Entrevista Especial

Veja outras três respostas
que Bigucci jamais daria

DANIEL LIMA - 28/03/2024

Esta é a penúltima rodada de respostas que este jornalista introduz na Entrevista Especial preparada para o empresário Milton Bigucci. Responder o que Milton Bigucci jamais responderia é uma forma de atender à demanda da sociedade que, mesmo nesse período de balbúrdia informativa, ainda oferece demanda suficiente para que o jornalismo independente não caia na vala comum mercantilista e submissa dos poderosos de plantão.  Vejam mais três perguntas sem respostas de Milton Bigucci, presidente do Clube dos Construtores do Grande ABC, uma entidade mequetrefe, e dirigente da MBigucci, uma empresa de sucesso no setor.

CAPITALSOCIAL – O senhor sempre defendeu verticalização máxima, citando inclusive exemplos internacionais. Recentemente, seu filho, então presidente do Clube dos Construtores, deu como exemplo de sonho de verticalização a cidade de Camboriú, líder na construção de apartamentos rumo ao céu. O senhor entende que é mesmo essa a saída para a região?

RESPOSTA – Quanto mais verticalidade, mais produtividade nos lucros imobiliários. A lógica é essa e não está afastada do direito de empreendimento que vise resultados, mas não pode se desgarrar de conceitos que se enquadrem no que se convencionou chamar de qualidade de vida. A defesa da verticalização urbana da região nos moldes da verticalização litorânea de Camboriú é uma agressão ao bem-estar da sociedade. Dados recentes correlacionam a degradação ambiental urbana à densidade ocupacional incentivada pela subida das torres rumo aos céus de forma indiscriminada, quando não incentivada por gestores públicos pusilânimes. O filho de Milton Bigucci aprendeu com o pai Milton Bigucci que não parece existir relativização na proposta de verticalizar a região. Camboriú é um exemplar do quanto de insensibilidade existe entre homens de negócios imobiliários que balizam o sucesso a qualquer preço.

CAPITALSOCIAL – O senhor disse mais de uma vez, e repete sempre que possível, que estende amizade a autoridades judiciais, inclusive do Tribunal de Justiça de São Paulo. Qual é a intenção que o senhor pretende transmitir à sociedade quando, fora de qualquer contexto jurídico, desfila essa proximidade?

RESPOSTA – Uma das versões que se propagam sobre Milton Bigucci é que faz questão de mencionar amizades no Judiciário de alto escalação para reprimir qualquer tentativa crítica, principalmente no campo jornalístico no qual mantém predominantes relacionamentos adocicados. E não se trata de versão fantasiosa. Milton Bigucci faz sim questão de propagandear aproximação com autoridades judiciais com a finalidade mais que lógica de demonstrar a terceiros, não só a eventuais críticos, que goza de prestígio numa esfera de poder reconhecidamente poderosa, porque constitucional. Mas, além disso, há de se acrescentar que o empresário é também conhecido pela vaidade extrema, estendendo ao campo da subjetividade de supostas qualidades a materialidade financeira de milionário. Ou seja: para muitos, o contexto público de vida de Milton Bigucci seria como um milionário com mania de estrela de primeira grandeza em tudo que o mantém ocupado profissionalmente ou não. Até faz parte de uma academia de letras sem sequer ter qualificações mínimas de escritor. Milton Bigucci não tem talento algum à escrita. Seus textos são primários, redundantes e reprodutores de ideias pouco aprofundadas, porque esparsas e inconsistentes. Grande empresário do setor imobiliário, Milton Bigucci não se dá conta de que mediocridade é um patrimônio democrático e inexorável da humanidade fora do quadradinho de eventual brilho individual específico.

CAPITALSOCIAL – Quais foram ou são os motivos que levaram a sua empresa a não participar de nenhum leilão de área pública em São Bernardo durante a Administração de Orlando Morando sendo que, nas gestões anteriores, a participação foi intensa?

RESPOSTA – Qualquer resposta diferente sobre a importância do mercado imobiliário para os negócios de Milton Bigucci soaria como insensatez, porque, mesmo com tantas perdas econômicas neste século, a Capital Econômica da região é um prato feito para quem tem estrutura, talento e comprometimento com o lucro. E a MBigucci tem essas qualificações, entre tantas outras. Então, como se explica a MBigucci por autodeterminação estratégica fugir dos leilões de São Bernardo, mais precisamente de áreas públicas de São Bernardo? É verdade que há por parte do Poder Público Municipal certa desconfiança com o passivo do leilão realizado em 2008, durante a administração de William Dib, quando a MBigucci arrebatou de forma fraudulenta o espaço onde construiu o empreendimento Marco Zero, entre a Avenida Senador Vergueiro e a Avenida Kennedy. Foi um negócio da China que o Ministério Público não só não apurou devidamente como, mais parte, instalou sede em algumas das inúmeras salas comerciais.  



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