Esportes

Santo André esbanja futebol;
São Caetano mantém toada

DANIEL LIMA - 08/03/2010

O Santo André já está com o passaporte carimbado às semifinais da Série A do Campeonato Paulista, mas o São Caetano, 10 pontos abaixo na classificação, não está marcando passo. O que separa as duas equipes é o ponto fora da curva do rendimento do Santo André, muito acima de qualquer expectativa superlativa, inclusive do técnico Sérgio Soares e deste jornalista que, com duas rodadas, já antecipava que a equipe poderia surpreender.


Da mesma forma que o Santo André não pode se encantar com o sucesso precoce, o São Caetano não deve precipitar-se na avaliação do desempenho e acelerar o passo de resoluções que demandam tempo, paciência e muito cuidado, porque, principalmente, perdeu o técnico Antonio Carlos e parte da Comissão Técnica. A Série A do Campeonato Paulista serve de preparação às equipes médias que disputam a Série B do Campeonato Brasileiro. Exceto em caso de viabilidade de disputar o título, como parece ser a campanha do Santo André.


Além de todas as qualificações que a equipe de Sérgio Soares exibe como vice-líder da Série A do Campeonato Paulista, e também como melhor ataque ao lado dos mágicos da bola do Santos, há um componente que não pode ser desconsiderado: mesmo nos piores momentos da equipe durante um jogo, como o primeiro tempo de ontem contra o Botafogo, e também no início do segundo tempo, há sempre uma bondosa alma a protegê-lo.


Se Deus ajuda quem cedo madruga, os deuses do futebol ajudam quem joga para o ataque para valer. O Santo André só exagera na dose de confiabilidade, porque descuida-se muitas vezes além da conta. A vitória no meio de semana contra o Palmeiras chegou a ser colocada em xeque quando estava 2 a 1 e a equipe insistia em atacar e atacar. Já ontem contra o Botafogo, o técnico Sérgio Soares reforçou o meio de campo após marcar o segundo gol, com a entrada de Ricardo Conceição, o Botafogo se abriu e outros dois gols foram marcados.


Já o São Caetano que perdeu para o Corinthians em Barueri atuou conforme o figurino preferido do técnico Roberto Fonseca, que montou o Botafogo de Ribeirão Preto para a mesma competição. Cuidou da defesa com extremo vigor e procurou o contragolpe. A promessa de que atacaria o tempo todo foi apenas uma bravata publicada nos jornais.


O São Caetano deu azar porque pegou um Corinthians às portas de um início de crise e que precisava dar resposta à torcida. E foi o que fez, jogando com muito mais empenho do que anteriormente, principalmente contra o Botafogo no meio da semana. Tanto que interditou o gol de Felipe para os contra-ataques do São Caetano. Mano Menezes é especialista em sistema defensivo.


A ausência de Everton Ribeiro, emprestado pelo Corinthians, foi um complicador a mais. Nenhum outro jogador do elenco, dos conhecidos até agora, tem a mesma capacidade de imprimir velocidade e fazer da bola companhia para arremetidas individuais a partir do meio de campo. Sem Everton Ribeiro e sob massacrante marcação defensiva do adversário, os atacantes Vanderlei e Eduardo ficaram isolados do restante da equipe. A opção pelas laterais também não funcionou, porque o Corinthians soube neutralizar.


A maturação mais rápida do Santo André em relação ao São Caetano aparentemente contraria a lógica do futebol porque o Ramalhão foi muito mais remontado entre o final do ano passado e esse início de temporada do que o Azulão.


Afinal, por que então o time de Sérgio Soares engrenou mais rapidamente?


Justamente porque a criatividade e o improviso ofensivo desabrocham com maior facilidade quando se tem os jogadores recrutados com essas características.


O São Caetano é um time menos multiplicador e mais redutor de espaços que o Santo André, ou, invertendo a equação, o Santo André é mais multiplicador e menos redutor de espaços que o São Caetano.


São duas escolas diferentes e como tal contrapõem modelos também diferentes de equacionamento das linhas. A opção preferencial do Santo André pelo ataque surpreende a maioria dos adversários que ainda está se arrumando para a temporada de 2010 e, por isso mesmo, cuida principalmente do sistema defensivo. O Santo André se expõe mais, mas, em contrapartida, aposta nos erros ofensivos dos adversários menos vocacionados para construir resultados com semelhante desembaraço e aptidão.


Provavelmente o tempo e reforços vão equalizar os dois cenários, ou seja, o Santo André deverá se tornar menos moleque taticamente e o São Caetano menos careta ofensivamente. A chegada de Luciano Henrique é um sopro de agressividade que deverá dar uma roupagem mais densa ao sistema ofensivo do São Caetano, desobstruindo espaços para o talento de Vanderlei e a agressividade de Eduardo e Luciano Mandi. A solidariedade de meio-campistas e atacantes deverá dar mais solidez à marcação do Santo André.


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