Esportes

Ainda é cedo, mas São Bernardo dá
sinais de que pode ser a sensação

DANIEL LIMA - 17/01/2011

Ainda é cedo para projeções sustentáveis, mas a abertura da Série A do Campeonato Paulista dá indicações de que o São Bernardo pode ser uma das surpresas metendo-se entre os oito primeiros colocados, com direito a disputar a fase de mata-matas. Já o reforçado São Caetano precisa entrar em campo, porque o time que perdeu em Itápolis foi o mesmo do ano passado, com desfalques. E o parcialmente renovado Santo André foi além da conta no empate em Bauru.


Ganhar do Grêmio Prudente com autoridade por 3 a 1 num Estádio Primeiro de Maio com 10 mil torcedores é tudo de bom que poderia esperar pelo São Bernardo na noite de sábado. Mas há perspectiva de resultados ainda melhores quando se observa que a tabela da competição é favorável à equipe do presidente Luiz Fernando Teixeira. Teriam sido a ordem e os locais dos jogos obras do acaso ou o São Bernardo está bem na fita de relacionamento com a Federação Paulista de Futebol?


Dos três jogos das equipes da região só não acompanhei o da vitória do São Bernardo, no mesmo horário de São Caetano e Oeste, em Itápolis. Optei pelo Azulão ao vivo e gravei o Tigre. Ainda não tive oportunidade de acompanhar os lances.


Pelos melhores momentos e pelos comentários, o São Bernardo fez do adversário gato e sapato.


Não é pouca coisa, lembrando que, mesmo com mudanças profundas, o Grêmio Prudente acaba de ser apeado da Série A do Campeonato Brasileiro. É uma equipe-empresa com experiência suficiente para não ser adversário qualquer.


Já o São Caetano ficou muito aquém do mínimo necessário. A derrota em Itápolis poderia ter sido menos comprometedora em números se o técnico Toninho Cecílio não ousasse tanto.


A substituição do zagueiro Marcelo Batatais por um jovem atacante, Túlio, converteu-se em hecatombe tática. O deslize ocorreu no segundo tempo, quando o jogo se equilibrara por conta principalmente de frenagem do Oeste. Dois ataques fulminantes, sempre explorando vácuo no interior da defesa, em bola cruzada e em contragolpe, liquidaram o jogo.


Toninho Cecílio é um treinador competente, trabalhador, mas não pode abusar da sorte. Aliás, como qualquer treinador. Num sistema defensivo profundamente modificado com a contusão de Arthur e a troca de Bruno Recife por Berg, além de alterações drásticas à frente da zaga, com volantes que não foram titulares na temporada passada, a retirada de Marcelo Batatais, veterano zagueiro bem entrosado com Anderson Marques, provocou um forrobodó tático.


Talvez seja mais recomendável ao jovem treinador que, principalmente em jogos fora de casa, um terceiro zagueiro se acrescente ao grupo defensivo. E que em casa, como nesta quarta-feira diante do Americana, recomponha sem sustos o interior da defesa com a dupla Batatais-Anderson. Entrosamento no futebol vale, em muitos casos, muito mais que possíveis trocas individuais aparentemente mais qualificadas.


O escorregão tático de Toninho Cecílio com a retirada de Batatais foi a fratura exposta de um São Caetano debilitado como conjunto. O azulão fez uma péssima partida. Sem os reforços contratados (exceto Berg) e excessivamente defensivo, lento e previsível, foi amplamente dominado por um adversário elétrico, mobilizador e agressivo. Perder do Oeste fora de casa não é desonra, porque a equipe do Interior se mantém na Série A do Paulista pela alta produtividade de pontos em Itápolis. O perfil da derrota é que deve ter balançado a estrutura emocional do São Caetano.


Como mostraremos amanhã, o São Caetano não tem tempo a perder para acumular pontos num campeonato cuja tabela de jogos não é igual para todos os times. Muito pelo contrário.


Isso quer dizer que a equipe não pode se dar ao luxo de deixar um meio de campo inteiro de reforços fora da disputa e muito menos experimentar soluções defensivas que podem ser danosas.


Já o Santo André deve festejar o ponto conquistado em Bauru porque esteve duas vezes inferiorizado no placar e precisava de um bom começo para debelar da memória o trauma do rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro.


E o resultado foi o mais justo. Houve equilíbrio de forças na maior parte do tempo, além de revezamento de controle das ações. Foram 90 minutos intensamente disputados. O Santo André teve velocidade, boa marcação, saídas pelas laterais e, como no ano passado, apenas alguns apagões táticos, como os avanços do lateral-direito adversário com liberdade, até sofrer o primeiro gol.


Ainda há muito chão pela frente na Série A do Campeonato Paulista. O risco que todos corremos é entusiasmo ou aborrecimento demais com vitórias e derrotas das equipes da região e, a partir daí, erigir sentenças definitivas que podem ser demolidas nas rodadas seguintes.


Certo mesmo é que a tabela do campeonato é sopa no mel para o São Bernardo, enquanto que para São Caetano e Santo André é osso duro de roer.


Vou explicar essa constatação nesta terça-feira com o máximo possível de objetividade e uso de cálculos matemáticos, embora não seja possível evitar alta carga de subjetividade.


Afinal, por mais que a bola não entre por acaso, há carregamentos de imponderabilidades que não podem ser simplesmente esquecidos.


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