Esportes

Vem aí parada técnica importante
para Azulão e Ramalhão na Série B

DANIEL LIMA - 13/05/2010

Até que a competição tenha parada técnica para dar vez à Copa do Mundo, serão sete rodadas envolvendo as 20 equipes da Série B do Campeonato Brasileiro. Dá exatamente 18% do calendário nacional.


Talvez esteja explicada a razão de o São Caetano ter defenestrado o técnico Roberto Fonseca após a estréia com derrota para o Figueirense, no Canindé. Agora na segunda rodada, contra o América em Natal, o São Caetano joga pela inclusão entre os primeiros.


Situação em que já se encontra o Santo André em fase de reformulação, apesar do péssimo empate em casa improvisada, o Parque Antártica, diante de um Brasiliense com dois jogadores a menos, um deles desde o final do primeiro tempo, desvantagem que abriu uma avenida para o ala Cicinho deitar, rolar e fazer o gol do Ramalhão.


Não é normal que um time que conte com dois jogadores a mais sofra um gol do adversário, mesmo após cobrança de escanteio. Fosse cobrança de falta, tudo bem. O Santo André jogou fora uma vitória que muito merecia mas da qual tem de fazer tudo para esquecer. Se chorar o leite derramado no final do campeonato é a prova de que o descuido custou mais caro do que se imagina.


Pode parecer irrelevante para alguns, mas as sete primeiras rodadas do campeonato ajudarão muito na fase de preparação que se dará durante a Copa do Mundo.


É sempre muito melhor passar 40 dias de treinamentos e jogos preparatórios com o respaldo dos primeiros lugares do que a cada momento em que se consultar a tábua de classificação ter o desprazer de confirmar postos secundários. É muito melhor estar na primeira página dos 10 primeiros colocados que a TV não cansa de exibir do que na virada na telinha.


O ambiente das equipes é modulado pelos números, goste-se ou não. Quando se consolidam os mesmos números durante mais de um mês, o agradável é tranquilizador. Já o desagradável torna-se inconveniente e, em muitos casos, um transtorno a ser superado. Tudo porque não se oferece a possibilidade de mudança imediata ou quase imediata. Será preciso esperar a Copa do Mundo passar.


Vazou por onde mais costuma vazar, embora de forma sempre discreta, não pública, o principal motivo da queda de Roberto Fonseca no São Caetano. Jogadores disseram que ele não observava o grupo como um elenco. Só os titulares teriam vez. Sei lá se foi apenas uma forma de aliviar a barra do treinador.


Talvez de fato o que mais pesou tenha sido a forma com que a equipe se comportou no segundo jogo da decisão do título do Interior contra o Botafogo em Ribeirão Preto. Foi assustador ver o São Caetano encaramujado para defender o empate que o favoreceria.


O perfil de Roberto Fonseca testado numa situação especial poderia ter sido interpretado pela cúpula do São Caetano como o de alguém sem a necessária ambição, personalidade e ousadia para os planos da equipe. Algo que, convenhamos, sobra no vizinho Santo André, entusiasticamente ofensivo mesmo agora que sofre perdas técnicas importantes.


O que parece latente no São Caetano desta temporada é que o objetivo delineado embora não propagado é de lutar para valer por um dos quatro primeiros lugares que darão direito à Série A.


As contratações para preencher vazios técnicos e táticos foram feitas. A equipe ganhou nova configuração. Deixou de ser apenas forte fisicamente e doutrinada ao contragolpe para ganhar velocidade, habilidade e insinuosidade. Tornou-se, portanto, muito mais aparelhada a enfrentamentos de peso.


Mesmo contra o Figueirense, na derrota de 1 a 0, o São Caetano não foi uma catástrofe. Está certo que ainda transpira dificuldade para executar com naturalidade a movimentação coletiva que tanto pode fechar espaços defensivos como clarear ações ofensivas. Mas esse tipo de complicação coletiva faz parte do processo de rearrumação da casa, após a inserção de vários novos titulares. Mas, mais uma vez, o São Caetano priorizou exageradamente a defesa, até sofrer o gol. Um erro contra adversário bem arrumado e que também cataloga uma das quatro vagas na agenda da temporada.


O tamanho da ambição do São Caetano na Série B do Brasileiro vai ficar mais nítido com o anúncio de reposição do treinador. Quem será o profissional que tentará fazer com que a equipe sensação dos primeiros anos deste novo século volte a frequentar a Série A do Brasileiro? Muitos nomes de prestígio já passaram pelo comando técnico do São Caetano, casos de Leão, Dorival Júnior, Muricy Ramalho, entre outros. Quem será contratado desta vez?


É pelo potencial do nome do novo treinador do São Caetano que se poderá descobrir a dimensão do gigante que se pretende construir.


A preocupação do Santo André é outra, porque o técnico Sérgio Soares parece que não arredará pé do comando da equipe, mesmo pós-valorização do título de vice-campeão paulista.


A reposição de peças é o grande desafio do treinador que, nos dois primeiros jogos da Série B, viu a equipe viver situações antagônicas. Contra o Icasa, apesar da vitória, consumiu-se em preocupações com a falta de combatividade no meio de campo diante de habilidosos adversários cada vez mais próximos da grande área. Teve de se virar como pode em contragolpes. Contou com a dispersividade dos cearenses que trocaram a eficiência pela coreografia.


Já o jogo contra o Brasiliense foi mais pedagógico sobre o potencial inicial do Santo André de vários desfalques. É sempre perigoso definir pontos técnicos e táticos num grupo que se restabelece, mas o que parece evidente é que entre todos os desfalques, quem mais vai deixar saudade é o armador Bruno César.


Sem um substituto com as mesmas características, quem se virou como pode foi o volante Alê, em ótima fase. Nada, entretanto, que se assemelhe à capacidade de dar o tom, o tempo e a classe do ex-titular.


Por isso o Santo André repetiu a oscilação do jogo com o Icasa. Os atacantes vão sofrer um bocado sem passes e lançamentos do armador agora no Corinthians. Talvez esteja aí a maior dor de cabeça de Sérgio Soares, que, desafiadoramente, continua a mandar a equipe ao ataque. Toda a movimentação da equipe contava com a coordenação de Bruno César. Quem sairá da cartola de mágico de Sérgio Soares?


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