Regionalidade

Teste ideológico

DANIEL LIMA - 19/06/2007

A quem os leitores atribuem as seguintes frases:


“O atual movimento estudantil está dessintonizado com a universidade. Fomos a geração da revolução cultural. Hoje existem muitas formas de participação política e profissional que afastam os jovens da política estudantil. (…) Por meio de parcerias, a universidade pública pode desenvolver pesquisas e promover capacitação profissional para a empresa privada. As empresas não buscam só o lucro. Existe uma resistência surda à aproximação entre a universidade pública e a empresa privada.”
Para facilitar a vida dos leitores, listamos algumas possibilidades. Faça um “xis” no espaço reservado para o suposto autor daquelas frases:


( ) Fernando Henrique Cardoso


( ) Luiz Inácio Lula da Silva


( ) José Genoino


( ) José Serra


( ) José Dirceu


( ) Fernando Gabeira


Quem apontou Fernando Henrique Cardoso errou redondamente. Embora tenha sido perseguido pela ditadura militar, FHC não atuou no movimento estudantil. Era marxista, professor universitário, combatente da democracia. Aprecia tanto o regime democrático que não vacilou um instante sequer em preparar esquema de compra de votos para, em seguida, reeleger-se presidente. É claro que providenciou o retardamento de inevitável desvalorização da moeda para o começo do ano seguinte da vitória eleitoral. Além disso, não costuma revirar o passado de escritos, quanto mais de ditos. Até pediu para que esquecessem o que escreveu antes de virar manda-chuva do País. Até que muitos esquecem o que tem dito, embora não faltem aqueles que até paguem para ouvi-lo. Ex-estatista, promoveu a maior onda de privatizações da história republicana.


Errou quem apontou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seu negócio sempre foi a militância sindical. A ditadura o enclausurou não porque teria agitado o ambiente universitário, geralmente de elite, mas porque botou fogo nos chãos de fábrica. Aliás, não faltam versões que o colocam como semente plantada por dissidentes da ditadura militar. Alguém ungido para produzir diversionismo num momento em que o regime militar dava os primeiros sinais de exaustão. Ex-metalúrgico, assumiu mea-culpa pelo corporativismo do passado, no qual só pensava nos próprios companheiros de fábrica.


Apostou errado quem fez um “xis” precedente ao nome de José Genoino. Ele militava em outras paragens quando do regime militar. Foi guerrilheiro marxista no Araguaia. Converteu-se, como se sabe, ao pragmatismo capitalista. Ou a uma variante do capitalismo. O capitalismo de resultados eleitorais, porque, como se sabe, não se ganha eleição sem dinheiro. Mesmo que a causa seja supostamente justa e inadiável.


José Serra reuniu fortes vínculos com os estudantes no passado, como presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e fundador da AP (Ação Popular), grupo de revolucionários que o levou a se exilar na Bolívia, Uruguai e Chile no pós-golpe militar. Governador do Estado, José Serra não quer meter diretamente a mão na botija dos universitários rebelados na USP. A origem do problema que avança para o segundo mês de paralisação foi a introdução da Secretaria de Ensino Superior no organograma do Estado. Mais precisamente a disposição do secretário José Aristodemo Pinotti de aproximar academia e mercado. Uma blasfêmia para quem caiu na besteira de acreditar que é possível viver sem dinheiro. Uma possibilidade apenas enquanto o dinheiro é dos outros.


Fernando Gabeira também não é a opção certeira. Tem uma folha corrida de oposicionista ao regime militar que registra até sequestro de embaixador. Também foi exilado, mas os maledicentes costumam relacionar sua imagem à sunga de crochê dos tempos de juventude rebelde. Movimento estudantil jamais foi sua vocação. Prefere o Partido Verde.


Acertou em cheio quem disse e repetiu José Dirceu. As declarações transpostas são do ex-homem forte do governo Lula da Silva. Treinou luta armada em Cuba, filiou-se à Aliança Libertadora Nacional, mas não lutou contra a ditadura militar. Foi sim liderança estudantil, como presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes). Acabou preso um dia antes de consagrar-se presidente da União Nacional de Estudantes. Acabou exilado em Cuba.


Agora vou explicar a razão dessa brincadeira-séria: alguém precisa avisar o comando da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) que a fobia contra a livre-iniciativa, razão pela qual reluta em regionalizar para valer a proposta pedagógica daquela instituição, é um gol contra.


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