Conselheiros da Associação Desportiva São Caetano estão desistindo de ir à Justiça Esportiva para tentar reparar a aberração da Federação Paulista de Futebol que entregou ao Água Santa de Diadema a vaga aberta pelo Red Bull na Série A1 do Campeonato Paulista. A renúncia do presidente do São Caetano Futebol Limitada, clube-empresa que representa a cidade nas competições, não se consumou nesta semana. Sem que o clube-empresa tenha um diretor-executivo de confiança de conselheiros e torcedores, não existe segurança de mudanças na equipe que está rebaixada à Série A2.
A perspectiva de futuro imediato do São Caetano segue nebulosa. Mais propriamente a caminho de um desfiladeiro técnico que poderia culminar em novo rebaixamento no futebol paulista.
Sem o dinheiro do mecenas Saul Klein, que agora está atuando com investidor em alguns ativos em forma de jogadores, o São Caetano vai desmoronar. Não existe institucionalidade que impeça a degringolada.
O São Caetano está longe de ser um Figueirense que, nesta temporada, saiu a toque de caixa da condição de clube-empresa fadada ao rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro e, de novo sob as asas de clube associativo, mobilizou a torcida e escapou do pior. Disputará a Série B de novo no ano que vem.
Sem renúncia, nada feito
Conselheiros e torcedores do São Caetano que ainda representam probabilidade de resistência à derrocada que se avizinha já se haviam definido pelo recurso ao Tribunal de Justiça da Federação Paulista de Futebol. Para tanto, contavam com a renúncia de Nairo Ferreira e com a possibilidade de convencer Saul Klein a investir na agremiação mesmo que em níveis bem inferiores aos milhões dos últimos anos. A primeira etapa precisaria ser vencida, mas Nairo Ferreira recuou. Ele prometera assinar a renúncia e dar aos conselheiros e torcedores o direito de escolher um diretor-executivo que harmonizaria os interesses do clube-empresa na Federação Paulista de Futebol. Nada foi levado adiante.
A Associação Desportiva São Caetano tem a representação legal do São Caetano Futebol Limitada na Federação Paulista de Futebol. Teoricamente, poderia sustentar uma representação efetiva, mas é o clube-empresa de Nairo Ferreira quem tem relações estreitas na FPF. Tão estreitas que até antecipou valores monetários previstos para o próximo ano em forma de cotas de participação na Série A2.
Há regramento que dosa a liberação de recursos. Privilégios são condenados, mas com Nairo Ferreira, omisso no caso da vaga da vergonha, houve facilitação. A FPF costuma tratar bem apenas quem não lhe opõe resistência. Segue uma linha típica dos mandachuvas e mandachuvinhas.
Sucessão de problemas
Ainda não se tem informação segura sobre quem Nairo Ferreira vai escalar para representá-lo juridicamente e também no dia a dia do São Caetano. É pouco provável que Nairo Ferreira permaneça no dia a dia porque estaria em condições de saúde pouco satisfatórias. Os últimos meses de contrariedades o teriam sufocado.
Nairo Ferreira teria passado por sucessão de questionamentos em várias esferas, inclusive criminais, sobre o destino dos milhões que Saul Klein destinou legalmente ao clube-empresa. Consta que não deu conta do recado. Daí os conselheiros e torcedores o pressionarem a deixar a direção do clube.
O recurso na Justiça Esportiva ainda mobiliza representantes do futebol de São Caetano, mas houve recuo logo após a informação de que Nairo Ferreira passou a ficar irredutível quanto à renúncia. O dirigente teria refletido sobre ganhos e perdas que resultariam da iniciativa.
O São Caetano tem dívida consolidada de mais de R$ 30 milhões. Pior que isso só a perspectiva de que o volume pode aumentar com novos e ainda não identificados credores, especialmente na área trabalhista. Ou seja: o clube-empresa que ainda tem sete anos de concessão como representante de São Caetano poderia ser uma bomba-relógio financeira. Eventuais interessados em assumir as ações de Nairo Ferreira (a Associação Desportiva São Caetano conta com apenas 1% das cotas) estariam mais que reticentes. Já houve algumas consultas, mas no mercado da bola empresarial vale mais quem tem menos trambolhos financeiros a saldar em associação com visibilidade na hierarquia do futebol brasileiro.
O entorno de Saul Klein acompanha a movimentação em São Caetano, mas está mesmo focado no contrato em fase de análise que o empresário assinaria nos próximos dias com a Ferroviária de Araraquara, também um clube-empresa. As informações são rarefeitas.
Tem-se como certo que Saul Klein teria a parceria de uma das maiores agências nacionais de ativos futebolísticos, ligada ao megainvestidor Giovanni Bertolucci, de forte aderência internacional. O noticiário é farto sobre essa relação, mas efetivamente nada ainda se consumou.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André