Tenho diferenças em relação à atuação dos dirigentes empresariais do Grande ABC entre outros motivos porque são frágeis na defesa da integração regional. Eles costumam olhar para o próprio umbigo.
Em outras palavras: não se mobilizam para ajudar a dar o ritmo de jogo integracionista além-fronteiras corporativas.
A atuação individual e coletiva de entidades como Ciesps e associações comerciais não se aprofunda no que mais interessa para a competitividade regional, ou seja, a construção de sistemas de informação, de mobilização e de medidas que possam pautar os gerenciadores públicos. Já estiveram relativamente unidas no Fórum da Cidadania que, como se sabe, virou passado de frustrações.
Trocando em miúdos: as lideranças locais não conseguem formar um coro que possa ser respeitado regionalmente.
Acima de tudo, sempre lhes faltou pauta conjunta, sobre a qual pudessem extrair resultados em curto, médio e longo prazo.
Existe entre os dirigentes das entidades empresariais do Grande ABC preocupação exagerada com possíveis repercussões de atos críticos, como se criticar fosse apenas e simplesmente algo destrutivo, negativo. O quadro associativo seria espécie de obstáculo à soltura de amarras reivindicativas, porque se teme que as incursões possam ganhar conotação política e partidária. É uma espécie de auto-censura que, paradoxalmente, ajuda a manter o afastamento quase generalizado entre a direção e os associados que, de novo paradoxalmente, cobram posturas mais incisivas.
Se a agenda empresarial estiver deslocada de ranços políticos e ideológicos, não restará dúvida de que os resultados ocorrerão. Houve erros no passado de confundir as bolas por conta de interesses eleitorais, e com isso adveio refluxo castrativo.
Querem um exemplo, um exemplo apenas, do quanto falta no âmbito empresarial uma sincronia fina que estabeleça referenciais que possam de fato contribuir para a competitividade do Grande ABC?
Cadê a pauta empresarial para transformar o trecho sul do Rodoanel em algo que nem de longe possa representar perigo de nova onda de refluxo industrial, por conta da lógica de que a mesma estrada que se abre para oportunidades locacionais que potencializem o Grande ABC leva essas mesmas oportunidades locacionais além-fronteira regional?
Li neste final de semana no site do jornal ABCD Maior uma entrevista do presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Zoilo de Souza Assis, sobre a ineficiência do Clube dos Prefeitos, sobre a teimosia de Kiko Chaves Teixeira, ex-presidente da entidade, em manter a sociedade longe de contribuições e também sobre a expectativa de que agora, com João Avamileno à frente, os resultados apareçam porque também contarão com o suporte da comunidade regional.
Estou rezando para Zoilo inaugurar uma nova etapa de relacionamento construtivo porque vivemos o pior dos mundos há muito tempo, na forma de conciliação diplomática que não altera em uma vírgula sequer a trajetória regional.
Uma sociedade que prefere o silêncio de uma engrenagem obsoleta ao ruído das transformações é uma sociedade sem futuro. Nem sociedade é, de fato.
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26/11/2024 Clube dos Prefeitos perde para Câmara Regional