O lobby em defesa de pesquisas eleitorais já chama de censura o que a Câmara Federal pretende aprovar ainda este ano, mas a realidade histórica dos fatos e das especulações não pode ser desconsiderada nem desqualificada: os institutos de pesquisa sabem que precisam de freios, mas se recusam a admitir medidas sobretudo de transparência metodológica e aplicação prática. Faz parte do corporativismo manter o que está como forma de evitar correções de rumo.
Resta saber apenas se o Congresso Nacional não sairia do atoleiro de imprecisões e jogadas mais que manjadas dos institutos de pesquisa arremessando o que resta de credibilidade à degringolada geral.
Por causa de uns ajustes técnicos nesta revista digital, não consegui ter acesso aos textos que já produzi sobre pesquisas eleitorais. São mais de uma centena. A maioria das quais com restrições aos resultados apresentados.
Portanto, aos incautos de plantão, verborrágicos na insidiosidade de ataques gratuitos, convém não esquecerem que o que se segue tem um fio condutor que o liga ao passado. Não é absolutamente nada relacionado ao quadro regional ou nacional do momento ou recente. É uma linha de tempo contínua. Descontextualizar o que se segue é mau-caratismo, é precipitação, é mundanismo intelectual.
Silêncio articulado
Em larga escala os institutos de pesquisas manipulam os dados como resultado de uma orquestração geralmente silenciosa da metodologia aplicada. E das interpretações levadas a cabo.
Antes da explicitação da polaridade entre direita e esquerda no País (e no mundo, para variar), não se dava tanta ênfase à mostra dos fundilhos dos interesses recônditos dos dados e das avaliações. Agora está tudo muito escancarado. Institutos de pesquisas ganharam o foro de linha auxiliar em defesa de determinadas definições editoriais dos grandes veículos. O que era uma obra de sutilidade virou escancaramento. Com poder de influência enorme.
Proibir que pesquisas eleitorais sejam divulgadas três dias antes das disputas efetivas é muito pouco. E o argumento dos deputados que defendem a medida também é pouco consistente, porque determina que os institutos de pesquisa informem o percentual de acertos nas últimas cinco eleições. Bobagem.
Contradição latente
Impedir a realização e a publicação mesmo que cifrada de números nos últimos três dias e exigir o grau de acertos nas últimas cinco eleições formam uma contradição. Os resultados das últimas cinco eleições estão estreitamente ligados às conjecturas criativas dos dados liberados à divulgação no dia oficial de disputa.
Na tentativa de defender o Datafolha, do qual é diretor-geral, Mauro Paulino só dá munição a quem vê nas pesquisas eleitorais muito mais que números e avaliações tendenciosas quando estruturadas por veículos de comunicação diretamente ou em forma de consórcio relacionados ao instituto de pesquisa. Ou seja: há uma engrenagem deliberada, de uso da ciência para convencer o distinto público equidistante ou indeciso quanto ao voto que depositará nas urnas eletrônicas.
O que disse Mauro Paulino de tão substantivo assim? Leiam suas declarações à Folha do Datafolha, da Globo e de veículos consorciados que, corretamente, se juntaram na empreitada de dar transparência e celeridade aos infortúnios da Pandemia do Coronavírus:
O Datafolha já demonstrou que parte significativa dos brasileiros decide seu voto às vésperas ou mesmo no próprio domingo do pleito. Em pesquisa feita logo após o primeiro turno em 2018, constatou que 26% decidiram o voto para presidente na última semana de campanha., sendo que 6% finalizaram a decisão na véspera, e 12% no dia da eleição. Já o voto para governador foi decidido na última semana por 38%, sendo que 17% o fizeram no própr5io dia. São contingentes significativos de eleitores que querem pensar até o fim, disse o representante do Datafolha.
Reciclagem providencial
Quem despreza o poder de influência de institutos de pesquisas eleitorais precisa se reciclar porque toma o individual de suposta maturidade política pelo coletivo consistente de volubilidade eleitoral. Verdade que o dirigente do Datafolha confirma com dados estatísticos. Resta saber se os dados estatísticos são confiáveis. Mas que há elevada margem de despolitizados suscetíveis a manobras discretas ou ostensivas de captura de indecisos, não se pode duvidar. E é com isso que os interesses escusos convivem.
Recentemente fiz uma avaliação das rodadas de pesquisa do Datafolha que tinham como centro de atenção o governo de Jair Bolsonaro e a máquina de trituração de reputação que, azeitadíssima pelo consórcio de imprensa, pretende derrubar o presidente trapalhão. Abordei todas as variações possíveis. O Datafolha não é transparente, dá sinalizações robustas de que se utiliza de metodologia previamente definidora do resultado a que pretende chegar e carrega em suas entranhas a linha editorial de justificadas críticas ao presidente da República. Tanto quanto adota, agora o jornal, uma política de revelar as derrapadas presidenciais na mesma intensidade utilizada para esconder o passado de gente da pior espécie da política.
Seria interessante os institutos de pesquisa mais badalados (o Datafolha, principalmente) saírem a campo (supervisionados por gente qualificada no assunto e sem rabo preso com o consórcio de veículos) e levasse a cabo, por exemplo, uma pesquisa para detectar o grau de confiança do eleitorado sobre as pesquisas eleitorais. O resultado seria desastroso ou catastrófico.
Passado pesado
O resultado da pesquisa das pesquisas do Datafolha seria desastro se as questões fossem elaboradas de forma equilibrada, sem vícios de origem, com neutralidade absoluta. E seria catastrófico se os enunciados carregassem os vieses político-eleitorais do Datafolha que inoculam no subconsciente dos entrevistados o bandeamento àquilo que os alquimistas de bastidores mais utilizam. Assim como no comércio um bom negócio começa com uma compra bem-feita para possibilitar uma venda lucrativa, nas pesquisas eleitorais ou de tantas outras temáticas o que prevalece na conflagrada polarização político-ideológica é uma engenhosa articulação indutiva que, na ponta da cadeia de embromações, se dará o nome de resultados.
Apesar das dificuldades de acesso, eis que consegui capturar um dos textos que trato do Datafolha. A análise foi publicada na edição de seis de julho do ano passado. Repasso alguns trechos apenas, que são suficientes para completar as avaliações de hoje. Eis parte do que escrevi, em parte, sob o título “Dossiê prova que Datafolha faz de pesquisa alquimia editorial”:
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O que segue foi publicado na revista digital CapitalSocial. Agora virou dossiê. Todas as edições (e foram oito) estão consolidadas neste documento. O resumo dessa ópera é claro e objetivo: o Instituto Datafolha manipula dados e interpretações. Atua na clandestinidade de enunciados e de encaminhamentos de questionários, matéria-prima das informações. E também se sobrepõe à ciência que supostamente resguardaria como fonte de credibilidade e ponta de lança de avaliações. Uma farsa, como se verá. O Datafolha é, também, ferramenta sincronizada com os anseios da chamada Grande Mídia para atacar a República. O objetivo é desgastar a presidência de modo a encaminhar o impeachment ou a renúncia, premissa que arrefeceu nas últimas semanas ante a constatação de resistência. Tudo é feito com metodologia. Perniciosa metodologia. O Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal não resistiriam à fraude metodológica e aplicativa do Instituto Datafolha. Seriam destroçados pela Grande Mídia se a Grande Mídia os colocasse na mira de caça. A caça que tem outro endereço. O Executivo, com todos os deslizes, tem suportado a carga. Mas se debilita além das próprias pernas de trapalhadas.
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O Instituto Datafolha é um imenso guarda-chuva de interesses concentrados na troca da direção presidencial. Por isso, sai da linha de produção sistemática campanha cujo objetivo é fragilizar o Executivo. Tudo em nome da democracia. Um discurso forte. Chega-se a uma engendrada maquinação que ameniza a atuação do Legislativo e do Judiciário. A finalidade é demonstrar que o Executivo é o grande mal do País. E que, portanto, precisa ser removido. Caça-se o presidente da República em campo aberto. O Datafolha é muito mais que um instituto de pesquisa. É uma ferramenta político-estatística a serviço de uma empreitada controversa. O Datafolha integra a rede da Grande Mídia liderada pelo conglomerado Globo com participação também da Folha de S. Paulo, Estadão e veículos agregados no campo digital.
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O Datafolha é uma usina de fake news que alimenta sincronizadamente a fornalha de convencimento da Grande Mídia. Quem desdenha do poderio de plantio e colheita do Datafolha subestima uma ordem unida que tem como pressuposto enquadrar a opinião pública ou parte da opinião pública numa determinada direção sustentada pela Grande Mídia. As redes sociais vieram para atrapalhar esse jogo de cartas marcadas. Por isso são tão odiadas pela Grande Mídia. É verdade que as redes sociais comportam porção de milicianos à direita e à esquerda. Mas são os milicianos à direita os mais combatidos, porque mais numerosos. Aos incautos sugere-se que a guerra de guerrilhas das fake news é um jogo de um time apenas. E que também as redes sociais inauguraram o placar de manipulação informativa. Como se o jornalismo tradicional fosse um mar de honestidade intelectual. O Datafolha é fonte inesgotável de manipulação de dados e interpretações nas fases operacionais e também nas etapas seguintes à coleta de dados. Já o fora durante a campanha eleitoral de 2018. Mas agora seus poderes são mais abrangentes e densos. Está mais associado a uma conjugação de esforços para a retomada do poder da oposição derrotada em 2018.
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Há duas maneiras de observar o que se segue. Um bloco extremista provavelmente vai vincular o texto à partidarização e a ideologização. Outro bloco verá apenas jornalismo, nada mais que jornalismo. Não estou preocupado com o tamanho de uma banda ou de outra. O Datafolha é um freguês relativamente assíduo nas páginas desta revista digital. São 78 textos que tratam do instituto, de forma direta ou indireta. Na campanha presidencial de 2018, CapitalSocial cansou de denunciar distorções encobertas pela chancela da ciência. Nunca esteve tão em voga como nestes dias de pandemia avocar a ciência para tudo. Como se cientistas não fossem, também, um bando de loucos por teses próprias. Basta ver quanta controvérsia existe, por exemplo, no uso de medicamentos, de vegetais e de tantos outras matérias-primas da discórdia.
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Desta vez será diferente das anteriores. Fundamento a ação do Datafolha de maneira mais aprofundada e abrangente. Por isso divido a inspeção crítica em capítulos. Mostro pontos sobre os quais se movem os tentáculos de poder do Instituto ligado à Folha de S. Paulo. Quem comete o equívoco de separar Datafolha de Folha de S. Paulo perde oportunidade de ouro de decifrar mecanismos que os colocam na mesma diagramação estratégica. São irmãos siameses nas conjecturas e decisões específicas de minar o terreno do governo federal. Não espere que alguém do reino predominante da mídia comprometida com a caça a Jair Bolsonaro faça qualquer tipo de análise crítica ao Datafolha e à Folha de S. Paulo na arquitetura de hostilidades que, com arte, expressam com ares de humanismo, civilidade e comprometimento com a democracia. Será perda de tempo.
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A Grande Mídia se protege e também se articula mutuamente. Há um pacto em torno da derrubada do presidente. E isso comporta todo tipo de deslizes éticos, inclusive o deslize ético maior de se autoproclamarem defensores da democracia. São sete os vetores principais da parceria entre o Datafolha e a Folha de S. Paulo, com ressonância automática nos demais veículos de comunicação da Grande Mídia. Vejam os mecanismos estruturantes do Instituto Datafolha em nome da ciência estatística que não resiste a abordagem mais meticulosa.
a) Baixa transparência metodológica.
b) Contextualização fragmentada.
c) Margem de erro inconsistente.
d) Neutralidade obscura.
e) Especificidades regionais parciais.
f) Editorialização seletiva.
g) Enunciados enviesados.
Agora, DataDiário
Eis que encontro nas entranhas desta revista digital (depois de muita paciência) mais um entre os quase 300 textos sobre pesquisas eleitorais. Sob o título “DataDiário reduz de 47% para 25% equívocos eleitorais na Província”, de 28 de outubro de 2014. Vamos a alguns trechos:
O DataDiário (também conhecido por DGABC Pesquisas) braço de pesquisas do Diário do Grande ABC, reduziu de 47% para 25% o total de erros na temporada de disputas eleitorais. Depois do fracasso no primeiro turno das eleições presidenciais e ao governo do Estado, o DataDiário recuperou-se no segundo turno. Dos oito resultados possíveis, o instituto acertou seis e errou dois, sempre considerando a margem de erro de 1,9 ponto percentual para baixo e para cima. A política de imunização do DataDiário adotada pela redação do jornal nega aos leitores uma análise mais substanciosa dos resultados eleitorais na Província do Grande ABC. Tanto que na edição de hoje o Diário do Grande ABC anuncia em letras garrafais da página quatro: “Urna volta a reforçar DGABC Pesquisas”. Trata-se de evidente exagero. O que houve entre um turno e outro da disputa presidencial e também na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes foi uma recuperação parcial e importante do fracasso registrado. Quem desconsiderar como fracasso o fato de que entre 48 resultados possíveis do primeiro turno nada menos que 23 se distanciaram da margem de erro provavelmente precisará passar por reciclagem analítica.
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Seria muito mais inteligente o Diário do Grande ABC admitir as falhas do primeiro turno, que também atingiram em cheios institutos muito mais conceituados, casos do Ibope e do Datafolha. As características que diferenciam uma disputa eleitoral em primeiro e em segundo turno tanto potencializam erros como favorecem acertos. Não é preciso ser especialista para chegar a essa conclusão. Coloque-se como jurado de concurso de beleza e veja quantas dores de cabeça terá para escolher uma entre seis candidatas e, na sequência, o quanto se sentirá aliviado em escolher apenas uma entre duas. No primeiro turno há sempre maiores riscos porque os candidatos são em número elevado tanto para a presidência como para o governo do Estado. Sem contar as disputas por cargos proporcionais, de senador, deputado estadual e deputado federal. Foi essa montanha de ofertas que azucrinou a vida do Datafolha, do Ibope e, na região, do DataDiário.
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Tanto o Ibope quanto o Datafolha procuraram sair pela tangente da desculpa esfarrapada de que não têm obrigação de acertar os resultados das urnas. Um comodismo para as horas amargas. O marketing dos dois institutos e de tantos outros é sempre o mesmo: o índice de acertos no histórico dos trabalhos de antecipação dos resultados oficiais. Nas horas difíceis encontram uma saída nem sempre palatável. Pior que o Ibope e o Datafolha é o DataDiário, que não admite os tropeços do primeiro turno. Os 48 resultados mensurados por CapitalSocial no DataDiário do primeiro turno foram fomentados com base no número relativo de votos de cada um dos três principais concorrentes ao Palácio do Planalto e ao Palácio dos Bandeirantes. Como a Província do Grande ABC conta com sete municípios, cada pedaço territorial representou seis resultados individuais. Os seis resultados complementares levaram em conta os dados dos três concorrentes presidenciais e dos três concorrentes ao governo do Estado no conjunto dos municípios.
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A aferição de CapitalSocial no segundo turno da eleição presidencial levou em conta o resultado final em cada Município da região. A polarização da disputa associada à extinção de outras opções reduziu fortemente a possibilidade de mudanças de última hora, como os institutos de pesquisas alegam ter ocorrido no primeiro turno. Ou seja: a consolidação do voto na candidatura de Dilma Rousseff e também no senador Aécio Neves em níveis elevadíssimos facilitou a tarefa dos institutos de pesquisa, como admitem os próprios responsáveis pelos números certeiros que Ibope e Datafolha apresentaram no final de semana na disputa presidencial.
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(...) Os dois equívocos do DataDiário foram de menor monta do que os 23 erros cometidos no primeiro turno. Em Rio Grande da Serra, Aécio Neves era apontado como favorito com 52,38% contra 47,62% de Dilma Rousseff. O resultado das urnas foi favorável à petista: 50,62% a 49,38%. O deslize pode ser contestado ao se utilizar conjuntamente os rigores da margem de erro de 1,9 ponto percentual para cima em favor de Aécio Neves e 1,9 ponto percentual para baixo em detrimento de Dilma Rousseff. A aplicação da metodologia, nas explicações do DataDiário na edição de hoje do Diário do Grande ABC, é imprecisa. O resultado final da pesquisa sustentaria a vitória de Aécio Neves nas urnas. A projeção do DataDiário indicava 52,38% de votos ao senador da República. Com a redução de 1,9 ponto percentual, seria rebaixado a 50,48%, enquanto o acréscimo de 1,9 ponto percentual levaria Dilma Rousseff de 47,62% a 49,52%. Dilma Rousseff ganhou nas urnas reais e perdeu nas urnas do DataDiário.
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Já o segundo equívoco do DataDiário nas eleições de domingo se registrou em Mauá, onde o instituto apontava vitória de Dilma Rousseff por 53,7% a 46,27%. As urnas deram vitória a Aécio Neves por 56,22% a 43,78%. Um erro acima de 10 pontos percentuais nas circunstâncias técnicas de segundo turno é muito mais que um erro, é uma senhora barrigada. Tal qual o Datafolha na projeção final de vitória de Aécio Neves em Minas Gerais com larga vantagem de 10 pontos percentuais. A petista ganhou por quatro pontos percentuais.
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Leandro Prearo, coordenador do Inpes (Instituto de Pesquisas) da Universidade Municipal de São Caetano e consultor do DataDiário, festejou os resultados das urnas eleitorais na região. Entrevistado pelo jornal na edição de hoje, Leandro Prearo só admitiu escorregadela em Mauá. Desprezou o deslize em Rio Grande da Serra. As alegações que destilou para justificar a quebra da expectativa de votos em Mauá não mantêm coerência com os demais resultados na região. “Tinha ainda contingência de eleitores indecisos. Na minha visão, estavam indecisos porque foram de Marina (Silva, PSB) no primeiro turno e demoraram a se decidir. A má avaliação do governo de Donisete Braga também influenciou muito na derrota do PT” – comentou.
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Não é bem assim. Os índices de votos em branco e nulos que o Diário do Grande ABC publicou com base na pesquisa do DataDiário na última sexta-feira eram semelhantes na maioria dos municípios da região. Em Mauá eram 19,4%, em São Bernardo 17,4%, em Santo André 18,3%, em Ribeirão Pires 15,2%, em Rio Grande da Serra 16%, em Diadema 21,4% e em São Caetano 14,8%. Quanto à avaliação de governo municipal, segundo dados do próprio DataDiário, há reprovação quase generalizada dos prefeitos. Donisete Braga é apenas um desses prefeitos mal-avaliados. Sobre Marina Silva, que no primeiro turno teve maior votação proporcional em Mauá, com 34%, a transferência maciça à candidatura de Aécio Neves era mais que sustentada pelas pesquisas e se confirmou nas urnas da Província do Grande ABC, inclusive em Mauá. O erro do DataDiário, portanto, não encontrou explicação do consultor do instituto.
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Talvez o mais grave no conjunto avaliativo que o Diário do Grande ABC expõe na edição de hoje seja a utilização de uma falsidade estatística para justificar o equívoco em Rio Grande da Serra: a afirmativa de que o limite da margem de erro por município pesquisado seria de cinco pontos percentuais, ante 1,9 ponto percentual da Província do Grande ABC, está em conflito com todas as pesquisas realizadas pelo DataDiário nesta temporada. Com amostra de 2,8 mil entrevistas, ou seja, 400 para cada município, o DataDiário sempre enfatizou que a margem de erro por Município era de dois pontos percentuais, reduzida nas disputas eleitorais recentes a 1,9 ponto percentual. Margem de erro de cinco pontos percentuais para baixo e de cinco pontos percentuais para cima é um acinte estatístico. Na prática significariam 10 pontos percentuais. Nada mais apropriado para tornar qualquer trabalho estatístico de campo um sucesso, mesmo que, como no caso do Datafolha sobre o eleitorado mineiro, tenha se tornado um grande furo nágua.
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De qualquer modo, a recuperação parcial da credibilidade do DataDiário deve ser festejada. Quem sabe o instituto mantido em sigilo quanto aos procedimentos que adota, inclusive ao esconder do público o próprio consultor que eventualmente é chamado a dar explicações, decida compartilhar dados de forma mais transparente com a sociedade consumidora de informações. Principalmente quanto aos critérios que adota nas pesquisas que mensuram o nível de satisfação do leitorado com os atuais prefeitos.
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01/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (20)