Não existe similaridade ambiental e técnica entre os fatos que determinaram a vitória do Flamengo em novembro do ano passado em Campinas por 2 a 0 contra o Corinthians e a marmelada que o São Paulo patrocinou domingo em Barueri diante do Fluminense. Não estou afirmando que o Corinthians jogou tudo o que poderia jogar contra o Flamengo, que viria a ser campeão na rodada seguinte, mas a atuação está a léguas de distância da encenação da equipe de Paulo Cesar Carpeggiani. Quem coloca na mesma plataforma de desvios da rivalidade os dois jogos está engandíssimo.
A mais flagrante diferença entre os dois jogos é que não se viu um torcedor sequer do Corinthians agregado à torcida flamenguista.
Mais que isso: a torcida do Corinthians vibrou o tempo todo, se emocionou com os lances de perigo contra o Flamengo, jogou com o time e saiu do estádio decepcionada. Não houve por parte do torcedor, do fiel torcedor, nenhuma, absolutamente nenhuma entrega às cores do rival. Reparem nas imagens do link abaixo e constatem.
Com todo o respeito que tenho por vários colunistas paulistanos, o paralelismo também é inteiramente equivocado quando o senso de observação concentra-se no campo. O Corinthians não deu mole ao adversário. Pelo menos, em última instância, em comparação com as maquinações sãopaulinas. Quem fez o resultado foi o Flamengo, inclusive com a ajuda da arbitragem. Primeiro na expulsão de Chicão, totalmente equivocada. Segundo na marcação de um pênalti que o analista de arbitragem da TV Globo também entendeu incorreta.
A marmelada do São Paulo foi tão descarada que a crônica esportiva corre o risco da desmoralização, por fazer malabarismo semântico para tentar transmitir a ideia de que tudo foi absolutamente normal. Não há torcedor do São Paulo que despreze as imagens que a televisão transmitiu domingo. A crônica sempre temerosa de ser politicamente incorreta corre em raia oposta.
O técnico Paulo Cesar Carpeggiani escalou um time vulnerável, sem qualquer poder de marcação no meio de campo. Basta comparar os jogadores que enfrentaram o apenas razoável Fluminense e os que disputaram jogos anteriores em que se alimentava a expectativa de classificação à Libertadores. As defesas de Rogério Ceni foram consequência da generosidade à enxurrada de ataques dos tricolores cariocas.
Mais ainda? A expulsão de Xandão foi um equívoco do árbitro e obra da experiência de Fred que, bola lançada em profundidade, relativamente distante de seu raio de domínio, meteu-se na trajetória do zagueiro para sofrer o impacto. A expulsão de Richarlyson foi mais uma das artes de Rodriguinho, o atacante mais cai-cai do futebol brasileiro. O sãopaulino cutucou a bola, apenas a bola, numa jogada na intermediária. Nem sequer resvalou em Rodriguinho que, esperto, espalhou-se todo no gramado.
Os jogadores sãopaulinos que tiveram dignidade em campo correram contra a lógica tática preparada por Paulo César Carpeggiani. A escalação de Deco pelo técnico Muricy Ramalho pouco antes do jogo tornou o Fluminense muito mais ofensivo, exatamente para preencher os espaços que Carpeggiani abriu à frente da defesa sãopaulina.
Apanhem os melhores momentos dos dois jogos e vejam se há alguma semelhança entre a derrota do Corinthians no ano passado e a derrota do São Paulo. Vejam as reações dos torcedores.
Se houve alguma farsa nos dois jogos, em Campinas tudo pareceu muito menos escandaloso. Não conheço um corintiano sequer que tenha torcido para o Flamengo até o apito final.
Corinthians e Cruzeiro, os dois melhores times da temporada, possivelmente vão ficar atrás do sortudo Fluminense. Ou estaria certo o atacante Fernandão, do São Paulo, que, desolado, nos vestiários, parecia inconformado com o que vira em campo e disse que o campeonato ainda reserva surpresas?
Veja os dois links que preparamos, da derrota do Corinthians para o Flamengo e do São Paulo para o Fluminense.
http://www.youtube.com/watch_popup?v=JxF-tr-bTug&vq=medium
http://www.youtube.com/watch?v=rx8Qr07Fx2M
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André