Agora que faltam apenas cinco rodadas, todas da Fase Decisiva da Série A do Campeonato Paulista, já é possível expor com mais garantia estatística e técnica o que espera pelo trio do Grande ABC: o São Caetano está praticamente fora (com apenas 2,5% de risco) do rebaixamento, o São Bernardo reduziu bastante a ameaça de descenso (apenas 20%) e o Santo André enfiou de vez o pé na jaca e deverá confirmar, com 80% de risco, o trirrebaixamento sob o comando do empresário Ronan Maria Pinto. Uma façanha inigualável em 43 anos da agremiação profissional mais antiga da região.
Com base nos critérios que os leitores mais assíduos estão cansados de conhecer, a nova grade de ameaça de rebaixamento ficou assim, após o empate-vitória justo do São Caetano diante do Palmeiras por 1 a 1 no Anacleto Campanella, do empate-derrota de 2 a 2 do Santo André contra o Oeste de Itápolis e da vitória-vitória do São Bernardo diante do Linense por 2 a 0, além de outros resultados de equipes que estão na parte de baixo da tabela:
1. O Grêmio Prudente perdeu em casa para o São Paulo e viu aumentarem de 80% para 90% as probabilidades de queda à Série B. Com nove pontos ganhos e duas vitórias, o Grêmio Prudente tem apenas 27 pontos de risco nos cinco jogos que lhe faltam, na seguinte sequência: Noroeste em Bauru, Mirassol em Prudente, Santo André fora, Palmeiras fora e Americana em Prudente. Está com a corda no pescoço.
2. O Santo André empatou com o Oeste depois de estar ganhando por 2 a 0 e viu cotação no ranking de rebaixáveis subir de 70% para 80%. É elevadíssimo o grau de risco nos cinco jogos que restam, na seguinte sequência: Portuguesa no Canindé, clássico no Bruno Daniel contra o São Caetano, Grêmio Prudente no Bruno Daniel, clássico contra o São Bernardo no Primeiro de Maio e Corinthians no Bruno Daniel. Com 11 pontos ganhos e apenas uma vitória, precisa ganhar 10 dos 15 pontos que vai disputar caso a margem de segurança para fugir da degola se confirmar em 21 pontos.
3. O Ituano perdeu para o Mogi Mirim em Sorocaba. Com isso, subiu no ranking de possibilidades de rebaixamento de 50% para 65%. Com 12 pontos ganhos e três vitórias, soma 32 pontos de risco, resultado do grau de dificuldades que terá nos seguintes jogos: Santos na Vila Belmiro, Portuguesa em casa, Paulista em Jundiaí, Botafogo em casa e Bragantino fora.
4. O Linense perdeu em casa para o São Bernardo e viu aumentar a possibilidade de queda de 40% para 65%. Com 12 pontos ganhos e três vitórias, soma 32 pontos de risco, resultados dos seguintes confrontos nas últimas cinco rodadas: Palmeiras em São Paulo, Botafogo em Ribeirão Preto, Americana em Lins, Bragantino em Lins e São Caetano no Anacleto Campanella.
5. O Noroeste de Bauru ganhou da Ponte Preta, somou 13 pontos ganhos e duas vitórias, mas se mantêm com 50% de possibilidades de rebaixamento e agora soma 32 pontos de risco, resultados dos seguintes jogos que lhe restam: Grêmio Prudente em Bauru, Oeste em Itápolis, Portuguesa no Canindé, São Paulo em Bauru e Ituano no campo adversário.
6. O Botafogo de Ribeirão Preto venceu o Paulista de Jundiaí, atingiu 14 pontos ganhos e três vitórias e totaliza 24 pontos de risco, resultados dos cinco jogos que lhe restam: São Bernardo no Primeiro de Maio, Linense em Ribeirão Preto, Corinthians em Ribeirão Preto, Mogi Mirim fora e Mirassol em Ribeirão Preto. Tem 25% de possibilidade de queda, contra 35% da rodada passada.
7. O São Bernardo venceu em Lins, somou 15 pontos ganhos e quatro vitórias e conta com 36 pontos de risco nos jogos com o Botafogo no Primeiro de Maio, Americana em Americana, São Caetano no Anacleto Campanella, Santo André no Primeiro de Maio e Portuguesa no Canindé. Só precisa de seis pontos em 15 para fugir da queda. Tem 20% de possibilidade de queda, contra 45 ao final da rodada anterior.
8. O São Caetano empatou com o Palmeiras, soma 17 pontos e quatro vitórias e rebaixou o risco de rebaixamento de 5% para 3,5%. Nos cinco jogos que lhe restam soma 37 pontos de risco, contra Bragantino no Anacleto Campanella, Santo André no Bruno Daniel, São Bernardo no Anacleto Campanella, Corinthians no Pacaembu e Linense no Anacleto Campanella.
9. O Mogi Mirim venceu o Ituano, subiu para 18 pontos ganhos e cinco vitórias e conta com 32 pontos de risco nos jogos que terá contra o Santos na Vila Belmiro, Portuguesa em Mogi Mirim, Paulista em Jundiaí, Botafogo em Mogi e Bragantino em Bragança Paulista. Tem apenas 1,5% de possibilidade de queda.
Resumo da rodada
Agora, um resumo resumido dos jogos das equipes do Grande ABC no final de semana:
O Santo André foi um desastre completo diante do Oeste. Nem mesmo a vitória parcial de 2 a 0 deve ser creditada a algo diferente de senso de oportunidade completo, porque contou com aproveitamento máximo. O adversário esteve longe de ser brilhante, mas ocupou muito melhor os espaços, recompôs-se defensivamente com mais arte e quando descobriu que o caminho da fortuna era pelas laterais, para explorar uma defesa confusa na composição da linha de impedimento, encontrou os espaços de que precisava.
Tentar culpar o goleiro Neneca é bobagem. O Santo André deve sentir-se aliviado por não ter perdido o jogo no final, quando Marcelo Godri, sempre atabalhoado, desta vez salvou em cima da risca. Para um time que teve no desajeitado Célio Codó o melhor em campo, não é preciso estender-se. O Santo André é um saco de gatos. É preciso muito mais que o uso da camisa branca, com a qual ganhou o único jogo na temporada, para escapar do descenso. Mais precisamente do tri-rebaixamento sob o comando de Ronan Maria Pinto.
O São Bernardo oscilou entre um primeiro tempo desastroso, com buracos múltiplos, e um segundo tempo mais aprumado, de marcação mais próxima. Flutuou entre a sorte de marcar dois gols contra, ou seja, os próprios adversários desviaram o rumo da bola que jamais chegaria ao gol, e uma capacidade infinita de perder gols feitos, casos de três oportunidades em contragolpes no segundo tempo.
A ausência de William Favoni esburacou o meio de campo que teve imensas dificuldades, no primeiro tempo, para proteger os três zagueiros aparvalhados. Não houve destaque individual, exceto o técnico Estevam Soares, que faz o time jogar no ritmo de seus gritos à beira do campo. O São Bernardo tem garra e aplicação tática que encobrem limitações individuais.
Quanto ao São Caetano, tudo indica que, finalmente, na última rodada da Fase de Consolidação, o técnico Ademir Fonseca descobriu a pólvora: decidiu-se de vez por três zagueiros (Thiago Martinelli ao lado de Jean e de Anderson Marques) liberou mais os alas Arthur e Bruno Recife, povoou o meio de campo, enfiou um meia-armador mesmo fora de ritmo como Walter Minhoca e deu mais alternativas ofensivas para Ailton, Antonio Flávio e o centroavante Eduardo. Um time com cuidados defensivos mas com força de ataque. Poderia ter saído do primeiro tempo em vantagem, porque dominou o Palmeiras, mas no final o resultado foi justo porque Felipão consertou os vazios do meio de campo enquanto Ademir Fonseca demorou para substituir um cansado Walter Minhoca e foi apressado na saída de Antonio Flávio. O árbitro assinalou um pênalti inexistente — Kleber é especialista em provocar choques.
Resumo do resumo do resumo: o São Bernardo conseguiu o resultado mais importante, mas é do São Caetano é taça de arrumação da estrutura tática que, bem explorada nos próximos cinco jogos, poderá alimentar a expectativa de que entrará na Série B do Brasileiro com potencial de sucesso. Só não pode sonhar em entrar no G8 do Paulista, porque para isso precisaria ganhar pelo menos 11 pontos nos próximos 15. Uma façanha para quem desperdiçou pontos importantes nos primeiros jogos. Quanto ao Santo André, rezar é pouco. Talvez nem eventual benemerência regional, de um São Bernardo e de um São Caetano fora de qualquer ameaça de queda, serviria para evitar a Série B.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André