Não, não vou esmiuçar hoje uma análise sobre o desafio que lanço à presidência da Federação Paulista de Futebol. O que está no centro do palco de debates é a legalidade de a entidade impor goela abaixo do próprio regulamento que concebeu o acesso do terceiro colocado da Série A2 desta temporada. A equipe abençoada pela FPF ocuparia a vaga que deverá ser deixada pelo Red Bull, após associar-se ao Bragantino.
Vou deixar para amanhã ou para a edição de segunda-feira o que estou anunciado hoje. O que quero mesmo é dar uma colher de chá ao presidente Reinaldo Bastos para que saia de uma bifurcação decisória implacável: ou ele é um gênio ou é um falastrão.
Se querem saber de antemão, respondo: duvido que seja um gênio. Pelo menos nesse caso específico, porque, como se sabe, ninguém fica tanto à frente de uma entidade tão importante sem ter, reconhecidamente, muitos atributos.
Quatro pontos centrais
Para não dizerem por onde quer que seja que construo um castelo de areia de tergiversações, subjetividades e outros supostos truques avaliativos, desde que faz tempo levantei a tampa do bueiro de uma leitura enviesada de terceiros sobre o regulamento da competição, antecipo os pontos implacáveis ao presidente da Federação Paulista de Futebol. Pontos que o colocam inapelavelmente a nocaute.
Sugiro ao presidente Reinaldo Bastos que desconsidere eventual consulta à equipe de advogados e assemelhados que o rodeiam. Eles, até exemplo em contrário, são incapazes de um confronto com o chefe. Raramente resistem à hierarquia formal e à amizade consolidada.
Portanto, o presidente de ir ao mercado e procurar gente apetrechada, sobremodo fora do mundinho mais que manjado do futebol, e entregar o regulamento à análise. Aposto o quanto quiser que vai quebrar a cara por ter andado por aí dizendo que o terceiro sobe.
Vai mesmo quebrar a cara se um eventual parecer contratado junto a um profissional sério, competente, sem rabo preso com quer que seja, seja preparado sempre levando em conta o regulamento. Nada mais que o regulamento.
Patético ou genial?
Reinaldo Bastos vai perceber que o estão levando à patetice e que a genialidade em outros campos do futebol o deserdaria na seara regulamentar. Não existe nenhuma base legal que remeta o terceiro colocado da Série A2 à Série A1 do ano que vem, exceto se o campeão ou o vice-campeão desta temporada da Série A2 (Santo André e Internacional de Limeira) desistir do acesso.
Reinaldo Bastos precisa sair da saia justa em que o meteram e respirar ares diferentes dos habituais na sede da Federação Paulista de Futebol. Que venha para o embate com um jornalista que só tem o compromisso de informar com responsabilidade social.
Fosse qual fosse a equipe a ocupar o terceiro lugar (por acaso é um representante do Grande ABC, mas poderia ser até do Vaticano) não existe a menor possibilidade dentro da ética e da moralidade esportivas que levaria um especialista a mudar o que é imutável. Quem pariu o regulamento que o respeite. E a Federação Paulista de Futebol é a única responsável por qualquer barbaridade decisória que infrinja o que está escrito e sacramentada.
As quatro barreiras
Para facilitar a vida de Reinaldo Bastos e do que supostamente seria o quadro de eventuais defensores de uma interpretação caolha do regulamento, passo os quatro pontos centrais que vão lastrear o artigo que vou escrever para a edição de amanhã ou de segunda-feira:
1. Constitucionalidade pétrea.
2. Limitação ocupacional.
3. Divisibilidade territorial.
4. Restrição ascensional.
É claro que enfiei uma roupa de sofisticação no uso de expressões que vão instruir meu texto. Poderia simplificar tudo e tratar os quatro núcleos de considerações usando linguagem puramente esportiva. Utilizarei essa perspectiva quando me puser a escrever uma análise, mais uma, sobre a aberração que se pretende impor por conta de coisas estranhas.
Caso Reinaldo Bastos resolva passar uma cópia deste texto a seus auxiliares diretos, aos supostos entendidos no assunto, eles terão dificuldades de entender aonde pretendo chegar. Reconheço que as designações-síntese que utilizei são uma espécie de exagero, mas o fiz de propósito.
Mas não acreditem em nada que leve a sugerir que o texto seguiria o mesmo caminho hermético. Nada disso. Posso garantir.
O que quero mesmo é chegar a uma conclusão e a conclusão não se refere diretamente a eventuais dificuldades de provar que uma terceira equipe da Série A2 disputaria a Série A1 do ano que vem, porque o que temos é uma barbada, ou seja, a tese é indefensável.
A conclusão a que quero chegar é se o presidente da Federação Paulista de Futebol é um gênio ou um falastrão.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André