Ronan Maria Pinto, Jairo Livolis, Celso Luiz de Almeida, Luiz Antonio Lepori, Duilio Pisaneschi e Romualdo Magro Júnior. O futebol do Ramalhão do passado e do presente está incorporado nestes nomes. Por isso, remeti a esses ex-dirigentes ou atuais dirigentes do clube profissional mais tradicional do Grande ABC uma bateria de perguntas sobre o futuro do futebol em Santo André.
Enviei nove perguntas, as mesmas perguntas, a todos eles. Espero por respostas até a próxima quarta-feira. Pretendia manter em segredo a coletivização do questionário. Imaginava que pudessem acreditar que o endereçamento seria único, que nenhum outro convidado tomaria conhecimento de que participava de um grupo. Como desconfio que houve vazamento, porque o tema é abrasivo e é natural que se consultem, torno o assunto público.
A tática de revestir de exclusividade algo que é coletivo não tem conotação maquiavélica, como alguns poderiam sugerir. Absolutamente nada. Apenas tentativa de impermeabilizar as respostas. Mesmo assim, mesmo com a quase certeza de que houve contatos entre os endereçados, acredito na autonomia deles.
O importante é que o futuro do Ramalhão saia da lata, ou melhor, saia do casulo. A propriedade sentimental e cultural do Santo André não tem limites jurídicos. Pouco importa dentro de campo se o Ramalhão está vinculado ao Saged, empresa que administra o futebol, ou ao Esporte Clube Santo André, instituição que abriu mão do controle desse mesmo futebol.
Embora haja naco de nove perguntas no questionário enviado a dirigentes e ex-dirigentes, o que mais me impulsionou à ação jornalística foi a primeira questão, a qual reproduzo neste espaço com sutil correção no enunciado em relação ao texto já enviado. Observei a posteriori que poderia haver certa confusão no entendimento. Vejam:
Que modelo de futebol profissional o senhor acha que deve prevalecer em Santo André, entre as alternativas que se apresentam: a) um clube empresarial como o Saged atual, mantendo o nome do EC Santo André e com o controle acionário de investidores sem necessariamente estarem ligados ao Esporte Clube Santo André; b) um clube empresarial com a denominação de Esporte Clube Santo André, com controle acionário do Saged mas sob o controle gerencial do EC Santo André; c) um clube empresarial com outra denominação e sob o controle do Saged para livrar o EC Santo André de qualquer rescaldo diretivo? Ou existe outra alternativa?
Repararam que não há nada de subversivo, de catastrófico, de maledicente, de qualquer coisa negativa nessa empreitada?
Mais que isso: repararam que dissemino de forma objetiva, com endereço eletrônico, uma proposta de debate do futuro do Ramalhão, porque é o Ramalhão, ou seja, o futebol de Santo André, que está em jogo?
Todos que acompanham esta revista digital sabem de meu posicionamento sobre o Ramalhão. Jogo limpo, às claras. Não faço orquestração às escondidas. Manifestei-me aqui contrário ao modelo atual, no qual a administração do Ramalhão está sob o domínio do presidente do Saged, Ronan Maria Pinto, enquanto o EC Santo André pode sofrer as consequências de possíveis desarranjos orçamentários. Mesmo quando regido por decisões planejadas o futebol provoca calafrios. Há instabilidade muito mais frequente do que no mercado de ações. E os rendimentos estão longe daquele.
A importância de Ronan Maria Pinto na operação de salvamento do Ramalhão não pode ser desprezada. Acompanhei aqueles momentos tensos nos quais o então presidente Jairo Livolis buscava uma forma de evitar que a equipe sofresse reveses seguidos por conta de não acompanhar o ritmo da maioria dos clubes médios do Estado. O Santo André que, como as demais equipes de regiões metropolitanas, fica na penumbra das emissoras de TV abertas, sofre com o esvaziamento de público — e de mercado consumidor.
Daí, entretanto, a canonizar Ronan Maria Pinto vai diferença muito grande. Sei que ele não gosta de restrições, mas restrições precisam ser feitas. O modelo que herdou de Jairo Livolis e de Celso Luiz de Almeida não atende às necessidades do EC Santo André, embora, aparentemente, venha alimentando satisfatoriamente o Ramalhão. O clube poliesportivo não tem participação na direção do Ramalhão, mas os 20% de integralização de capital podem levá-lo à bancarrota em caso de fracasso financeiro do empreendimento.
Portanto, esse é nó górdio que precisa ser desatado.
O mais prático, porque conheço Ronan Maria Pinto e sei que ele não deixará de conduzir o Ramalhão com mão de ferro, é o Esporte Clube Santo André afastar-se do quadro acionário do Saged e o mesmo Saged providenciar a alteração da denominação do clube. Em vez de Esporte Clube Santo André passaria a chamar-se Grêmio Santo André.
Diferentemente do Grêmio Barueri que virou Grêmio Prudente, a história não será alterada uma vírgula sequer. Nada de nadinha.
Esse é meu ponto de vista. E a prova de que não é um ponto de vista absolutista é o próprio questionário que enviei a ex e atuais dirigentes. Colocá-los em linha direta com os leitores, reproduzindo literalmente todas as respostas que apresentarem, é a consumação de um modelo de comunicação que vai muito além de mão dupla. Nesse caso, estamos em uma megaestrada de comunicação.
É assim que os entrevistados devem interpretar essa iniciativa. É assim que, sinceramente, esperamos que entendam.
O que tem faltado ao jornalismo brasileiro, e o Grande ABC não foge à regra, é um pouco mais de provocação, no bom sentido do termo.
Democraticamente colocamos este espaço que cresce a cada dia em audiência à disposição dos dirigentes do futebol de Santo André. Esperamos que quem ganhe com isso seja o Ramalhão.
Por gentileza, não enxerguem conspiração onde há apenas colaboração.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André