Esportes

Como fazer contas para desenhar
futuro de seu time no campeonato

DANIEL LIMA - 30/09/2010

A quase totalidade do mundo esportivo não sabe fazer contas para enquadrar as possibilidades de uma equipe rumo ao título, à zona de classificação para a Libertadores, ao grupo dos quatro que subirão de divisão e ao grupo dos que tentam fugir do descenso. Já escrevi de passagem sobre o assunto e não custa aprofundar. Tomo como exemplos o São Caetano que tenta chegar à Série A do Campeonato Brasileiro e o Santo André que procura fugir da Série C.


Essa contabilidade é lógica, fundamentada, porque há muito mais pontos de diferença entre uma equipe que está em sétimo lugar como o São Caetano e uma equipe que está em quarto, como o América de Minas Gerais do que sugere um rápido olhar na tabela de classificação. Ou entre o Santo André, na antepenúltima posição, e o Vila Nova de Goiás, primeiro fora da linha de corte ao descenso.


Peguemos o caso do São Caetano. As duas últimas vitórias fora de casa, contra a Ponte Preta e o Náutico, melhoram substancialmente a situação da equipe dirigida por Toninho Cecílio. Mesmo assim 10 pontos a separam do quarto lugar, último degrau ao acesso.


Quem ocupa a quarta posição é o América Mineiro com 43 pontos, contra 38 do Azulão. Para os simplistas, são apenas cinco pontos de diferença, mas de fato são 10 porque devem ser somados três pontos que separam o São Caetano da Ponte Preta (41) e dois que distanciam o São Caetano do Sport Recife (40). Como a duas rodadas a diferença chegava a 15 pontos, vê-se grande evolução. Toninho Cecílio injetou no Azulão o entusiasmo que Sérgio Guedes não conseguia, embora tenha deixado herança de arrumação tática.


Entende-se a disseminação do conceito de descarte dos intermediários que pontuam entres os times no foco de projeções matemáticas, mas quem vive de formulações táticas e estratégicas, como treinadores e jogadores, não pode cair no alçapão do reducionismo. De nada adiantará ao São Caetano ganhar nesta sexta-feira do Brasiliense em casa se adversários ao acesso não acusarem perdas de pontos. Teremos uma rodada a menos para eliminar as diferenças.


Além de vencer o Brasiliense, o São Caetano precisa torcer por vitórias do Vila Nova em casa diante do América de Minas, do Figueirense em casa contra a Ponte Preta e do América de Natal em Recife contra o Sport.


Imagine o leitor se todos os resultados forem amplamente favoráveis ao São Caetano? Ao final da rodada a equipe terá diminuído a diferença de pontos à zona de classificação, como quarta colocada, a escassos dois pontos (favoráveis ao América Mineiro). Sem contar que ampliaria a possibilidade de concorrer também a algumas das outras três vagas, ampliando-se, dessa forma, a viabilidade matemática de acesso. Ou seja: o Azulão deixaria de ter apenas a quarta colocação como objeto de desejo imediato.


Esse é um cenário cor-de-rosa, devemos admitir. Os números frios e calculistas ainda são desafiadores ao São Caetano. Com índice de aproveitamento parcial de 50,66% dos pontos, o São Caetano precisa superar-se nas 13 rodadas restantes. Terá de ganhar 71,79% dos 39 pontos em jogo para atingir 66 e, com isso, alcançar o índice geral de rendimento de 57,89%, suficiente para obter acesso. O América Mineiro, quarto colocado, conta com índice geral de rendimento de 57,33%. Se perder para o Vila Nova neste final de semana baixará para 55,12%.


Fazer contas é fácil, mas convém considerar que o índice parcial de rendimento é móvel. O São Caetano pode precisar aumentar ou diminuir a média para constar dos quatro primeiros postos. Historicamente, com 60% dos pontos chega-se ao acesso. Há temporadas que exigiram índices menos elevados.


O São Caetano aumentou para 25% as possibilidades de acesso após a rodada de terça-feira. Chegará a 30% se superar o Brasiliense e se houver um ou outro tropeço dos clubes que se interpõem ao quarto lugar.


Já no Santo André, que flerta com o rebaixamento, a necessidade é de ganhar 48,71% dos 39 pontos que disputará nas próximas 13 rodadas, atingindo assim 45 pontos ganhos ou 40% de índice de produtividade, historicamente garantidor de fuga da queda.


Por enquanto, o índice geral de rendimento do Ramalhão é de 34,66%. Se perder para o Coritiba neste sábado, resultado mais que normal, baixará para 33,33%. A contrapartida é que nos 12 jogos restantes terá de conquistar 52,77% dos pontos para não ser vítima de degola.


O Santo André está quatro pontos abaixo da linha de corte de rebaixamento. Antepenúltimo colocado com 26 pontos ganhos, tem um a menos que o Brasiliense, que abre o bloco de queda com 27 pontos. Acima do Brasiliense está o Vila Nova, com 29 pontos. Uma vitória do Vila Nova em casa diante do América Mineiro é tudo que não interessa ao Santo André, porque a diferença que o distanciaria do primeiro posto fora da zona de queda poderia aumentar. Só não aumentaria se o ASA, que também tem 29 pontos, for derrotado pelo Sport em Recife — o que é mais que provável.


O Santo André mantém-se com 40% de possibilidades de queda da rodada anterior.


Como se percebe, não basta mesmo dar uma espiadinha no quadro classificatório da Série B do Brasileiro.


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