Há uma inversão intolerantemente abestalhada no caso que envolve o presente, o passado e o futuro do São Caetano. Vejam só os leitores: cobram do então generoso doador de recursos financeiros Saul Klein (dinheiro limpo, com passagem obediente pelos corredores da Receita Federal) um curso de especialização em estupidez como obrigatório financiador do time de futebol regional mais vitorioso neste século. Enquanto isso, omitem ou perdoam, para não dizer relevam, as estripulias de dois dirigentes que comandaram o clube-empresa, o então presidente Nairo Ferreira e o então vice Genivaldo Leal. Olhem as contas do São Caetano e cairão todos do andaime da negligência crítica.
Um resumo dessa ópera do absurdo é que a vítima de desvios financeiros estonteantes está sendo cobrada pelos incautos ou malandros da hora.
Querem-no como eterno financiador do São Caetano, mesmo reconhecendo, esses incautos ou malandros de bastidores, que a dupla do barulho fez de dinheiros de doações gato de desvios à finalidade esportiva e sapato de arbitrariedades diretivas.
Perfumaria abominável
Até que ponto é possível acreditar que o Grande ABC tão decadente em valores econômicos e morais vai dar corda a tentativas de perfumar o resultado de uma defecção orgânica ética, moral e financeira?
Tentar criminalizar o doador que virou otário e glorificar os dirigentes que se tornaram contumazes prevaricadores seria mesmo o fim da picada, o fim do caminho.
Qualquer iniciativa em diferentes campos de avaliação diretamente relacionados ao clube-empresa de São Caetano (duas vezes vice-campeão brasileiro, uma vez campeão paulista e uma vez vice-campeão da Taça Libertadores da América, tudo neste século) que pretende transformar doador-otário em vilão se tornará patética, quando não irresponsável.
A bem do serviço esportivo público, houvesse em São Caetano forças vivas que dignificassem o próprio histórico da agremiação, medidas legais seriam tomadas para aferir o tamanho dos descalabros da dupla do barulho.
Dissociar o São Caetano Futebol Limitada da história do Município de São Caetano é como pretender negar a influência de imigrantes europeus na própria história local. Uma coisa está relacionada à outra. A imagem de São Caetano, cidade minúscula em meio ao inferno metropolitano, é reconhecida como ponto de destaque no mapa da institucionalidade nacional sobretudo por conta do São Caetano que o empresário Saul Klein sustentou durante punhado de anos. Dinheiro limpo, inspecionado pela Receita Federal, cabe repetir sempre.
Sincronia financeira
E é esse mesmo doador de dinheiros abundantes, amealhados legalmente, com muito trabalho, como integrante da família Klein, que, estranhamente, virou alvo de terceiros acovardados. São ataques sutis que deveriam se concentrar na dupla do barulho que durante muitos anos assolou a agremiação. Estragos financeiros enormes, coincidentemente alinhados a enriquecimentos familiares. Mais que isso: dinheiros que, por mais que fossem doados mais geravam déficit orçamentário e uma avalanche de dívidas fiscais, trabalhistas e tantas outras.
Deu-se no São Caetano o milagre do reverso, ou seja, a montanha de complicações financeiras aumentava na exata medida do avanço das doações e, para completar, do enfraquecimento esportivo dentro de campo.
As forças vivas de São Caetano, gente que transita nos poderes locais, muitos dos quais membros do Conselho Deliberativo da Associação Desportiva São Caetano, deveriam tomar a iniciativa de abandonar o acovardamento. Até agora o nível de reação é escasso, quando não delituosamente reverso. O silêncio da maioria e a ação maliciosa de terceiros próximos ao ex-presidente Nairo Ferreira indicam que eventuais interesses cruzados ditam o ritmo da safadeza de sugerir que Saul Klein possa ser criminalizado moralmente por ter dado um grito de liberdade ao constatar falcatruas diretivas.
Pressões delinquenciais
Está-se perdendo, portanto, uma grande oportunidade de colocar na prateleira de parcas decisões de comprometimento de fato com o futuro do São Caetano uma peça de indignação e esclarecimentos.
Maus gerenciadores do futebol profissional da cidade (que, repito, é o cartão de visitas do Município) poderão, nessa altura do campeonato, ser olimpicamente protegidos dos desvarios que cometeram e, em oposição, o grande benemérito da agremiação, passar para o campo da insensibilidade, do descaso, do desprezo, somente porque, vejam só o tamanho da burrice, deixou de entregar seu dinheiro limpinho a desvios enriquecedores.
Em situação normal de tempo bom e temperatura agradável de responsabilidade social, as lambanças da dupla Nairo-Leal no São Caetano deveriam ser esmiuçadas por todos que se manifestam preocupados com o futuro do São Caetano.
Entretanto, é mais fácil e conveniente ceder a pressões delinquenciais que visam mais que preservar os larápios do futuro da agremiação como, também, entregar-lhes os títulos, quem sabe, de grandes benfeitores. Não foi por acaso Nairo Ferreira ainda outro dia contemplado como Emérito pelo Legislativo de São Caetano?
Quem entende que a situação do São Caetano Futebol Limitada é um fato estrito à atividade esportiva não entende nada de cidadania e de capital social. O Grande ABC está envelhecido na economia e apodrecido nas instâncias sociais. Permitem-se barbaridades que, mesmo desmascaradas, prometem retornar em forma de heroísmo, de salvadores da pátria.
Tenham a santa paciência! Acorde, São Caetano. Quem sabe ao acordar, desperte também o Grande ABC excessivamente permissivo em tantas atividades humanas.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André