Deu no site “Futebol Interior” de ontem e no Diário do Grande ABC de hoje que o presidente do Água Santa de Diadema resolveu botar a boca no trombone para reivindicar uma vaga na Primeira Divisão (Série A-1) do Campeonato Paulista do ano que vem. Demorou para o time de Diadema reagir.
Desde que a Segunda Divisão terminou, o que aparentemente restou para o Água Santa sentir o cheirinho de Primeira Divisão foi contratar o técnico Fernando Marchiori e praticamente todos os titulares do Santo André, este sim legitimamente classificado.
Não estou com vontade de abordar ângulos já esmiuçados aqui e novos que brotam das declarações de Paulo Sirqueira, o investidor maior do Água Santa.
Por isso, para cumprimento formal de tabela e chamar a audiência para a edição de amanhã (esse chamar a audiência é brincadeira, claro), eis que coloco algumas questões que pretendo abordar, sem antes deixar de dizer que tanto o Futebol Interior como o Diário do Grande ABC compraram a versão contrária aos pressupostos do regulamento da competição, a versão de que existiria uma terceira vaga na Primeira Divisão.
Pontos mais relevantes
Quais são, portanto, os pontos nucleares sobre os quais o presidente do Água Santa evoca considerações?
1. A intromissão da Justiça Esportiva.
2. A negação da legitimidade da vaga conforme os desígnios do Red Bull Brasil.
3. A legitimidade da reivindicação da vaga.
Nada me impede de construir um juízo de valor sobre a reação do Água Santa sem entrar necessariamente nos pontos já mencionados e sobre os quais o Diário do Grande ABC e o site Futebol Interior cumpriram a tabela da informação repassada pelo dirigente.
Caminho por uma variável de jornalismo que leva aos leitores avaliações interpretativas. Ou seja, incorporo valores a informações consistentes ou não de entrevistado. Daí trato de invadir a grande área da contextualização dos fatos.
Por hoje, o que tenho é a seguinte conclusão preliminar: o Água Santa que pretende tomar a vaga que pertence ao Red Bull e que pode ser reivindicada condicionalmente pelo São Caetano deu uma força imensa à quebra do silêncio da Federação Paulista de Futebol. E como a FPF tem horror a pressões de filiados, ainda mais quando se cita a Justiça Comum como eventual instância definidora, a água do melhor juízo que se espera sobre o caso acabaria correndo em direção ao rio ao invés de percorrer desvio inapropriado.
Traduzindo a questão
Não entenderam nada do que pretendi dizer? Foi de propósito, para embaralhar mesmo a compreensão geral. Mas nada que não tenha solução.
O que quero dizer, agora em linguagem simples, é que o Água Santa perdeu a paciência com a Federação Paulista de Futebol e com isso beneficiou tanto uma reação engenhosa do Red Bull como um ganho de espaço precioso do São Caetano.
Embora um e outro jornal e site mencionem que a Federação Paulista de Futebol já tenha se pronunciado preliminarmente sobre a vaga da discórdia exaustivamente analisada neste espaço, oficialmente mesmo, preto no branco, nada, absolutamente nada, se formalizou.
A presidência da FPF é exercida por um profissional da discrição e seus assessores não o contrariam. Sabem o estilo do homem. E o homem gerador do silêncio guarda sempre uma carta na manga para situações semelhantes.
O Água Santa pode ter rompido o hímen dessa cultura institucionalizada na FPF. E por conta disso se daria muito mal. Até porque, convenhamos, o Água Santa não tem razão alguma para reclamar, porque a vaga que pretende é uma falácia que, se fertilizada pela FPF, seria uma insanidade regulamentar.
A vaga do Água Santa escorreu na arrogância de achar que superar o Santo André, adversário da semifinal da Segunda Divisão, era uma barbada.
O Água Santa já chegou à Primeira Divisão com a alocação do técnico e do time inteiro do Santo André campeão. Restaria disputar a Segunda Divisão no ano que vem com pinta de campeão. O resto é forçar a barra. O regulamento evoca uma definição de minha autoria: o pior cego não é aquele que não enxerga; o pior cego é aquele que pensa que enxerga.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André