Ainda sob efeitos desanimadores do fracasso do Fórum da Cidadania, a institucionalidade do Grande ABC segue em frangalhos.
Entenda-se por institucionalidade algo que poderia ser traduzido como capital social.
Entenda-se por capital social o entrecruzamento de interesses republicanos do Poder Público, da Sociedade e de forças do Mercado.
O Grande ABC enviuvou depois de lua-de-mel de araque de um Fórum da Cidadania que respira por aparelhos como caricatura do que chegou a despontar na região em meados dos anos 1990.
O buraco negro institucional do Grande ABC, pedaço da Grande São Paulo que não difere muito da frigidez coletiva do País, se faz sentir e observar em ambientes diversos.
Outro dia participei de mesa de debates convidado pelo amigo jornalista, irmão clubístico, Ademir Medici, e de certa forma saí com a alma lavada. Meus dois companheiros de mesa, professores universitários, um de São Caetano e outro da PUC, portaram-se como alienígenas, encouraçados culturais que se fixaram no passado já sucateado da realidade do Grande ABC.
Sob pretensa e consagrada blindagem de liberdade de expressão, a professora da PUC e o professor da Faenac, principalmente o professor da Faenac, desenharam um Grande ABC há muito tempo dissolvido por metamorfoses econômicas.
Chegou o professor a manipular a subjetividade para esconder a realidade da desindustrialização mais que provada e comprovada. Primeiro se referiu ao fenômeno como “equívoco” deste jornalista. Depois, acossado por números rapidamente transpostos, recuou e substituiu “desconcentração” por “desterritorialização”, verbete extravagante em sílabas que o fez tropeçar, como a mim faria, diante de tantas pessoas.
Aqueles dois professores deveriam receber ordem de prisão ética após o encerramento do evento em São Bernardo, tanto quanto um médico que se coloque em público com teses superadas.
A professora revelou-se fóssil monocórdio a estourar o tempo que lhe foi disponível com uma leitura de traçados históricos de tempos que não voltam mais, embora pretendesse torná-los atualizadíssimos.
O professor porque sob a pele de cordeiro de um discurso aparentemente ameno, elegante, embutia sanguinário dialeto marxista. Nada contra preferências ideológicas, mesmo aquelas que o tempo provou equivocadas. Só não podem esquartejar a realidade dos fatos.
Longe de mim pretender ao menos sugerir um escandaloso escorregão da organização do Congresso de História do Grande ABC ao requisitar os préstimos daquela dupla com quem dividi a mesa de debates. O mediador Ademir Medici, um dos profissionais de Imprensa que mais conhecem o Grande ABC em várias latitudes e longitudes, talvez até tenha se sentido incomodado com o confronto verbal. Provavelmente ele e a platéia esperariam menos estridência.
Que se pode fazer diante de circunstâncias que nos atingem a todos neste Grande ABC à deriva institucional quando se apresenta oportunidade de partir mesmo para uma guerra contra malversadores de informações? Não consigo conter o ímpeto de reagir a bobagens. Exerço uma atividade intrinsecamente de responsabilidade social tanto quanto aqueles professores. A diferença é que eles preferem esgrimir fantasias e o fazem com desembaraço porque reúnem expressões-chave de um dialeto acadêmico que enlaçam incautos em perigosas redes de desinformação.
Que caberia uma Lei de Responsabilidade Informativa para situações análogas, isso caberia.
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