ano anterior na Primeira Divisão. Já para os integrantes da Primeira Divisão o valor mínimo chega próximo a R$ 4 milhões. Os montantes variam de acordo com o histórico de cada equipe na respectiva competição.
Seguindo o dinheiro
Equipes da Grande São Paulo, Baixada Santista, da Região Metropolitana de Sorocaba e da Região Metropolitana de Campinas dominam o quadro de participantes na Segunda Divisão. Estão praticamente onde o PIB (Produto Interno Bruto) é maior. Apenas Votuporanguense, Linense, Sertãozinho e Penapolense estão muito distantes da Capital. Todas matematicamente ameaçadas de queda.
Em 14 rodadas as três equipes da região disputaram 117 pontos e alcançaram 52,13% de aproveitamento. Foram 16 vitórias (Água Santa nove, Santo André quatro e São Bernardo três), 13 empates (Água Santa um, Santo André seis e São Bernardo seis) e 13 derrotas (Água Santa quatro, Santo André quatro e São Bernardo cinco). O saldo de gols do conjunto dos times da região é de nove (10 do Água Santa, nenhum do Santo André e um negativo do São Bernardo).
Os números costumam retratar o comportamento geral das equipes numa competição. E muitas vezes revelam também o perfil técnico-tático. No caso do cometimento de infrações, o Água Santa somou 203 nos 14 jogos, contra 194 do Santo André e 232 do São Bernardo.
No ranking das 16 equipes da Segunda Divisão, o Água Santa está em situação intermediária em matéria de faltas, o Santo André está um pouco abaixo e o São Bernardo não tem concorrentes. Aliás, os números do São Bernardo revelam o quanto o trabalho do técnico Sérgio Soares foi comprometido: ele chegou quando a equipe estava na zona de rebaixamento. Sérgio Soares é adepto do futebol técnico.
Além de fazer um número médio considerável de faltas durante os 14 jogos, o Água Santa mostra também o quanto está comprometido com desempenho sem trégua: é recordista no número de cartões vermelhos (foram cinco até agora, líder isolado e absoluto no quesito) e outros 37 cartões amarelos (só perde para o XV de Piracicaba, que tem 42).
Os jogos deste sábado devem começar no mesmo horário. Para estar entre os oito e para fugir do rebaixamento, vale tudo. Inclusive atrasar o início. Todos os jogos estão catalogados como sensíveis às duas situações opostas, de glória ou de decepção. Cinco times jogam pelas duas vagas que restam à etapa de mata-mata. E sete para fugir do rebaixamento. Apenas seis equipes estão garantidas entre as oito melhores: Juventus, Internacional de Limeira, Água Santa, Rio Claro, Portuguesa Santista e XV de Piracicaba.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André