Esportes

Afinal, o que o novo técnico vai
fazer do São Caetano na Série B?

DANIEL LIMA - 08/07/2011

Qual será o arranjo tático do São Caetano a partir desta noite em Goiânia, quando entra na 10ª rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro da Série B contando com novo treinador? Será Oswaldo Vadão Alvarez agente transformador que dará ao São Caetano o que Márcio Goiano raramente conseguiu e também seu antecessor, Ademir Fonseca, ficou apenas na vontade? O que falta ao São Caetano, afinal? Competitividade permanente.


Vou tentar explicar o que vem a ser competitividade na linguagem futebolística, que não é diferente de tantas outras atividades: competitividade é a capacidade de uma equipe manter determinado rendimento por conta do máximo de aplicação da individualidade e do coletivismo dos jogadores tanto com a bola nos pés quanto com a bola nos pés dos adversários. Algo como o Santos de Muricy Ramalho, como o Corinthians de Tite.


O São Caetano adora aparecer na TV com a bola nos pés, mas desaparece quando o adversário detém o controle do objeto de desejo de quem sabe que futebol se traduz em bola na rede.


Espero que Oswaldo Vadão Alvarez, que vive merecidamente da fama do Carrossel Caipira, como ficou famoso aquele time histórico do Mogi Mirim de Rivaldo, Walber e Leto, e também de alguns acessos, esteja bem informado sobre as características técnicas e táticas dos jogadores com os quais passa a contar.


Se cair no conto da carochinha de que o São Caetano é um time defensivista, voltará de Goiânia com uma mão na frente e outra atrás de vergonha.


O São Caetano é exatamente o contrário do que alguns incautos sugerem: trata-se de uma equipe razoavelmente competente no ataque mas extremamente frágil no sistema defensivo.


Embora as estatísticas nem sempre revelem a verdade, no caso da participação do São Caetano na Série B é um retrato fiel dos nove jogos já disputados e da 14ª colocação na classificação geral, apenas um ponto acima da linha de corte de rebaixamento: os 13 gols marcados e os 16 sofridos a colocam entre os melhores ataques e as piores defesas.


Já expliquei em outro artigo as razões das debilidades defensivas do São Caetano, mas não custa reiterá-las: os zagueiros de área ficam expostos demais porque os laterais/alas apoiam desregradamente e muitas vezes ao mesmo tempo; falta um cabeça de área de verdade para proteger os zagueiros e os laterais, como o simples mas eficiente Adriano no Santos de Muricy Ramalho; os volantes (qualquer um deles) são pouco pegadores, porque sempre atuaram como segundos homens de marcação; os armadores (qualquer um deles) participam muito pouco da marcação e os atacantes (qualquer um deles) deixam os laterais e os volantes adversários sempre livres, leves e soltos.


Nos grandes times de futebol, não se observa nada semelhante ao exibido pelo São Caetano. Os grandes times cujos jogadores não se doam o tempo todo não são grandes times quando os confrontos são mais parelhos. Aí as deficiências organizacionais aparecem. E a Série B do Campeonato Brasileiro não permite devaneios: a diferença entre o primeiro e o último colocado está longe de assegurar conforto em confronto direto.


Traduzindo a equação tática do Azulão: trata-se de um time relapso na destrutividade inerente ao futebol. É impossível que, sem engajamento de marcação de todo o grupo, o São Caetano saia da situação em que se encontra.


Por isso, talvez a grande novidade que o novo treinador poderá revelar esta noite seja o comportamento da equipe. Mobilizar o grupo em torno de condimentos táticos elementares do futebol, dos quais o grande Barcelona é a síntese mais perfeita da história, já seria um grande passo rumo à recuperação.


Agora, se cair no conto do vigário de que o São Caetano é um time defensivo, dará com os burros nágua.


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