Esportes

Saul terá clube-empresa
para estabelecer parcerias

DANIEL LIMA - 03/09/2019

Está decidido: o empresário Saul Klein, responsável direto pela consagração do São Caetano no futebol brasileiro no começo deste século (e também pela manutenção da equipe nas temporadas seguintes, inclusive nestes dias), terá o próprio clube-empresa para estabelecer parcerias e continuar a desenvolver paixão pelo esporte.

A diferença, como já antecipamos, é que desta vez atuará como empreendedor/investidor e não mais como doador, como o fez no clube do Grande ABC. Saul Klein vai estruturar equipe de executivos para planejar e controlar diretamente todas as instâncias da agremiação empresarial, sejam quais forem as parcerias estratégicas que se abririam.

Alguns desdobramentos da saída de Saul Klein do São Caetano Futebol Limitada ainda são mantidos em sigilo, mas nada impediria iniciativas para o futuro. Uma das principais consultorias nacionais em gestão de Direitos Esportivos está sendo contratada para preparar a arquitetura jurídica que permitirá a Saul Klein nova etapa no futebol. O mecenas dará lugar ao investidor.

Profissionalização total

Como ainda nada está delineado de forma a assegurar as ações do clube-empresa sob o comando de Saul Klein, especula-se sobre eventuais configurações. Um assessor direto do empresário afirma que o encaminhamento conceitual que confluirá na direção de uma agremiação diferenciada no futebol brasileiro levará em conta medidas de compartilhamento de investimentos e retorno de capital que não abram mão de responsabilidade social.

A iniciativa de Saul Klein decorre do assédio dos últimos dias, após propagar-se decisão de que cansou de atuar passivamente como doador do São Caetano Futebol Limitada. Agora Saul Klein quer atuação prospectiva. O afastamento nos últimos anos, desde que passou a conviver com problemas de saúde somente agora superados, gerou inconformidades na gestão do clube-empresa comandado por Nairo Ferreira de Souza. Há cuidado especial no tratamento da situação constatada por Saul Klein nos últimos meses.

Colocam-se no campo da especulação vários ângulos da gestão de Nairo Ferreira que teriam levado Saul Klein desistir de seguir irrigando recursos financeiros ao clube-empresa. Não faltariam dados que poderiam ser catalogados como constrangedores.

Modelo do avesso

O São Caetano Futebol Limitada seria, paradoxalmente, um exemplo a ser explorado pela consultoria especializada. A recomendação centralizaria fogo no modelo que está ultrapassado entre outras razões porque a direção executiva teria se excedido na arte da opacidade. Ou seja: não teria tratado os recursos financeiros do principal doador com transparência e parcimônia.

A recomendação de Saul Klein para o arcabouço jurídico-esportivo da agremiação empresarial que pretende anunciar leva em conta a importância de se criarem prerrogativas a um profissionalismo imperativo em todos os departamentos.

A lista de equipes e municípios interessados em contar com o reforço de Saul Klein no futebol profissional é extensa. Três do Grande ABC já teriam se candidatado. Outras da Grande São Paulo e até do Interior do Estado também. A informação de que o empresário vai adotar novo modelo de parceria deverá ter repercussões intensas, dissuadindo ou incrementando as investidas.

Décadas de experiência

Há muita dúvida quanto à operacionalidade do novo modelo. Mas não pareceria haver motivo para tanto. O novo clube-empresa de Saul Klein vai exercer o controle de uma agremiação que mantenha futebol profissional ou mesmo de uma agremiação que pratica futebol amador e que poderia se profissionalizar, caso do São Caetano no passado. A diferença entre uma coisa e outra são mais de duas décadas de experiência, além ou principalmente de uma assessoria com atuação em vários clubes brasileiros que passaram por processo semelhante, ou seja, de recomposição diretiva e também societária.

No caso de preferir uma equipe de futebol profissional já em operação, o clube-empresa comandado por Saul Klein poderia encaminhar, sempre com assessoria especializada, espécie de incorporação do Departamento de Futebol. O modelo aplicado pela empresa que comanda o Red Bull e o Bragantino parece o mais próximo do objetivo pretendido.

A assessoria de especialistas em Direitos Esportivos é considerada essencial à empreitada de Saul Klein no futebol. Por isso mesmo o empresário parece não estar disposto a apressar demasiadamente os passos após o rompimento com o São Caetano. Quer a segurança jurídica de que o processo de consolidação do clube-empresa como controlador de uma equipe de futebol na qual investiria recursos agora de olho também em retorno de capital será inabalável. Ou seja: profissionalização seria mandamento sagrado de dinâmica dentro e fora dos campos.

Longa duração

A decisão de construir o próprio clube-empresa ao invés de ingressar numa agremiação já em atuação decorre justamente de um projeto que tem a longevidade como pressuposto. Saul Klein não quer ser surpreendido por deslizes financeiros de qualquer espécie. Especialistas em Direitos Esportivos atuariam permanentemente, mesmo após a configuração do clube-empresa. Ações preventivas assegurariam parcerias produtivas.

Por essa e outras razões Saul Klein não excluiria o São Caetano da relação de candidatos a contar com o suporte do clube-empresa que está no horizonte próximo. Bastaria, para tanto, que os atuais executivos, responsáveis pelo desempenho empresarial da agremiação, saldassem todos os compromissos assumidos ao longo dos anos, entre outras condicionantes.

O que Saul Klein quer dizer com isso é que não transformaria a decepção com a gestão liderada por Nairo Ferreira em impeditivo compulsório à escolha da agremiação que contará com a gestão do clube-empresa a ser formatado em reuniões com executivos da consultoria especializada.

Resta saber até que ponto a gestão do São Caetano Futebol Limitada chegou ao limite do razoável a ponto de possibilitar reviravolta na decisão de Saul Klein. Fontes próximas à presidência executiva do São Caetano Futebol Limitada antecipam que há situações incontornáveis sob a ótica empresarial. Um mecenas poderia aliviar a situação de descontrole dos gestores da agremiação, mas um empreendedor esportivo provavelmente se afastaria dos problemas. Saul Klein estaria no segundo grupo.



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