Talvez seja pura perda de tempo, porque o presidente do Clube dos Prefeitos, Kiko Chaves Teixeira, prefere ouvir os ignorantes, os obtusos, os prevaricadores, mas, como sou insistente, sigo em frente na luta para demovê-lo do provincianismo com que dirigirá aquela instituição até o começo do próximo ano, numa etapa permeada de conflitos com outros espectros partidários ali representados.
Kiko Chaves Teixeira deveria receber um presente providencial dos amigos que tanto o bajulam e procuram protegê-lo de todos que pretendem colaborar com o comando do Clube dos Prefeitos.
Que presente, afinal, Kiko Chaves Teixeira está a merecer?
Um exemplar de uma leitura que este jornalista já consumiu muitas e muitas vezes e que, providencialmente, carrega à mão toda vez que se encaminha para algum encontro de trabalho, porque, vacinado, sabe que há sempre a possibilidade de uma espera de minutos que parecem eternos quando não resta alternativa senão olhar para as paredes, para o elevador, para os lustres, para o piso nem sempre limpo.
Estou falando de “A Terceira Via e seus críticos”, obra-prima do sociólogo Anthony Giddens, mentor intelectual do até outro dia primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Sei lá se Kiko Chaves Teixeira já ouviu falar de Giddens, de Blair, de Primeira Via, de Segunda Via, de Terceira Via. O que sei é que ele deveria saber. Só assim ele deixaria de ser estúpido a ponto de, numa afronta à sociedade regional representada no Conselho Editorial da revista LivreMercado, ignorar olimpicamente a sugestão de criar um Conselho Consultivo no Clube dos Prefeitos.
Mal-aconselhado, como se sabe, Kiko Chaves Teixeira preferiu o desdém à densificação dos quadros pensantes dessa que é a principal instância regional do Grande ABC. Disseram a Kiko Chaves Teixeira que a proposta poderia reduzir a importância do cargo de presidente quando, de fato, a elevaria e a legitimaria muito mais, por conta da representatividade social. Anteriormente à manifestação dos conselheiros editoriais, a Fundação Getúlio Vargas entregou aos então dirigentes do Clube dos Prefeitos calhamaço com propostas de reestruturação da entidade, incluindo entre as medidas a participação da sociedade civil que Kiko Chaves Teixeira, repito, despreza com a arrogância típica da juventude.
Como é um ignorante em termos de gerenciamento público contemporâneo, cujos limites só ultrapassaram o território de Rio Grande da Serra porque seus benfeitores no Clube dos Prefeitos imaginavam que ele conseguiria dar salto de qualificação, Kiko Chaves Teixeira agiu com a dupla destreza dos personagens que frequentam os lares dos brasileiros e latino-americanos em geral e cujas identidades lhe deram a composição criativa do próprio nome: o Kiko fictício do programa humorístico de televisão, e o real, do venezuelano Hugo Chávez, que tem um jeito todo especial de especificar de democrático o regime presidencialista.
A obra inteira de “A Terceira Via e seus críticos” seria providencial se consumida não só por Kiko Chaves Teixeira como por tantos outros homens públicos, lideranças empresariais, sociais e sindicais.
Pinço à página 69 trecho que provavelmente retira qualquer nesga de dúvida sobre as intenções que desfilamos há quase 20 anos à frente de LivreMercado, num processo de amadurecimento profissional próprio de uma vida que não aceita a burocrática contagem cronológica de um dia após o outro, com o que tanta gente parece se conformar.
Vamos, pois, à página 69:
“A sociedade civil é fundamental para restringir o poder dos mercados e do governo. Nem uma economia de mercado, nem um Estado democrático pode funcionar com eficácia sem a influência civilizadora da associação civil”.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional