A efervescência mobilizadora das administrações públicas em busca da arca perdida do desenvolvimento econômico regional, em contraste com a estúpida letargia que as antecedeu, está levando o Grande ABC a overdose de programações no setor. O calendário municipal e regional tem sido tão caudaloso e intenso, excluindo-se a dormente Diadema e a recalcitrante São Caetano, que já se sente o quanto o desvario de orgulho e negligência históricos provocou de prejuízos. Hoje sobram eventos e faltam técnicos especializados e mesmo voluntários mais qualificados para dar contribuição aos estudos.
A soma de organismos envolvidos com a reestruturação sócio-econômica do Grande ABC é inusitada em termos nacionais e diferenciada também, porque tem diversidade de integrantes, entre os quais lideranças sindicais até há algum tempo ensandecidas à simples possibilidade de dialogar assuntos não-trabalhistas com o capital.
Além do Fórum da Cidadania, provocador de toda essa movimentação, participam várias Secretarias de cada Município em projetos encomendados pelo Consórcio Intermunicipal formado pelos sete prefeitos que, por sua vez, abastecem a Câmara Regional, a qual conta com a colaboração de Secretarias do Estado. Não bastasse tudo isso, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires fermentam estudos e ações também através de Conselhos de Desenvolvimento.
Considerando-se que até dezembro do ano passado a situação era de caos institucional, sobretudo com a ausência de qualquer organismo minimamente comprometido com o esvaziamento econômico da região, o que se vive hoje é digno de foguetório de final de campeonato.
Para alargar esse arco, estão aí as Associações Comerciais e Industriais embaladas em dois assuntos belicosos e que nem de longe podem ser listados como potenciais exemplos de consensualidade. A abertura do comércio aos domingos e a invasão, inclusive aos domingos, de produtos de outras praças, como a Feira de Malhas, finalmente parece subirem na bolsa de cotação de temas inadiáveis.
A postura liberacionista do comércio aos domingos e o fechamento das porteiras regionais a supostos mercenários comerciais soam como contradição. Mas como as duas situações estão cercadas de detalhes, e o diabo se esconde nos detalhes, convém analisá-las com redobrado cuidado.
Num rápido balanço, situações em que se registram em maio o excesso, a omissão e também o descarrilamento ético acabaram minimizadas.
O excesso se configurou na fratura exposta da liderança do prefeito Celso Daniel, de Santo André, que transformou um seminário internacional em estratégico pretexto para lançar a genérica Carta da Câmara do Grande ABC. A omissão foi patrocinada pelo prefeito de Diadema, perdido num redemoinho de intrigas provincianas e incapaz de gerar filhote institucional voltado para o desenvolvimento econômico, contrariamente aos demais Municípios. O descarrilamento ético partiu do prefeito Luiz Tortorello, a quem pouco importa a metropolização de fato do Grande ABC, a julgar pela afoiteza com que se tem lançado a rebaixar alíquotas do ISS sem qualquer preocupação com os mais de 800 quilômetros quadrados de área da região, porque lhe bastam os 15 de São Caetano.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional