Caiu o índice de produtividade do Santo André na Série B do Campeonato Brasileiro. Não tanto quanto a Bolsa de Valores nestes tempos de convulsão no sistema financeiro.
A queda do Santo André era natural, mas é preocupante.
Algumas razões para a queda da equipe no índice que realmente decide (a divisão dos pontos ganhos pelos pontos possíveis), sempre considerando as limitações de quem tem visto os jogos pela televisão:
1. A transferência do ponta-de-lança Maikon Leite para o Santos eliminou importantíssima opção de velocidade, de jogada rápida, essencial para quem faz de um jogo aparentemente, apenas aparentemente, malemolente arma mortal para surpreender os adversários.
2. A transferência do meia e ala Pará para o mesmo Santos reduziu a carga de qualificação técnica do meio-de-campo, além de ter seccionado considerável parcela de força de contragolpes à base de passes precisos, viradas de jogo e muita velocidade. Restaram à funcionalidade do meio-de-campo e do ataque jogadores sem a mesma versatilidade e movimentação, jogadores de características semelhantes, não complementares. Pelo menos entre os mais experientes, testados durante a competição. O Santo André ficou previsível.
3. O lateral-ala Cicinho sofreu uma contusão, não conseguiu voltar à forma técnica e tem contra si um outro problema que até então não se manifestara: os adversários perceberam que o Santo André saía constantemente pela direita, em velocidade, contando com esse jogador intrometido ataque adentro, e passaram a vigiar melhor seus passos. Cicinho não tem jogado ultimamente.
4. Marcelinho Carioca tem natural dificuldade de resistir ao ritmo de jogos às terças e sextas-feiras, e quando é obrigado a ficar de fora da equipe, por contusão, ou quando reduz a força da movimentação, a equipe sente demais a ausência do que chamaria de maestro, pois é ele quem dita o ritmo da equipe com posicionamento sempre preciso e passes milimétricos que poucos jogadores em atividade no Brasil apresentam.
5. O ala-lateral Joílson poderia ser mais aproveitado na equipe diante das dificuldades de Cicinho voltar a ter a mesma influência técnico-tática. Deixar Joílson no banco de reservas não é uma boa pedida para quem precisa criar nova vereda ofensiva. Um sincronismo de suporte ao ataque com Cicinho poderia confundir os adversários.
6. Diante desses pontos e, principalmente, com a maior vigilância dos adversários que, até que chegasse ao G4, subestimam a potencialidade da equipe, o Santo André de Sérgio Soares sofre para manter o índice de produtividade que o colocou entre os melhores do campeonato.
A verdade é que nada disso é surpreendente. As 10 rodadas que faltam serão complicadas para todas as equipes que querem chegar à Série A no ano que vem. Um dos pontos que vão pesar muito será o que se chama de elenco. As peças de reposição vão fazer ou ajudarão a fazer a diferença entre o acesso e a expectativa de acesso.
O Santo André perdeu dois jogadores importantíssimos, negociados porque precisavam ser negociados. Outros times se reforçaram porque contam com melhor estrutura financeira. O Barueri parece ser o maior concorrente à quarta vaga, já que Avaí e Vila Nova dificilmente deixarão de subir. Entre outros fatores porque contam com outro ingrediente do qual o Santo André há muito tempo não tira proveito: a força impulsionadora da torcida.
O Santo André há muitos anos foi abandonado pela torcida, consequência da fragilização institucional de um Grande ABC sem pai nem mãe.
O presidente da gestão empresarial, Ronan Maria Pinto, precisa adicionar doses cavalares de entusiasmo no grupo. Espera-se que a equipe não tenha atingido o limite, mas é o que parece. Tomara que eu esteja enganado.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André