Esportes

O que a FPF deve fazer para
acabar com especulações?

DANIEL LIMA - 17/04/2019

Faço essa pergunta porque é preciso que alguém a faça. Mas, mais que fazer, porque fazer é fácil, também é preciso iluminar o caminho à resposta, se necessário. Afinal, o que a direção da Federação Paulista de Futebol deve fazer para acabar com a farra da especulação que quer colocar um time fantasma da Série A-2 na Série A-1 do Campeonato Paulista do ano que vem, diante da possibilidade de o Red Bull, que se fundiu ao Bragantino, desistir da competição e, também, sequer cogitar participar de uma parceria com equipe de alguma divisão inferior? 

Pergunto: seria providencial a Federação Paulista de Futebol vir a público antes da rodada decisiva da semifinal deste fim de semana da Série A-2 do Campeonato Paulista, a fim de eliminar de vez a dúvida plantada pelos industrializadores da lorota de que haveria uma vaga disponível na Série A-1 do ano que vem ao terceiro melhor colocado da Série A-2 desta temporada?

Três alternativas excludentes 

Há três alternativas excludentes que devem movimentar a direção da FPF. São caminhos distintos. Dois dos quais levam à preservação da legalidade do regulamento da Série A-2 e ao respeito à autonomia da Série A-1. O terceiro seria o fim da picada. Os formuladores de uma teoria sem base legal festejariam uma barbaridade, uma aberração ética. 

O que se coloca é o seguinte: deve a direção da FPF chamar a imprensa antes da rodada deste final de semana das semifinais da Série A-2, que decidirá os dois finalistas da competição, e consequentemente os novos integrantes da Série A-1? Estaria a FPF alimentando o monstro da fantasia de uma vaga que não existe a cada dia que se passa sem que tome posição oficial? 

Nada melhor que tentar pensar com a cabeça de quem está à frente do futebol paulista. 

Primeiro cenário 

O primeiro cenário leva a Federação Paulista de Futebol a desdenhar de qualquer pronunciamento oficial porque estaria cercada por dois biombos estratégicos. 

O primeiro, e principal, relativo à não confirmação da abertura da vaga na Série A-1. Afinal, o Red Bull poderia desistir de desistir de jogar a toalha e, por vantagem financeira, associar-se a outra agremiação. Foi assim que o Red Bull subiu no cangote do CNPJ do Bragantino e se instalou na Série B do Campeonato Brasileiro desta temporada. Portanto, com isso, a vaga de quem quer que seja que colaria no CNPJ do Red Bull seria preenchida. E, portanto, o pretendente da Série A-2 chuparia o dedo da frustração.

Segundo cenário 

O segundo biombo que motivaria o silêncio estratégico da FPF estaria atrelado ao tempo de que a entidade dispõe, até o Conselho Técnico da Série A-1 no último trimestre do ano, para resolver a situação. Se há tanto tempo assim, por que apressar os passos? Até lá, espera-se, a vaga da discórdia estaria equacionada pelo Red Bull isoladamente ou em conjunto com algum parceiro. 

O segundo cenário conduziria a direção da FPF a chamar a Imprensa para esclarecer o regulamento que o Departamento Técnico preparou e que parte de mídias sociais e também da Imprensa ligada ao futebol do Interior pretende ver ocupada por um representante da Série A-2. A lógica de eventual declaração da direção da entidade iria pelo caminho da legalidade expressa no regulamento. 

E essa legalidade não permite tergiversações: sobem apenas os dois primeiros colocados da fase semifinal da competição; ou, no caso de desistência de um desses dois melhores semifinalistas, subiria o terceiro classificado. 

Quem leu o Artigo Nono e seu Parágrafo Primeiro de outra maneira precisa ajeitar os óculos da sensatez. Ou deveria ler o regulamento na integralidade para se convencer de que a pregação pelo fantasminha pirata é uma bobagem. 

Terceiro cenário 

O terceiro cenário, que faria a alegria dos prevaricadores éticos ou dos ignorantes, porque não se pode defender uma causa ilegal com o pressuposto de que um time rebaixado em campo não pode continuar na competição (caso do São Caetano), colocaria o Departamento Técnico da Federação Paulista de Futebol na parede da desmoralização. 

Como a FPF desautorizaria o conjunto de artigos e parágrafos da Série A-2 por conta de uma mobilização seletiva de gente que bate o pé em nome de uma indecorosa leitura seletiva e fanatizada? Como fechar olhos, ouvidos e tudo o mais para os próprios valores regulamentares que a entidade produziu? 

Duvido que alguma das equipes que disputam uma das duas vagas à Série A-1 do Campeonato Paulista do ano que vem esteja preocupada agora em se transformar em fantasminha. Santo André, Água Santa, XV de Piracicaba e Internacional de Limeira jogam para conquistar espaço dentro de campo. O Água Santa, dono da melhor campanha, já está consolidado como terceiro melhor colocado das semifinais. Se continuar assim após o jogo de domingo de manhã contra o Santo André, que o derrotou de dois a zero no primeiro jogo, o Água Santa vai precisar torcer pela desistência de um dos dois finalistas para chegar à Série A-1 do ano que vem. Qualquer alternativa é a subjugação da legalidade. 



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