Disse durante o cerimonial do Prêmio Desempenho Cultural, terça-feira à noite no Primeiro de Maio Futebol Clube, que a revista LivreMercado busca incessantemente a alternativa da cooperação, mas que não foge à imperiosidade do enfrentamento.
O recado tinha alvo específico, claro, cristalino: o prefeito Kiko Teixeira, de Rio Grande da Serra. Mais precisamente o presidente do Clube dos Prefeitos do Grande ABC, Kiko Teixeira.
Não pretendia expor publicamente a situação de Kiko Teixeira diante dos conselheiros editoriais de LivreMercado, mas foi inevitável porque boa parte deles me cobrou novidades.
Como se sabe, o Conselho Editorial por maciça maioria de votos se posicionou favoravelmente à abertura do Clube dos Prefeitos a representantes da sociedade regional, na formação de espécie de Conselho Consultivo. Kiko Teixeira interpretou a sugestão com a intransigência dos arbitrários, dos autocratas. Tanto que nem respondeu à Editora Livre Mercado.
O tom um pouco mais grave que utilizei foi inevitável. Kiko Teixeira deixou de comparecer ao evento, como em julho, quando da versão Empresarial da premiação. Provavelmente se sentiria desconfortável por não ter resposta aos conselheiros. Pura falta de habilidade. Já em julho poderia ter subido ao palco e manifestado razões que tanto poderiam justificar a adoção como também opor-se à abertura à comunidade.
O resumo da ópera é que Kiko Teixeira ficou em situação mais que delicada. A cronologia do mandato bianual vai-se esgotando e o sucessor, João Avamileno, de Santo André, já se comprometeu a abrir o Clube dos Prefeitos, naturalmente com a anuência dos demais chefes de Executivos. Se Kiko Teixeira decidir-se pela abertura parecerá a todos que não resistiu às pressões que ele próprio instalou. Caso se mantenha irredutível, imprimirá a marca da intolerância de compartilhamento residual do poder.
Lamentavelmente, chegou-se ao encalacramento da imagem do presidente do Clube dos Prefeitos. Agora não lhe restou alternativa alguma para demonstrar que é um dirigente público sintonizado com os novos tempos. O modelo adotado pelo Clube dos Prefeitos é vertiginosamente problemático a ponto de a soma das partes ser muito menor que a qualidade individual dos membros da instituição.
A reestruturação sugerida já há tempos por LivreMercado e endossada num estudo apresentado posteriormente pela Fundação Getúlio Vargas é questão vital para que o Grande ABC recupere o dinamismo institucional que durante algum tempo o Fórum da Cidadania encabeçou.
Infelizmente, Kiko Teixeira não aprendeu com o passado e se lança a uma aventura paranóica de acreditar em versão quixotesca de perseguição engendrada por conta de relações pessoais. Seria demais supor que o presidente do Clube dos Prefeitos julgava-se a salvo de qualquer restrição só porque teria a blindagem de um veículo de comunicação muito próximo de suas relações familiares. Da mesma forma, seria inconcebível acreditar na versão de que lhe seria movida discriminação exatamente por conta do parentesco com fundadores daquele veículo de comunicação.
Misturar institucionalidade e relacionamento conjugal é tabelinha digna de Chaves. O Grande ABC que perdeu em média mais de 1% por ano de PIB nos últimos 12 anos não tem tempo a desperdiçar com futricas.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional