Esportes

O que será do Sansão?

DANIEL LIMA - 17/12/2009

O que será do Sansão no próximo ano? Sansão é a versão regional de São Caetano e Santo André no futebol. Final de temporada e despontar de novos horizontes significam momentos de reflexão, principalmente para equipes que não têm tanta disponibilidade de recursos financeiros quando comparadas aos donos da mídia.

A associação de reformulação de elenco e de contratação de reforços é um desafio que exige cautela sem renúncia à ousadia. O São Caetano aparentemente revela menos traumas do que o Santo André, porque o sétimo lugar na Série B acabou caindo bem para um time que flertou com o rebaixamento no primeiro turno, enquanto a queda à Série B foi uma hecatombe para um time que passou toda a Série A desfilando sonhos de Libertadores.

Vou ficar apenas no âmbito esportivo envolvendo Santo André e São Caetano, embora no fundo da alma pense em outras coisas, mas essas outras coisas não cabem agora. O que quero mesmo nesse momento é acreditar que tanto um quanto outro vão dar mais alegria aos torcedores na próxima temporada, tanto no Campeonato Paulista quanto no Brasileiro.

Ainda bem que o São Caetano não perdeu a liderança do técnico Antonio Carlos Zago. A autoridade do treinador parece ter assentado a poeira gerencial da equipe. Como duvidar disso se ainda outro dia o presidente Nairo de Souza disse ao Diário do Grande ABC o que normalmente se esperaria que dissesse apenas num confessionário: que o clube errou demais na substituição de treinadores ao sabor de resultados e no volume de jogadores contratados por conta da natural rotatividade imposta pelo mundo empresarial do futebol.

Se o presidente do São Caetano ocupa espaço na imprensa para dizer o que disse, e se disse tudo o que disse porque provavelmente precisava desopilar a mente, que expectativa se poderia gerar para a próxima temporada?

Que o São Caetano volte mais forte dentro de campo. E olhem que esse voltar mais forte poderia ter sido consagrado nesta temporada, mas a equipe deu tremendo azar. Ou não é pisar no tomate do destino perder jogadores tão importantes como perdeu justamente naquele ciclo de jogos decisivos contra adversários mais bem colocados na tabela?

Aquela série de jogos contra seis equipes diretamente envolvidas na disputa por uma das vagas ao acesso — a primeira das quais contra o Vasco da Gama, que abriu a série de contusões graves — quebrou a espinha dorsal da reação empreendida pelo grupo depois de manter-se insistentemente entre os rebaixáveis no primeiro turno.

Espero não estar enganado quanto ao futuro mais próximo do São Caetano. A julgar pela permanência de Antonio Carlos, com ampla liberdade de conceber o planejamento e a execução da proposta de fortalecimento da equipe em 2010, e também pelo recolhimento do trem de pouso da empáfia de Nairo de Souza, tudo indica que já no Campeonato Paulista a equipe poderá surpreender.

Ou não estaria pronto para oferecer resultados acima da expectativa um grupo de jogadores que tem um treinador qualificadíssimo na arte de transformar o sistema defensivo no aprisionamento dos adversários? Afinal, mesmo com toda a instabilidade na Série B do Brasileiro, o São Caetano terminou como terceira defesa menos vazada.

Já o Santo André ainda não mostrou todas as patas de planejamento. Transmite a diretoria a sensação de que tanto pode enxugar o elenco ao extremo e ficar com sobra qualificada de jogadores que já constam do elenco como, também, pode seguir na toada de experimentos caudalosos que em resumo levam ao treinador um ambiente de complicações.

Quem tem jogadores demais com semelhante perfil profissional, onde todos se acham no direito de reivindicar a titularidade, de fato assina um contrato de risco na formatação do time principal. Essa foi uma das razões de o Santo André ter sido rebaixado nesta temporada. Não é todo treinador nem todo dirigente que suporta pressões de bastidores, compulsórias no mundo da bola. Também é assim em qualquer ambiente corporativo mais competitivo. Nem sempre os melhores são contemplados. Há falastrões que deitam e rolam ao engravidarem parceiros de trabalho.

Vamos aguardar os próximos capítulos do noticiário esportivo para entender melhor o que vem por aí. Tomara que São Caetano e Santo André honrem a junção de iniciais e a metáfora de Sansão. Precisamos de um futebol forte dentro e fora de campo. Quanto ao fora de campo, qualquer dia desses escreveremos a respeito.


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