A rodada deste final de semana prolongado pelo Carnaval é muito importante para o futebol do Grande ABC na Série A do Campeonato Paulista porque poderá proporcionar algumas configurações.
O São Bernardo do técnico Estevam Soares tem a oportunidade de confirmar avanço técnico e tático das três últimas rodadas ao jogar em casa diante do Mogi Mirim.
O São Caetano do técnico Ademir Fonseca poderá confirmar uma das características da equipe média mais vitoriosa do futebol brasileiro na primeira década deste novo século, ao fazer da dificuldade de enfrentar um grande como o São Paulo a omelete de uma personalidade esportiva sem qualquer parentesco cultural com o Complexo de Gata Borralheira do Grande ABC.
O Santo André que enfrenta o Palmeiras na Capital não tem saída: a bagunça tática e as limitações técnicas precisam dar lugar a um mínimo de organização coletiva, senão a desmoralização será total.
A choradeira do presidente Luiz Fernando Teixeira durante a semana por conta do empate do São Bernardo diante do Santos na Vila Belmiro provavelmente é esperteza programada para pressionar a arbitragem do jogo desta sexta-feira diante do Mogi Mirim.
Luiz Fernando deve saber o que está fazendo, inteligente que é, mas não tem razão. Um e outro lances eventualmente mal-avaliados pela arbitragem num confronto com o Santos não são nada demais quando se sabe que em confronto de grande versus pequeno, sempre sobra para quem não tem tanto prestígio e história.
Já o pênalti de Leandro Camilo em Neymar não pode ser catalogado como erro de arbitragem. Quem fez bobagem foi o zagueiro. A TV mostra claramente para quem vê futebol sem que a paixão tape os olhos. Pelo menos os olhos. O assistente de linha do árbitro estava a um metro do lance e indicou a infração.
O mais importante mesmo é que o São Bernardo é outro time antes mesmo de introduzir os reforços contratados que deverão dar mais qualificação. O técnico Estevam Soares deu cara, corpo e alma de Primeira Divisão a um time então peladeiro e monotemático, com ataques pelas laterais para cruzamentos na área.
Agora o 3-5-2 armado para proteger a defesa e surpreender no contra-ataque, com Dirceu de terceiro zagueiro e o falso ala Guto reforçando o meio de campo, dá ao São Bernardo consistência que se traduz em volume de jogo, em tempo de bola, em infiltrações, em inteligência.
Estevam Soares vem extraindo dos jogadores o máximo que podem dar. Isso é suficiente para fugir do rebaixamento. Estar entre os oito primeiros e disputar a fase de mata-matas é outra questão. O índice de aproveitamento exigido para o restante das rodadas é elevadíssimo mesmo para quem foi beneficiado pela ordem e locais dos jogos.
O São Caetano que vai enfrentar o São Paulo no Anacleto Campanella não pode cair na armadilha tricolor que explora o contragolpe, utilizando-se da velocidade de Fernandinho e de Lucas e das deslocações de Dagoberto. Se jogar mesmo no 4-3- 2-1, o São Caetano terá possibilidades de surpreender o São Paulo. A escalação de Erandir como volante fixo, não como terceiro zagueiro, logo atrás de Ricardo Conceição e Souza, poderá permitir a aproximação de Ailton e de Kleber do centroavante Vandinho. O problema do São Caetano é que até agora não conseguiu modular o tempo de jogo, ora imprimindo velocidade desnecessária, ora demorando-se demais com a bola nos pés.
O técnico Ademir Fonseca deverá tomar todos os cuidados para esquecer que o São Caetano jogará em casa, o que poderia induzí-lo a subestimar o adversário. Só existe uma maneira de a equipe compensar o péssimo início da competição e a terrível tabela que lhe foi reservada: ganhar os jogos perdíveis, como é o caso do confronto com o São Paulo, para, então, surpreender e arrancar rumo à classificação mais que improvável.
O Santo André do técnico Sandro Gaúcho, sucessor de um Pintado que mal conseguiu dar arranjo defensivo ao grupo, senão à custa da deserção do ataque, poderá voltar da Capital diante de um Palmeiras instável mas muito superior com a perspectiva de que o rebaixamento é o desenlace mais provável, ou então fortalecido por um resultado inesperado que dê confiança ao restante da competição.
Já coloco o Santo André entre os rebaixáveis não só pela bagunça tática que o torna provavelmente o time mais frágil da competição como também pela sequência de jogos. Dos nove confrontos que restam, terá de enfrentar Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Portuguesa, São Bernardo e Santo André.
Otimista, acredito em seis pontos do Grande ABC neste final de semana. Infelizmente, nenhum do Santo André. A arrumação do São Bernardo e a tradição de grandes atuações do São Caetano diante de equipes estreladas estão na raiz de duas vitórias esperadas. Acima disso, é lucro. Abaixo, é mais desespero para um trio que ainda joga para não cair.
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