Esportes

Rebaixamento do Red Bull vai
garantir São Caetano na Série A1

DANIEL LIMA - 08/08/2019

A direção do Red Bull já comunicou informalmente a Federação Paulista de Futebol que, por força da legislação esportiva, vai desistir de disputar a Série A1 do Campeonato Paulista no ano que vem, mas não abdicará de seguir disputando competições. Por isso, já programa o que poderia ser chamado de auto-rebaixamento à Série A2 do ano que vem. 

Isso quer dizer que, quando a decisão for oficialmente anunciada pela direção da FPF, o São Caetano festejará manutenção na competição. Qualquer enredo fora dessa configuração é golpe. 

O regulamento do principal campeonato estadual do País prevê o rebaixamento de duas equipes. O São Caetano terminou a edição deste ano em penúltimo lugar, à frente do São Bento, mas permanecerá na competição porque o regulamento não prevê a queda de três equipes. Tampouco o acesso de também três equipes. 

Fim das especulações 

Essa é uma bomba que liquida de vez com especulações em torno do clube que herdaria a vaga aberta pelo Red Bull. O Água Santa de Diadema candidatou-se ao acesso por via de um atalho sem fundamentação técnico-regulamentar que poderia dar pano para manga caso o time de Bragança Paulista simplesmente desistisse de uma das duas vagas que ocupa na Série A1, no caso como Bragantino e Red Bull. 

O São Caetano corre numa raia mais discreta, certo de que a FPF não cometeria o equívoco de negar o próprio regulamento formulado para a Série A2, que não prevê o acesso de três equipes. Tanto quanto não prevê o rebaixamento de três equipes da Série A1.

A decisão do Red Bull deverá ser anunciada nos próximos dias, segundo fontes da própria Federação Paulista de Futebol. Acredita-se que essa revelação, até outro dia fora de qualquer cogitação nos corredores da entidade, como se o óbvio fosse algo impenetrável, não deverá alterar os planos do Red Bull. 

Ou seja: por conta de uma estrutura sólida nas divisões de base, que será potencializada com a incorporação do Bragantino, o Red Bull não desistiria de seguir na grade do futebol paulista. Tanto que terá jogadores até 23 anos na disputa da Série A2 do ano que vem.

A diferença entre auto-rebaixamento ditado pela legislação esportiva e compulsoriamente ratificado pela Federação Paulista de Futebol e o que se poderia chamar de desistência pura e simples é que, se optasse pela segunda saída, o Red Bull seria atirado às feras da Série B-2, equivalente à Quinta Divisão de São Paulo. Essa hipótese prevaleceria no futuro, caso houvesse rompimento no acordo entre Red Bull e Bragantino. 

Obstáculos legais 

Esse desenlace, ou seja, a desistência do Red Bull, provocaria enormes prejuízos às divisões de base que serão cada vez mais sinérgicas no processo de incrementação de uma verdadeira fábrica de jogadores para exportação, além de utilização doméstica.  

O Red Bull terá de abrir mão da Série A1 do Campeonato Paulista – e passar a integrar a Série A2 -- porque o contrato firmado com o Bragantino encontra obstáculos na legislação esportiva, que impede que uma mesma agremiação conte com duas vagas numa mesma competição. Não se pode perder de vista que Bragantino Red Bull é a nova denominação jurídica das duas agremiações que estabeleceram unificação, com a incorporação do clube esportivo pelo clube empresarial.

Disputa sem acesso 

Tanto é consistente a inviabilidade de dois corpos esportivos ocuparem o mesmo espaço na hierarquia do futebol paulista que, ao disputar a Série A2 do ano que vem, como já anunciou informalmente, o Red Bull não terá direito ao acesso à Série A1. 

A situação é inédita no futebol brasileiro. Tudo que se escreveu até agora sobre múltiplas possibilidades de ocupação da vaga que seria deixada pela desistência do Red Bull perde força. Há um rio de diferença na interpretação do regulamento quando o que está em jogo é outra coisa, ou seja, o rebaixamento autoproclamado por medida estratégico-legal da equipe agora de Bragança Paulista, seguida de oficialização da Federação Paulista de Futebol. 

Mesmo na concepção anteriormente explorada, de que o Red Bull abdicaria da condição de filiado da Federação Paulista de Futebol, o São Caetano gozava de melhores perspectivas de seguir na Série A1. Afinal, desistência e rebaixamento têm grau de parentesco interpretativo. Bem maior que a deturpação da leitura e da avaliação do Artigo Nono, Parágrafo Primeiro, do regulamento da Série A2. 

A terceira colocação alcançada pelo Água Santa não favoreceria em absolutamente nada o acesso à Série A1 porque o regulamento é enfático: a equipe de Diadema só subiria se um dos dois primeiros colocados (Santo André ou Internacional de Limeira) desistisse do acesso. Uma cegueira coletiva, gerada a partir dos bastidores da Federação Paulista de Futebol, transformou caminhão de bois em caminhão de ovelhas. 

Personalidade dominante 

O comunicado ainda informal do Red Bull a dirigentes da Federação Paulista de Futebol de que seguirá disputando competições significa que, embora cercado de cuidados extremos e de baixa transparência, o contrato firmado entre Bragantino e Red Bull configura do ponto de vista formal a unificação dos clubes. 

A marca Bragantino foi preservada na disputa da Série B do Campeonato Brasileiro e seguirá valendo, segundo informações, também na Série A1 do Paulista. Haveria espécie de quarentena até que o Red Bull absorva a personalidade esportiva do Bragantino nas duas competições, já que detém o controle jurídico-institucional da equipe. 

Durante todo o período recente de projeções sobre o que ocorreria com a vaga supostamente a ser deixada pelo Red Bull não faltaram informações que preocuparam a direção do clube empresarial com várias ramificações internacionais. Uma versão que colocava o Red Bull num redemoinho de agressão ética chamou a atenção dos dirigentes baseados na Áustria. Sugeriu-se que o Red Bull venderia a vaga a que tem direito na Série A1 do Campeonato Paulista. 

Como a notícia poderia causar mal-estar, uma segunda proposta daria margem a malvadezas: o Red Bull comunicaria oficialmente a desistência da vaga e das competições da Federação Paulista de Futebol. Entretanto, estranhos ao ambiente do clube favoreceriam terceiros interessados na disputa da Série A1 em troca de recursos financeiros não contabilizados.  

A Federação Paulista de Futebol deverá comunicar o rebaixamento do Red Bull e a consequente manutenção do São Caetano na competição. Só haveria uma possibilidade de a entidade bater oficialmente o pé em defesa de um acesso irregular, no caso do terceiro colocado da Série A2: caso tenha algum tipo de birra com o São Caetano. 

Sabe-se que há entre alguns dirigentes da entidade uma defesa que já foi enfática e agora seria apenas quase resignada de apoio à tese do Água Santa de Diadema. 

Rebaixamento é rebaixamento

A configuração de rebaixamento do Red Bull para a Série A2 juntamente com o São Bento de Sorocaba liquidaria com qualquer tentativa de manipulação interpretativa do regulamento. Ou melhor: dos regulamentos, porque tanto na Série A1 quanto na Série A2 artigos e parágrafos não preveem mais que dois clubes usufruindo do acesso nem dois clubes sofrendo as dores do rebaixamento.  

Para ser propositalmente redundante, não se trabalha legalmente na avaliação dos dois regulamentos com qualquer hipótese que transforme auto-rebaixamento seguido de rebaixamento oficial do Red Bull em algo como “afastamento”, “desistência” ou equivalente subjetivos.

Rebaixamento jurídico obrigatório exaustivamente analisado pela direção do Red Bull seguido de rebaixamento indiscutível que permearia a avaliação da Federação Paulista de Futebol em nome da coerência é rebaixamento incontestável. 

Quem é obrigado a deixar a Série A1 e se inscreve na Série A2 é um clube irremediavelmente rebaixado. E como o regulamento da Série A1 prevê a queda de duas equipes, o São Caetano estará garantido na competição do ano que vem. Ou então a Federação Futebol Paulista de Futebol poderá viver dias de insegurança que inclusive colocariam a disputa da Série A1 do ano que vem em risco. 



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