Esportes

O que esperar de Santo André
e São Caetano no Brasileiro?

DANIEL LIMA - 07/05/2010

Respondo de bate-pronto à indagação esperançosa do título: podemos esperar bons resultados. Quem sabe, quem sabe, disputando os primeiros postos na classificação geral. Rebaixamento nem pensar. Acesso duplo à Série A, seria uma maravilha porque a temporada se completaria de maneira extraordinária, já que temos três representantes na Série A do Campeonato Paulista garantidos em 2011.


A Série A do Campeonato Paulista foi tremendamente satisfatória para as duas equipes: o Santo André por motivos óbvios de finalista com certo ar de campeão moral, consolo dos perdedores matemáticos, e o São Caetano porque pôde fazer da disputa produtivo laboratório para, acredita-se, tapar os buracos técnicos e táticos.


O maior problema é que o Santo André trafega na zona de algum risco nas primeiras rodadas, depois de perder vários titulares.


Não nego que a perspectiva das duas equipes do Grande ABC na Série B do Brasileiro está recheada de subjetividade, de torcida, de regionalismo.


Qualquer frase peremptória seria um atentado à inteligência dos leitores. É impossível neste início de competição ter a exata dimensão do potencial de cada uma das 20 equipes, tantos são os negócios que se fazem para composição e recomposição de elencos após o encerramento das disputas estaduais.


Talvez depois das oito primeiras rodadas seja razoável incursionar por análises conjunturais mais profundas, mas mesmo assim o melhor é não arriscar demais. Como o nível técnico entre pelo menos metade dos competidores é semelhante, uma ou outra contratação que acerte na mosca poderá influir bastante.


Não é sempre que é possível dar um chute de projeções que se mostraria certeiro ao longo da competição. Vi o Atlético Goianiense logo numa das primeiras rodadas do ano passado perder para o Vasco da Gama em São Januário, depois de ter ficado com 10 jogadores por obra e graça do árbitro, mas não tive dúvidas em apontá-lo como time que deveria chegar entre os quatro primeiros. Não deu outra.


Mas isso é uma exceção à regra de prognósticos que, repito, principalmente no caso da Série B, requer muita cautela. Muito mais que na Série A, na qual as equipes são muito mais conhecidas e, salvo surpresas, os candidatos ao título despontam em não mais que 10 rodadas cumpridas.


É verdade que há cavalos paraguaios na Série A que abrem o bico quando do cerco de competidores mais fortes. Já na Série B não são tão frequentes os casos de equipes que saem em disparada e perdem o fôlego em seguida para jamais se recuperarem. O Vila Nova foi o último exemplar que minha memória captura, há dois anos.


Espero que a tradição tenha muito menos peso na disputa pelas primeiras colocações na Série B. Tanto Santo André quanto São Caetano estão abaixo de boa parte dos concorrentes.


Para ser mais preciso, o São Caetano perde na Série B levando em conta o Ranking Nacional dos Clubes, da Confederação Brasileira de Futebol, para Coritiba, Sport Recife, Portuguesa, Bahia, Náutico, Paraná, Ponte Preta, América do Rio Grande do Norte, Figueirense e Bragantino.


Já o Santo André, além de ficar abaixo de todos esses, inclusive do São Caetano, também vê o Vila Nova de Goiás anteceder-se na relação.


É claro que o peso relativo do ranking da CBF numa cesta de análises do que poderá ocorrer na Série B do Campeonato Brasileiro não é dos maiores. A tradição tem limites nos muros da realidade dos dias atuais. O peso da camisa, como costumam argumentar cronistas esportivos ao se referirem a um fator intangível que se reproduziria em poder especial dentro e fora de campo, reduz-se na medida em que se afasta dos primeiros postos no ranking nacional.


Vou tentar traduzir o sentido daquela frase: a camisa de um Grêmio, de um Corinthians, de um São Paulo, é realmente muito superior a de tantas outras camisas de times médios, casos do São Caetano e do Santo André, por exemplo, mas a diferença se esfarela quando o mesmo componente de avaliação envolve Coritiba, Sport, Portuguesa e outras equipes à frente dos representantes do Grande ABC.


Um fator interessante que estimula o sonho de acesso a boa parte dos integrantes da Série B é que desta vez nenhum dos grandes times nacionais está vivendo situação análoga a de Corinthians, Vasco da Gama, Palmeiras, Grêmio e Botafogo do Rio, que já conheceram as durezas da competição.


Entre os 13 primeiros colocados do Ranking Nacional dos Clubes da CBF, liderando pelo Grêmio de Porto Alegre e que tem o Corinthians como vice-líder, não há um único integrante da Série B. Teoricamente, não existe uma vaga previamente preenchida no campeonato. Bem diferente das temporadas passadas.


As contratações realizadas pelo Santo André para tapar os buracos das deserções pós-Paulista não são suficientemente identificadoras de que os buracos foram devidamente preenchidos. A possibilidade de equívocos é proporcional ao sucesso dos titulares que foram embora. O peso da responsabilidade é enorme porque o patamar técnico-tático alcançou o topo.


Já o São Caetano parece ter sido cirúrgico nos reforços. Os novos jogadores parecem tapar desníveis técnicos no Campeonato Paulista como, também, acrescentaram ao elenco versatilidade de características que podem dar um balanço mais apropriado de combinação de técnica e força.


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